Lobas a caminho de Sevilha: a importância de disputar o 7’s World Series

Francisco IsaacJaneiro 27, 20226min0

Lobas a caminho de Sevilha: a importância de disputar o 7’s World Series

Francisco IsaacJaneiro 27, 20226min0
Pela primeira vez na história do rugby nacional, Portugal vai estar nos World Series femininos e explicamos o que se poderá passar em Sevilha

Portugal estará pela primeira vez no circuito internacional de 7’s feminino – as World Series -, marcando assim presença na etapa de Sevilha, isto após algumas federações não terem conseguido comparecer, algo já sentido na etapa de Málaga (caso da Nova Zelândia, que se viu impedida de viajar para fora do seu espaço territorial), o que abriu alguns lugares para novos convidados, entre eles as “lobas” de João Moura, fazendo-se representar por 13 jogadoras na cidade do sul de Espanha.

Naquilo que será uma oportunidade massiva para o rugby nacional, é importante referir, desde logo, que a hoste portuguesa terá uma difícil missão pela frente logo na fase-de-grupos, já que no sorteio calhou Inglaterra, Estados Unidos da América e Canadá, três selecções com melhor historial e recursos, para além de uma experiência bem mais vasta em termos de participações em torneios desta variante de sete. Mas quem realmente são estes adversários? E como se processa todo o torneio? Passemos a uma breve explicação dos primeiros confrontos, para depois analisar o caminho seguinte e quem são algumas das principais atletas deste jovem elenco português que se fará representar em Sevilha.

GRUPO ANGLÓFONO PARA COMEÇAR BEM…

De todos os principais cabeças-de-série, Portugal teve alguma “sorte” já que não terá de jogar, pelo menos nesta primeira fase, frente à Austrália, os actuais líderes do ranking das World Series, nem contra França e Rússia, segundos e terceiros classificados respectivamente. Porém, e apesar de não ter apanhado nenhum dos ocupantes do actual pódio do maior torneio internacional de 7’s do Mundo, as “lobas” de João Moura vão ter de enfrentar o vencedor da etapa de Málaga, os Estados Unidos da América, que é uma selecção cada vez mais trabalhada e feita para se destacar nesta competição, que tem em Naya Tapper (velocista com uma genica e destreza especial), Ilona Maher (mais “certa” que um relógio, consegue comandar a equipa nos momentos “X”) e Kris Thomas (boa placadora e que normalmente não deixa escapar o seu “alvo”) como algumas das suas principais atletas, sendo um grupo adulto e largamente bem preparado para este desafio das World Series.

Esperando-se um favoritismo claro dos EUA, o que esperar de Portugal para os encontros frente ao Canadá e Inglaterra? O Canadá disputa com a Inglaterra, Espanha e Brasil a manutenção, neste momento, nas World Series, estando só a 6 pontos do último lugar, o que força desde logo uma pressão extra nesta fase-de-grupos, pois uma derrota frente à Inglaterra atira-as para a disputa dos piores 6, o que vai elevar a importância do duelo ante Portugal.

Já a Inglaterra, apesar de estar no 9º lugar neste momento, temos de lembrar que participaram como Reino Unido nas primeiras etapas no Dubai, e, desde Málaga, estão a participar como só o país de Sua Majestade, tendo recebido só metade da pontuação conquistada anteriormente. Ou seja, esta Inglaterra é uma selecção de bom nível, com algumas atletas a roçar o profissionalismo, ficando o alerta em especial para as seguintes jogadoras: Abbie Brown, Isla Norman-Bell, Kelly Smith, Grace Crompton ou Tatyana Heard. Por isso, um grupo anglófono de proporções titânicas mas que não deverá causar ansiedade aos adeptos portugueses, pois o facto das atletas lusas terem aceite o desafio e estarem prontas para medir forças com estes adversários pode surtir alguma surpresa pelo caminho.

Em termos de cenários, Portugal deverá terminar em 3º ou 4º lugar, o que lhe levará para disputar os últimos 7 postos da classificação, sendo que será importante conseguir garantir um boa primeira fase de modo a não colher logo um adversário mais experiente… de qualquer modo, Portugal terá uma missão complicada pela frente, e os adversários mais ao seu nível – mas que teoricamente continuam num patamar acima – são Brasil, Bélgica, Espanha e Polónia.

E quem estará lá para participar neste momento histórico para o rugby português?

AS LOBAS QUE SE SEGUEM

João Moura convocou cerca de 13 atletas para esta ida até Sevilha, sendo elas Marta Inácio, Mariana Santos, Maria João Costa, Leonor Amaral, Daniela Correira, Yara Fonseca, Vanessa Nunes, Beatriz Oliveira, Mariana Marques, Isabel Osório, Vera Simões, Inês Marques e Inês Spínola, com o Sporting e a Agrária a dominar a convocatória para Sevilha. Para melhor perceber o impacto desta ida às World Series, Francisco Sande e Castro, comentador para os jogos do rugby feminino e autor do Fair Play, oferece a sua visão nos parágrafos seguintes.

É uma oportunidade excelente para o rugby feminino português, depois da vitória da seleção nacional de XV contra a Bélgica, as Lobas têm agora a possibilidade de competir entre algumas das melhores seleções de 7’s do mundo. O trabalho que tem vindo a ser realizado por João Moura e pela Federação Portuguesa no desenvolvimento do rugby feminino é notório e a equipa montada pelo selecionador nacional junta um conjunto de atletas mais rotinadas como Isabel Ozório ou Daniela Correia com a juventude de Mariana Santos ou Marta Inácio numa combinação equilibrada de experiência e irreverência necessária nesta variante de 7’s.

Portugal parte para Sevilha sem qualquer pressão a nível de resultados e deve aproveitar esta oportunidade para estrear algumas jogadoras num ambiente de alta competição, com isso trazendo experiência não só à seleção nacional feminina como a todo o rugby feminino português.

Isabel Osório é uma das atletas mais experientes no contexto nacional e que poderá influenciar positivamente a equipa não só pela sua habilidade na defesa, mas pela liderança e voz de comando que carrega para dentro de campo. Atenção especial ainda a Daniela Correia e Inês Marques, duas outras jogadores extremamente valiosas para esta estreia das “lobas” nas World Series, sem esquecer a polivalente Mariana Marques, que deu “cartas” na vitória frente à Bélgica para o Rugby Europe Trophy 2021.

O torneio vai ser transmitido em directo na World Rugby, podendo seguir via facebook ou mesmo no site da instituição que preside à modalidade, com os encontros a arrancarem sexta-feira, sendo que Portugal entra em campo ao 12h06 frente aos Estados Unidos da América, seguindo-se o Canadá às 16h37, fechando a fase-de-grupos no sábado às 11h35 ante a Inglaterra.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS