Jaguares apurados e Brumbies de fora! – Ronda 18 Super Rugby 2018
SHARKS TROPEÇAM, JAGUARES APROVEITAM
Bulls e Stormers despediram-se do seu público com duas vitórias ante Jaguares e Sharks, respectivamente. Para os “tubarões” de Durban significou uma dupla derrota, uma vez que perderam a possibilidade de ficarem em 2º lugar da conferência sul-africana e, por outro lado, de garantirem o apuramento para a fase-final do Super Rugby, oferecendo-a aos Jaguares pela primeira vez na sua história.
A somar a essa dupla negativa, há ainda o facto que estão não só dependentes de uma vitória no último jogo para conseguirem o apuramento, assim como necessitam de uma derrota dos Rebels. E quem é o adversário no último jogo? Jaguares. Vai ser um daqueles encontros lendários, com as duas equipas a entregarem-se ao ao jogo de ataque quase desenfreado.
Mas bem, o que se passou com a franquia argentina em Pretória? Consistência defensiva. Foi a equipa que teve mais direito a bola, assumindo a primazia de jogo desde o primeiro minuto como bem provam os dois ensaios antes dos primeiros 10 minutos de jogo. Contudo, sempre que os Bulls impunham a sua forma de jogar arranjaram espaço suficiente para recuar a formação argentina.
Handré Pollard esteve no ponto, abrindo caminho com alguns pontapés bem medidos que o três-de-trás dos Jaguares não conseguia corresponder da melhor forma (só Boffelli esteve a um nível elevado, fintando 11 adversários em três de quebras-de-linhas conquistadas), somando-se o excelente apoio e perseguição de Kotze e Kriel.
Os Jaguares ainda tiveram o ponto bónus defensivo na “mão”, quando aos 80+1 voltam a ir à área de ensaio pelo formação Gonzalo Bertranou (está a realizar uma temporada ao mais alto nível) mas Nicolas Sanchez não foi capaz de converter o pontapé final… 43-34, uma derrota que não foi amarga, pois o apuramento estava garantido!
Cabe agora aos Sharks dos Du Preez responder e lutar pela esperança até ao último minuto… todavia, se os Rebels conseguirem pontuar frente aos Highlanders é o final da época para a formação de Durban.
LAUMAPE “ACORDOU” E BARRETT DEU SHOW
Quatro ensaios marcou o centro num jogo espectacular frente aos Blues que venderam bem cara a derrota, sucumbindo nos últimos 15 minutos de jogo. Ngani Laumape esteve imparável no contacto, conquistando a linha de vantagem por 10 vezes, em que derrubou diversos adversários até à linha de ensaio. No total correu 120 metros e foi responsável por 20 pontos da vitória por 42-24.
Um jogo electrizante em que o ritmo alto de jogo imperou desde o 1º minuto, muito graças aos grandes momentos proporcionados pelos irmãos Ioane, Barrett, Savea. Para além de Laumape, os destaques também vão para Beauden Barrett, Julian Savea e o “português” Sam Henwood.
O médio-de-abertura voltou a fazer maldades à defesa contrária, com uma série de malabarismos e truques que abriram espaço suficiente para dar boas linhas de corrida aos seus colegas. Notória foi a forma como ganhou sempre vantagem a partir das formações-ordenadas desenhando bons movimentos, que o bloco defensivo da formação de Auckland sentiu dificuldades na sua leitura.
Julian Savea fez um daqueles jogos inesquecíveis, que não teve nada a ver com metros ganhos mas sim na forma como trabalhou e deu problemas com excelentes perseguições aos pontapés dos irmãos Barrett, grandes placagens e um mindest do qual o público de Wellington já tinha saudades. A formação-ordenada que originou o ensaio de Beauden Barrett, foi conquistada pelo ponta que diz adeus ao rugby neozelandês no final da época.
E por fim, Sam Henwood… 23 placagens, 3 turnovers e um try-saving tackle que impediu Nanai de fazer 5 pontos numa altura em que os Blues pareciam querer ficar por cima do acontecimento. Tem sido uma época fenomenal do ex-Técnico Rugby que parece estar a galgar metros no sentido de se afirmar no rugby neozelandês.
Os Hurricanes agora têm um jogo decisivo frente aos rivais dos Chiefs… uma vitória significa o 4º lugar na geral e o 2º melhor na conferência sul-africana, uma derrota idem contudo uma derrota com ponto bónus ofensivo da equipa de McKenzie troca o posicionamento final. Um jogo de quase tudo ou nada.
UM VERMELHO CUSTA 70 PONTOS
Os Sunwolves foram completamente “atropelados” pelos Waratahs num jogo que estava a ser muito interessante até ao momento em que se dá o cartão vermelho directo a Semisi Masirewa, segundos antes do intervalo (viranço que termina com a cabeça de Bernard Foley a aterrar primeiro no chão… cartão parcialmente justificado).
A partir desse momento, os Sunwolves deixaram de ter força para aguentar com a maior velocidade de jogo dos australianos que tiveram em Israel Folau o seu principal abusador na primeira parte, com 130 metros, dois ensaios, quatro quebras-de-linha de linha e uma mão-cheia de soluções para o ataque. Depois foi o “gigante” Naiyaravoro a destruir linhas de vantagem e ir em direcção à área de ensaio bem ao seu estilo.
Os japoneses aguentaram bastante bem os primeiros 38 minutos, altura em que perdiam só por 4 pontos de diferença. Depois veio a tal situação e o encontro mudou radicalmente de sentido. Os Waratahs aproveitaram para demonstrar o seu melhor, com uma série de pormenores que podem vir fazer a diferença na fase a eliminar.
São, sem dúvida alguma, a melhor equipa australiana esta temporada com uma evolução de jogo espectacular… passaram de um antepenúltimo lugar em 2017 para o 3ª melhor franquia em 2018.
Contudo, para os Sunwolves há que dizer que cresceram e que com Jamie Joseph o caminho para chegarem a outro patamar pode ter sido descoberto… precisam de tempo e paciência.
BRUMBIES A UM AVANT DOS PLAYOFF
O Clássico da jornada entre Chiefs e Brumbies, um jogo de extrema importância para ambas as formações, já que os neozelandeses de Hamilton necessitavam de pontos para apanhar os Hurricanes no 2º lugar, enquanto que os australianos precisavam desesperadamente de uma vitória para ainda sonhar com um possível apuramento para o playoff.
O jogo teve duas partes completamente distintas e ambas garantiram uma dose de emoção quente e animada que proporcionou um espectáculo ao nível do Super Rugby. Se nos primeiros 40 minutos os Chiefs dominaram por completo o terreno de jogo, com recurso aos skills de Damian McKenzie e à “agressividade” física de Solomon Alaimalo, algo que os Brumbies nunca conseguiram parar por completo.
O 17-00 na ida para os balneários era um resultado mais que justo, perante a inoperância de sair com a bola por parte dos australianos. Porém, na segunda metade do encontro os Brumbies entraram com outra “postura”… mais agressivos com a oval nas mãos, determinados no breakdown (Pocock continua a usar a sua “coroa” com total justiça… mais dois turnovers para o asa) algo que lhes permitiu aproximar-se do resultado.
Chegamos então aos últimos 10 minutos… Banks faz o 12-24 e abre-se uma pequena “porta” para a franquia de Canberra. Os Chiefs começaram a perder o controlo do ruck e da lógica de jogo, desfazendo-se da estabilidade em poucos minutos, com os Brumbies a aproveitarem esse factor para voltar à área de ensaio com um grande ensaio de Henry Speight. 19-24 e faltam 5 minutos… os Chiefs entram num ciclo vicioso de erros defensivos e de posse de bola e os Brumbies carregaram.
É então que aos 80′ dá-se o momento do jogo… os Brumbies estão a escassos metros da linha de ensaio e quando persistiam com boas saídas de ataque, deixam cair a bola para a frente. “Balde de água fria” e ponto final no jogo.
Os Chiefs continuam na perseguição aos ‘Canes e os Brumbies terminam a temporada da pior forma possível.
DESTAQUES
MVP da Ronda: Ngani Laumape (Hurricanes)
Jogo da Ronda: Hurricanes-Blues
Placador da Ronda: Sam Henwood (Hurricanes)
Agitador da Ronda:Taqele Naiyaravoro (Waratahs)
Vilão da Ronda:Semisi Masirewa (Sunwolves)