Internacionais de Outono 2024: o que esperar ante a Escócia?

Francisco IsaacNovembro 10, 20245min0

Internacionais de Outono 2024: o que esperar ante a Escócia?

Francisco IsaacNovembro 10, 20245min0
Portugal segue caminho para a Escócia, sendo este o encontro de encerramento dos Internacionais de Outono 2024

Não começou da melhor forma os Internacionais de Outono 2024 para Portugal com a tal derrota frente aos Estados Unidos da América, num encontro realizado no Estádio da Cidade de Coimbra. O desaire (algo inesperado) dos Lobos colocou alguns adeptos preocupados, não só por ter sido contra um adversário mais que acessível mas como nesta semana vai se seguir um obstáculo de dois patamares acima: a Escócia. Tentemos perceber que mudanças a convocatória vai sofrer e se podem influenciar positivamente os Lobos para um jogo positivo.

MARQUES, SILVA E MARTINS ENTRAM

Como estabelecido com os clubes franceses, Lucas da Silva (CA Brive – talonador), Samuel Marques (AS Béziers-Hérault – formação) e Lucas Martins (SU Agen – ponta) vão se apresentar às ordens de Simon Mannix e Olivier Azam nesta segunda e última semana de concentração dos Lobos, oferecendo uma dose importante de confiança, fisicalidade, experiência e dinamismo para o jogo frente à Escócia. Samuel Marques é talvez a maior novidade das três, já que tinha ficado no ar que potencialmente se tinha retirado da selecção nacional após o Mundial de Rugby, retornando assim às convocatórias dos Lobos. O experiente formação português tem estado a um grande nível na Pro D2 tendo já atingido a centena de pontos nesta temporada, para além de continuar a conseguir fazer a girar o “moinho” do ataque e defesa da sua equipa. A grande questão é se vai conseguir criar uma ligação com Hugo Aubry, já que ambos nunca jogaram juntos no passado, apesar de conviverem no mesmo clube. Lembrar que Aubry nunca somou qualquer minuto pelo Béziers, o que significa que vai ser praticamente novidade esta combinação entre os dois criativos.

Lucas Martins poderá encaixar na perfeição com Raffaele Storti e Simão Bento no três-de-trás sendo um trio altamente explosivo, enérgico e letal, com os três a terem dado já cartas tanto internacionalmente como na Pro D2, o que ajudará certamente a Portugal a ter mais confiança a partir do jogo de trás. A única questão é a falta de coesão entre os três, mas este é um pormenor muito pequeno neste caso em particular.

E, finalmente, Lucas da Silva. Se o talonador não tiver sofrido qualquer lesão (saiu do jogo com Brive com algumas queixas físicas), estará em Lisboa a treinar com a selecção nacional, podendo fazer a sua estreia no Sábado. O maior problema é falta de autonomismos, desconhecendo quase por completo quem são os seus colegas de equipa, como operam, como encaixam na formação-ordenada, etc. O talonador do Brive tem realizado uma temporada espectacular pelo Brive, sendo neste momento o jogador com mais ensaios marcados da Pro D2 (7) e quem tem mais turnovers completos (8), o que deverá abrir o apetite aos adeptos portugueses. O seu impacto deverá ser sentido no alinhamento, departamento do jogo em que os Lobos falharam mais de 50% das introduções ante os Estados Unidos da América, um claro problema para ter alguma plataforma de jogo inteligível e competente.

Nisto tudo, vão se registar duas saídas a pedido dos clubes de ambos: Cody Thomas e Steevy Cerqueira. Thomas é visto neste momento como um titular essencial para a equipa do Grenoble, e perante as lesões na primeira-linha teve de regressar ao emblema alpino até para não gerar conflitos entre a Federação Portuguesa de Rugby e o clube do Luso-Sul-Africano. Já Cerqueira volta ao Orléans pelas mesmas razões. O que poderá isto implicar para Portugal? Bem, na primeira-linha Diogo H. Ferreira vai ascender à titularidade, e é um jogador do mesmo nível que Cody Thomas. O problema fica no banco de suplentes e quem tiver de substitui-lo. Caso seja Abel da Cunha, será importante perceber se os problemas sentidos nos jogos frente aos Springboks, Iberians e Black Lion se vão se repetir, ou se finalmente está na forma necessária para desafios maiores. Em relação à 2ª linha, possivelmente vamos ter os irmãos Andrade juntos, com ambos a terem a altura necessária para serem importantes neste parâmetro. Neste momento a única grande dúvida é se Martim Bello regressa a tempo deste jogo e oferece outras soluções saindo do banco de suplentes, ou se outro jogador ficará com o lugar.

E o que tudo isto pode significar para o jogo frente à Escócia? Pouco. Tudo vai depender da entrega, capacidade anímica e planeamento de jogo dos Lobos, que não podem repetir a indisciplina vista no jogo frente aos EUA, ou consentirem demasiado espaço na linha-de-defesa, duas questões negativas que têm ganho uma dimensão problemática desde que Patrice Lagisquet saiu do comando da selecção nacional. É importante perceber que Portugal precisa de encontrar uma competição dinâmica para atletas como Tomás Appleton, José Lima, Martim Bello, David Costa, João Granate que sentem graves dificuldades para aguentar o nível nos últimos 20 minutos.

A Escócia vem ferida do encontro com os Springboks e está a vender o jogo como um blockbuster, o que demonstra o enorme interesse e respeito desta selecção por Portugal.


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