O Império dos Crusaders continua – Final Super Rugby 2018

Francisco IsaacAgosto 4, 20184min0

O Império dos Crusaders continua – Final Super Rugby 2018

Francisco IsaacAgosto 4, 20184min0
Os Lions sucumbiram pela 3ª vez consecutiva na final perante o Império dos Crusaders que é inultrapassável. O que achaste da final do Super Rugby?

UMA SUPER EQUIPA QUE COMEÇA EM WHITELOCK E ACABA EM BRIDGE

Foi o fim perfeito de época para os comandados de Scott Robertson, com uma vitória em casa, sem espinhas num show de como atacar, controlar o jogo sem ter a bola nas mãos e de encontrar soluções para chegar à área de ensaio. Verdadeiramente os Lions nunca estiveram confortáveis no jogo e as más línguas vão atacar o jogador do costume, Elton Jantjies. Mas vamos por partes e tentar perceber os méritos e deméritos de ambos os lados.

Os Crusaders entraram com a sua ideia de jogo bem definida, sem espaço para mudanças ou alterações perante o adversário (Chris Boyd tomar nota de como o jovem Robertson pode ensinar alguma coisa…), mesmo que este fosse dominador nos avançados e bem difícil de parar nas pontas. A formação de Christchurch sabia perfeitamente o que os Lions iam tentar fazer: explorar o espaço interior, apostar em rucks rápidos, tirar partido da maior versatilidade de Marx, Kwagga Smith e Warren Whiteley e arrancar penalidades por faltas no chão.

Todavia, para isto acontecer era preciso que os Crusaders tivessem pressa no jogo, entrando numa suposta toada demasiado rápido ou frenética que os levasse a cometer erros com a oval nas mãos, entregando a posse por completo a quem estava do outro lado. Não aconteceu e até foram os Lions a cair no erro de alimentar o jogo dos neozelandeses, sendo apanhados nos turnovers de Matt Todd (é altura de dar uma real oportunidade ao asa nos All Blacks) ou nas placagens exímias de Scott Barrett ou Codie Taylor.

Os Lions tiveram mais posse de bola nos primeiros quarenta minutos, mas isso representou uns fracos 6 pontos no placard, enquanto que os Crusaders aproveitaram bem as 65 corridas com bola (os Lions foram às 100 só nos primeiros 40′) para chegar à área de ensaio por duas ocasiões, somando ainda os pontapés certeiros de Richie Mo’unga. O desnível existia e era sobretudo pela forma como os campeões em título queriam estabelecer o domínio: pacientemente, deixar o adversário sentir que podia jogar e do nada operar um contra-ataque imparável.

Sempre que os neozelandeses apanhavam um buraco, o seu aproveitamento era extraordinário, com constantes mudanças de velocidade, offloads (veja-se o ensaio de Mitchell Drummond, em que Matt Todd entra e mete um offload daqueles de fazer inveja) e uma constante vontade de arrancar pontos.

Foi fácil para Mo’unga (cresceu muito esta época, apresentando-se um jogador muito versátil e que pode meter Damian McKenzie fora dos convocados dos All Blacks) explorar o jogo à mão, abrindo a bola nos momentos certos em que surgia Bridge, Tamanivalu ou Goodhue lançados para fazer dano.

Os Lions na segunda parte mal conseguiram respirar, ficando excessivamente na expectativa daquilo que os neozelandeses iriam e podiam fazer… os ensaios sofridos de Drummond e Barrett acabaram por ser mortais e mesmo o ensaio de Brink aos 68′ e o amarelo dado a Crotty não foram suficientes para dar outro domínio aos vice-campeões do Super Rugby.

Foram constantemente outplayed por uma equipa que é sem dúvida alguma perfeita na sua extensão, em que a primeira-linha sabe onde estar no ruck, a 2ª linha (Barrett e Whitelock estiveram soberbos durante toda a época) foi agressiva como se pede, a 3ª linha mandou no terreno de jogo (de longe a equipa com mais soluções neste sector, com Curtis, Taufua, Todd, Read, Samu, Blackadder, Sanders e Harmon), o par de médios foi sempre genial (é altura de retirar TJ Perenara dos All Blacks e dar uma franca oportunidade a Brynn Hall, para além de que Mo’unga foi genial a época toda), centros idem (Crotty e Goodhue sensacionais) e o três de trás duro, eficiente e letal (Bridge empatou com Naiyaravoro no topo dos jogadores com mais metros com 1470, marcou 15 ensaios e foi o 3º com mais quebras-de-linha).

Uma equipa perfeita que mereceu por completo conquistar o título de campeões do Super Rugby por uma 9ª vez. O 37-18 foi só o 6º resultado consecutivo a acabar com mais de trinta pontos para cima por parte dos Crusaders.. isto não é prova de domínio?

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS