Diário do Treinador: O que são grupos Homogéneos e Heterogéneos?

Fair PlayOutubro 9, 20183min0

Diário do Treinador: O que são grupos Homogéneos e Heterogéneos?

Fair PlayOutubro 9, 20183min0
O treinador Pedro Vital do Jaguares Rugby de Portugal explica do que se tratam os grupos Homogéneos e Heterogéneos e como os diferencia. Conheces esta situação?

O artigo deste mês serve para nos por a pensar sobre as vantagens/desvantagens de criarmos grupos de nível nos nossos treinos. Enquanto treinadores, já temos tanto que refletir, será que faz sentido preocuparmos com mais este tema durante o nosso planeamento?

Quando estou a elaborar o meu planeamento, tenho sempre muitas variantes em conta. Uma delas é o nível de jogadores que tenho à minha disposição. Não basta pensar nos exercícios “perfeitos” se não estão adequados aos nossos atletas. O nosso plantel é composto sempre por atletas com diferentes níveis de aprendizagem e desenvolvimento (condição física, nível dos skills, conhecimento de jogo e capacidade de tomarem decisões, etc.), cabe a nós organizar da melhor forma as dinâmicas dentro do treino.

Temos duas formas de organização dentro da equipa: os Grupos Heterogéneos são aqueles em que englobamos todos os jogadores  independentemente dos seus níveis de aprendizagem;  já quando decidimos juntar os jogadores em grupos de nível semelhantes (as suas capacidades dentro dos grupos são idênticas) dá-se o nome de Grupos Homogéneos.

O procedimento realizado na escolha, depende muito da realidade da nossa equipa, do nosso Clube. O número de atletas e treinadores que temos disponíveis por escalão, pode ser um factor condicionar logo à partida. Se de início tivermos uma equipa com poucos jogadores ou por outro lado uma equipa com muitos jogadores mas com poucos treinadores, é difícil por em prática qualquer planeamento com grupos homogéneos.

De modo a haver uma maior ligação dos jogadores dentro da equipa, começo sempre a época com grupos Heterogéneos. Permite-me criar uma maior partilha de conhecimentos (os jogadores mais novos assimilam mais depressa alguns skills só por verem os mais experientes a executar os exercícios), assim como passar de uma forma mais contínua os objectivos para a época (objectivos assentes na evolução do jogador). À medida que vamos avançando na época, há sempre jogadores que por algum motivo começam a necessitar de um trabalho mais específico. É nesse momento que crio grupos de trabalho específico para os diferentes níveis de jogadores, utilizando progressões adequadas às suas necessidades.

Ao gerir os grupos de nível dos jogadores durante a época, tenho como grande objectivo manter a motivação e a evolução sustentada dos jogadores, de forma a aproximá-los o mais possível nas suas competências.

Este tema já tem muitos estudos realizados hoje em dia, tanto direccionado para o desporto como para empresas.

Independentemente da visão que os treinadores e clubes têm relativamente a este tema, tem de haver a consciencialização que as decisões sobre os grupos de nível podem ser muito benéficos mas também prejudiciais à evolução de alguns jogadores.

De uma maneira generalizada, se tivermos num escalão/equipa que procura o rendimento desportivo, a tendência é sempre escolher um grupo o mais homogéneo possível, mas a meu ver, na formação não se deve deixar de pensar nos benefícios que os grupos heterogéneos nos podem trazer.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS