O dia em que os finalistas de 2017 tropeçaram – Ronda 4 Super Rugby 2018

Francisco IsaacMarço 11, 20187min0

O dia em que os finalistas de 2017 tropeçaram – Ronda 4 Super Rugby 2018

Francisco IsaacMarço 11, 20187min0
Crusaders e Lions, finalistas do Super Rugby em 2017, caíram e deixaram espaço para muitas dúvidas... quem vai aproveitar melhor estas falhas do campeão e vice-campeão?

FINALISTAS DE 2017 “TROPEÇAM”

Não nos podemos queixar deste início do Super Rugby, já que o campeão em título, Crusaders, e o vice-campeão, Lions, somaram as suas primeiras derrotas na competição.

Se a equipa de Canterbury perdeu – e bem – frente a um candidato directo ao título, os Hurricanes, já a equipa sul-africana de Swys de Bruin caiu na “esparrela” de perder em casa frente à “pior” equipa neozelandesa, os Blues.

Em pleno Ellis Park, os Lions estiveram sempre por cima do resultado até aos 80′, altura em que uma excelente jogada por parte da equipa de Tana Umaga deu o ensaio da vitória. Sonny Bill Williams, o Rei dos Offloads, aproveitou um buraco “aberto” por Jacobie Adriaanse e Malcolm Marx, e desatou a fugir.

Depois um excelente offload para Collins e os Blues montaram 4 ou 5 fases até chegarem ao ensaio da desfeita.

Para os Lions foi um sério aviso de que precisam ser mais consistentes e “cínicos” de forma a “agrilhoar” equipas mágicas e criativas como os Blues, que aproveitaram os vinte minutos finais para marcar 4 ensaios. É muito raro vermos os Lions a sofrer 35 pontos, quanto mais acontecerem quase todos nos últimos 18 minutos de jogo.

E os Crusaders? A derrota consentida na visita ao terreno de jogo dos Hurricanes pode parecer inesperada, já que até este momento tinham conseguido garantir duas boas vitórias frente aos Chiefs e Stormers. Mas o que se passou?

Desde as lesões de Ryan Crotty e Samuel Whitelock logo no início do jogo, a falhas sérias de placagem (uma eficácia de apenas 79%, grave para uma equipa neozelandesa) e erros nas fases estáticas que não são nada normais (três alinhamentos perdidos e duas formações ordenadas que resultaram em penalidades) deram “cabo” de toda a estratégia de Scott Robertson, que agora precisa de repor os índices de confiança da sua equipa

Os Hurricanes liderados pelo eixo Barrett&Barrett garantiram uma vitória que limpa aquela derrota inicial contra os Bulls de Pretória e os repõem na luta pela melhor equipa neozelandesa do Super Rugby.

A ASCENSÃO DE ROBERT DU PREEZ!

Que início de época para Robert du Preez, o ex-Stormer que agora joga nos “Tubarões” de Durban, com o abertura a pautar um jogo equilibrado, consistente e com boas pinceladas de criação de jogadas.

O abertura já conta com 36 pontos em três jogos, assumindo um papel importante não só na hora de converter pontos ao pontapé, mas também de meter pressão com o jogo ao pé em jogo corrido.

Logo no jogo de estreia frente aos Lions, du Preez conseguiu enervar os vice-campeões com uma série de pontapés bem atirados para trás das costas do três-de-trás, o que implicou um esforço “monumental” para a formação liderada por Swys de Bruin.

Ante os Sunwolves, foi Robert du Preez o catalisador de ataque do sul-africanos, com duas assistências para ensaio e treze pontos ao pé. Dos 50-22 no final dos 80 minutos, du Preez teve participação directa em 23 pontos, o que demonstra a sua importância na formação dos Sharks.

Numa altura em que Handré Pollard está a tentar voltar aos bons velhos tempos, Pat Lambie joga em França (não tem corrido nada bem para o ex-Sharks) e Elton Jantjies vive entre os bons e maus jogos, talvez é a hora de Robert du Preez assumir-se como uma boa escolha para Rassie Erasmus, o novo seleccionador dos Springboks.

WESSELS, O MESTRE DO CONTRA-ATAQUE!

É a 3ª semana que falamos dos Malbourne Rebels, mas é impossível não o fazer quando são a equipa nº1 (para já) no topo da classificação do Super Rugby, com 15 pontos (3 vitórias com 3 pontos bónus de ataque). Porém, o tema que trazemos sobre esta formação, treinada por Dave Wessels, vai para o facto de fazer uso eficaz do contra-ataque, algo que pode ser importante para a época em curso.

Numa altura em que o rugby australiano continua a apresentar sérias dificuldades (o último destaque desta semana explica isso mesmo), parece que serão os Rebels a elevar a qualidade aussie neste Super Rugby. No jogo frente aos Brumbies, a equipa de Melbourne chegou à área de ensaio por cinco vezes, sendo que três vieram directamente de recuperações de bola.

Com uma agressividade superior, em comparação com os Brumbies, permitiu a que os Rebels conquistassem a bola na placagem (o 4º ensaio por Maddocks, começa numa placagem de Naivalu), nos rucks ou na intercepção a pontapés. Este trabalho de uma defesa “inteligente” e que procura criar dissabores aos seus adversários mostra-se eficaz.

Se vai resultar sempre? Depende… a próxima jornada vai colocar os Rebels frente aos Waratahs, uma vitória da equipa de Wessels e isolam-se, no imediato, na conferência australiana.

HIGHLANDERS NO TOPO

Quem é que pensava que a equipa de Dunedin ia estar tão bem nesta entrada para o Super Rugby 2018? Com um rugby prático, funcional e enérgico, estes Highlanders vão ser um “osso duro de roer” até ao final da temporada. Sem ter um XV carregado de estrelas – para além de Ben Smith, Aaron Smith, Lima Sopoaga e Waisake Naholo, não há muito mais – é dos que melhor trabalha em campo.

Voltaram a assumir-se como uma das equipas que mais gosta de ter a oval nas mãos, fazendo um bom uso dela nos momentos cruciais de jogo, muito graças ao trabalho essencial de Aaron Smith na comunicação com os avançados e na movimentação de unidades, de forma a garantir um avanço efectivo no terreno de jogo.

Com Naholo em grande forma (continua a castigar os seus placadores, com boas entradas), Liam Squire e Luke Whitelock a liderar bem a avançada, parece-nos que este pode ser o ano dos Highlanders.

Frente aos Stormers aguentaram bem a formação-ordenada sul-africana (que até esta jornada estava a ser uma das melhores), a vitória por 33-15 podia ter sido mais larga não fossem alguns erros nos últimos metros do terreno de jogo (5 penalidades por bola presa no chão).

WARATAHS DEVORADOS POR FAMINTOS JAGUARES

Em 19 minutos, os Jaguares marcaram 26 pontos e colocaram, desta forma, várias perguntas à formação dos Waratahs. Será que são mesmo a melhor equipa da Austrália? A verdade é que foram “desfeitos” por uns inspirados argentinos que desde o 1º minuto de jogo decidiram que a vitória não lhes escapava.

Com um dos ensaios mais rápidos de sempre do Super Rugby, já que Boffelli chegou à área de ensaio logo aos 20 segundos de jogo, algo impressionante. Desta vez, os Jaguares juntaram garra/paixão à eficácia e organização, não falhando nas fases estáticas (perto dos 100% nas conquistas de alinhamentos e formações-ordenadas, para além de ter forçado três faltas nas formações-ordenadas dos Tahs’) e, mais importante de tudo, não cometeram muitas penalidades, registando-se apenas oito faltas no final do jogo.

Um jogo bem pautado, objectivo e sem “escaramuças”, permitiu que esta formação da Argentina sacudisse as três derrotas das primeiras jornadas e assim voltar a respirar um pouco melhor.

Com Agustín Creevy mais sereno e com uns três-quartos mais velozes e excêntricos, a equipa de Hooper, Folau e companhia, acabaram engolidos em Buenos Aires e nem a boa reacção final deverá servir de consolo para esta formação de Sydney que deu um tropeção de dimensões titânicas… será que vão a tempo de apanhar os Rebels no topo da classificação?

DESTAQUES

MVP da Ronda: Akira Ioane (Blues)
Jogo da Ronda: Lions-Blues
Placador da Ronda: André Esterhuizen (Sharks)
Agitador da Ronda: Jordie Barrett (Hurricanes)
Vilão da Ronda: Waratahs


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