Crusaders com 50 minutos à Campeão – Ronda 13 Super Rugby 2018

Francisco IsaacMaio 14, 20188min0
De um 29-00 par um 31-29 é um feito só ao alcance dos grandes! Os Crusaders com 50 minutos à campeão deram à 13ª ronda um tónico diferente!

QUANDO SE ATIÇA O CAMPEÃO, HÁ SEMPRE UMA CRUSADEREAÇÃO!

O título diz 40 minutos, mas na verdade foram 35, pois a reacção dos campeões em título do Super Rugby começou já perto do final da primeira parte com Richie Mo’Unga (mais uma exibição de qualidade do suposto novo suplente de Beauden Barrett) a liderar uma reviravolta estonteante para fazer face aos 29-00 conquistados pelos Waratahs na primeira parte.

Para os que podem achar estranho, sim leram bem: os australianos de Nova Gales do Sul estavam na frente do resultado com 4 ensaios e mais uns pontos de Bernard Foley. Uma prestação de gala como há muito tempo não se via numa formação australiana, onde Folau ia semeando problemas por onde passava, Naiyaravoro ia “arrombando” defesas e Hooper roubava bolas como ninguém.

Um dia perfeito… que acabou mal os cruzados tiveram uma oportunidade para se reagrupar. Os Crusaders mudaram o chip, aproveitaram a ligeira queda física dos australianos e meteram outra intensidade no campo. A avançada liderada por Samuel Whitelock e pelo retornado Joe Moody (autor de um ensaio), forçou erros por parte dos ‘tahs, que sucumbiram numa sucessão de penalidades comprometedoras.

Do 29-00, o jogo rapidamente passou para 19-29, com um ascendente da franquia neozelandesa sobre uns Waratahs cada vez mais nervosos e instáveis (o contrário do que se vira até aos 35 minutos). Na segunda parte, foi mais do mesmo: a avançada dos Crusaders continuou a moer, Mo’Unga explodiu e organizou e os ensaios necessários para a reviravolta chegaram rapidamente.

O 31-29 manteve os Crusaders no topo do Super Rugby, enquanto que os Waratahs mantêm o 1º lugar na sua conferência. Podem não ser perfeitos, mas a formação treinada por Scott Robertson continua imparável e dominante nesta competição.

E AGORA, OS SUNWOLVES JÁ PODEM FICAR?

Ao fim da 13ª ronda temos que apontar um facto: todas as equipas já ganharam pelo menos por uma vez. Os Sunwolves foram a última equipa a quebrar o enguiço, com um “atropelar” estrondoso frente aos Reds, por 63-28! A equipa liderada por Jamie Joseph provou mais uma vez que não são um grupo de jogadores “miseráveis” ou que não merecem estar no Super Rugby.

Mas como então foi a primeira (grande) vitória dos nipónicos em 2018? Um ataque demolidor, em que se jogou um rugby bem movimentado e que abusava da falta de “penas” da formação de Queensland.

Brad Thorn, treinador desta franquia australiana, tem primado por um tipo de jogo mais “pesado”, assente no trabalho de avançados não arriscando muito nas saídas das linhas atrasadas ou do domínio destas perante uma estratégia mais “dura”.

Os Sunwolves que já andavam a prometer alguma surpresa desde a viagem que realizaram à Nova Zelândia, entraram bem desde o início mas faltou-lhes a frieza necessária para chegar à área de validação… aproveitaram os Reds para marcar o que pareciam ser na altura os pontos necessários para construir uma boa vitória.

Contudo, a insistência ofensiva perpetuada pelo mágico Hayden Parker (internacional sub-20 da Nova Zelândia) que ia ditando constantes movimentações e jogadas acabou por surtir o efeito que o público japonês ansiava por: ensaios.

Hosea Saumaki (a par de Parker e Labuschange, são os melhores jogadores desta formação) carregou no “pedal” e tornou-se um problema para a defesa dos Reds (nunca houve o apoio e velocidade necessária para acompanhar a profundidade de jogo nipónica), que iriam consentir 6 ensaios no total.

Contudo, foi através de Parker que o resultado ganhou os contornos finais com 7 penalidades que valeram 21 pontos. Acrescente-se a isto mais as conversões e o abertura foi responsável por 31 pontos ao pé, castigando massivamente os australianos pela falta de capacidade em disputar o breakdown legalmente.

Para a semana os “adoentados” Stormers visitam os Sunwolves… o resultado será igual?

WARRICK GELANT… SPRINGBOK MATERIAL?

O aproximar em velocidade cruzeiro do mês de Test Matches de Junho representa também a altura para começar a esboçar as várias listas de convocados. All Blacks, Wallabies, Pumas e Springboks preparam-se para recomeçar a sua actividade competitiva anual. Ou seja, o Super Rugby tem sempre uma boa incidência na convocatória final.

No caso dos ‘boks há um jogador que não só deve ser convocado, como merece conquistar um lugar no XV inicial sul-africano: Warrick Gelant. O defesa dos Bulls está numa forma imparável, que vai muito para além dos (vários) ensaios que tem assinado pela sua equipa.

Warrick Gelant tem um jogo ao pé diferente e que se aproxima aos defesas neozelandeses, que fazem um kick and chase de qualidade, que não só assenta no princípio de serem os próprios a recuperar a oval, mas também no facto de conseguirem colocar a bola no canal exterior entre as costas do ponta e a frente do nº15 contrário.

A forma como entra a “matar”, a dureza do seu jogo, a agilidade de movimentos e a destreza letal que apresenta garantem pontos, metros e saída para o ataque de uma forma eficaz e diferente. É, sem dúvida alguma, um atleta completamente diferente do actual detentor da camisola nº15 dos Springboks, Andries Coetzee, com um “arsenal” de movimentos diferente e especial.

Numa altura que os Springboks estão a reformular toda a sua estrutura, talvez é o momento de promover Gelant à titularidade. No dérbi entre os Sharks e Bulls, Gelant voltou a percorrer mais de 100 metros com a oval nas mãos, marcou um ensaio (fruto de um erro infantil de Mapimpi), assistiu outro (recuperação de bola que culminou num offload genial), quatro quebras-de-linha e mais uma série de pormenores.

Os Bulls bateram os Sharks por 39-33 e Gelant foi providencial para esse resultado final.

STORMERS-CHIEFS: DUAS EQUIPAS, QUASE O MESMO PROBLEMA

DHL Stormers e Waikato Chiefs enfrentam o mesmo problema: estão, neste momento, de fora dos playoff’s do Super Rugby. Ambas as franquias têm jogado bem, mas as lesões (em excesso para os neozelandeses), os erros sistemáticos na abordagem ao jogo (os Stormers têm um desiquilibrio de jogo que se acentua com o passar do tempo) e a falta de frieza estão a atirá-los para o fundo da tabela das suas conferências.

No jogo deste fim-de-semana Chiefs visitavam a Cidade do Cabo com um só objectivo: repor os níveis de confiança perdidos frente aos Jaguares. Os Stormers estavam no momento ideal, com duas vitórias consecutivas (Rebels e Bulls) que davam a confiança ideal para atacar este encontro com confiança.

Esta seria então a primeira batalha, Stormers-Chiefs, seguindo-se o confronto individual entre os Damian’s, Willemse e McKenzie, ambos coincidentemente a jogar na posição de 10.

O duelo foi intenso, com McKenzie a tentar furar a linha de defesa adversária constantemente (de longe o jogador que insistiu mais em ir ao contacto, com 16 corridas com a bola), aguentando bem a agressividade da placagem dos Stormers. Contudo, raramente fugiu pela linha como de costume, um factor que amarrou os Chiefs a um jogo mais estável mas menos dinâmico.

Os Stormers tiveram as mesmas dificuldades no ataque, com alguma falta de acerto dos seus avançados ou a falta de consistência das combinações na linha de 3/4’s, com Willemse a ficar muito longe do jogo corrido, optando pela pressão através do jogo ao pé.

O abertura sul-africano abriu o activo com um bom pontapé, mas logo de seguida McKenzie respondeu com um chuto táctico que “enrolou” Leyds e Marais, com nenhum a chegar à oval… Alaimalo, o ponta dos Chiefs, apareceu lançado, colheu-a e só teve de fazer um brilhante offload para Anton Lienert-Brown chegar à área de ensaio.

No final dos 80′ foram os neozelandeses a sair vitoriosos com um 15-09, num jogo que foi “cinzento” das duas equipas. A situação actual representa que algo não está bem e que esta época possa ser visto como um ano zero para estas formações que já deram alguns dos melhores jogos de sempre no Super Rugby.


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