A prestação de Portugal no Women’s REC: ensaios e sectores

Francisco IsaacAbril 21, 20244min0

A prestação de Portugal no Women’s REC: ensaios e sectores

Francisco IsaacAbril 21, 20244min0
Fim da análise à prestação de as Lobas no Women’s REC 2024 com os sectores a serem alvo de um Raio-X por parte de Francisco Isaac

Terceira e última parte da campanha das Lobas no Women’s REC 2024, que terminou com um meritório 3º lugar e uma demonstração que há um futuro muito risonho para Portugal no rugby feminino europeu e mundial.

ENSAIOS

Portugal marcou cinco ensaios nesta corrida no Women’s REC e, curiosamente, tivemos um pouco de tudo à excepção de ensaio de maul, apesar de dois terem nascido directamente de três excelentes formações-ordeandas surgindo uma sequências de passes até se dar a entrada na área-de-validação contrária. Curiosamente, dos cinco ensaios marcados apenas um teve mais de duas fases, com esse a ter sido o segundo marcado frente à Suécia, finalizado por Mariana Marques, uma das melhores jogadoras durante esta competição. Do outro lado do espectro também surgiu um ensaio que não teve qualquer fase de conquista e que veio mais da pura genialidade individual de Maria Morant, que vendo a bola exposta num ruck dentro da área de ensaio, foi à volta e tocou simplesmente na bola, fazendo bom uso das regras em seu proveito.

Uma média de 1,6 offloads foram realizados nestes cinco toque de metas de Portugal na área adversária, demonstrando que o maior sentido de risco e jogo vivo conferiu um aspecto ameaçador ao conjunto liderado por João Moura, que tentou surpreender as equipas adversárias através de uma série de passes no contacto e em velocidade, abrindo fendas e os espaços suficientes para marcar pontos.

Talvez frente à Espanha faltou um pouco mais de “condições física” (era o último jogo de Portugal, enquanto as Leonas estavam a realizar o primeiro da campanha e o segundo da época) e paciência para também arrancarem pontos, mas é algo que com tempo e trabalho vai chegar. Curiosamente, a formação-ordenada foi a fase-estática ideal para assentar o jogo das Lobas, tendo estado, como já dissemos, no início de três dos cinco ensaios concretizados no Women’s REC 2024.

Boas construções, competência no passe e no apoio ao portador de bola, excelentes opções no jogo aberto e vontade de querer fazer algo mais com a bola do que simplesmente bater e esperar que o adversário consentisse um erro de disciplina.

SECTORES

As fases-estáticas estiveram bem, mas é importante ver ao pormenor. Frente aos Países Baixos e Suécia, Portugal garantiu a maioria dos seus alinhamentos e formações-ordenadas, conseguindo recuperar oxigénio e “existir” no jogo, fugindo à ideia de que o maior peso das adversárias seria um problema. Porém, já frente à Espanha o alinhamento foi inexistente, perdendo-se diversas bolas na introdução ou no alinhar bem com a unidade de salto, algo a rever no futuro próximo. As fases-estáticas foram um garante frente à Suécia e a formação-ordenada até aguentou bem ante a Espanha, mas para atingir outros voos será necessário ter tudo mais polido e, acima de tudo, sentir que há um princípio de domínio físico ou territorial.

A ligação entre o bloco de avançados e 3/4’s foi bastante positivo e deu cor aos jogos, tendo ficado bem explicito que existe uma comunhão entre atletas e que a ideia de jogo do staff técnico é palpável e facilmente entendível pelas atletas. Os erros que surgiram na transmissão da oval deveram-se a precipitações constantes no tentar despachar a bola quando se pedia mais calma e paciência, mesmo que isso implicasse recuar no terreno e sofrer um par de placagens duros por parte do adversário.

Isabel Ozório e Daniela Correia conseguiram criar uma boa sinergia nos dois jogos em que operaram juntas, com a 3ª linha – Arlete Gonçalves, Sara Moreira e Adelina Costa é o trio que Portugal tira melhor proveito – a ter sido eficaz no seu trabalho, faltando só um pouco mais de presença ofensiva para realmente galvanizar a equipa.

No cômputo geral, Portugal demonstrou que está um nível acima da Suécia e que não está assim tão longe dos Países Baixos, precisando só de mais jogos, investimento, treino e captação de atletas, para atingir o WXV3 nos próximos três anos e, quem sabe, sonhar com um Mundial no espaço de oito temporadas.

Desconhecendo-se o que se segue para as Lobas, a verdade é que seria importante se dar mais um tour pela América do Sul, ou encontrar forma de somarem jogos ante equipas de franquia italianas ou clubes franceses, ao jeito do que as Leonas fizeram nos últimos quatro meses.


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