A prestação de Portugal no Men’s REC: jogadores e destaques

Francisco IsaacMarço 24, 20245min0

A prestação de Portugal no Men’s REC: jogadores e destaques

Francisco IsaacMarço 24, 20245min0
Francisco Isaac continua a analisar a prestação de Portugal no Men’s REC 2024, agora com os jogadores a tomarem o palco

Depois de termos analisados jogo-a-jogo, com os pontos de viragem, positivos e negativos, é altura de mergulharmos nos jogadores que estiveram ao serviço dos Lobos e que cumpriram o mínimo de uma internacionalização neste Rugby Europe Championship 2024! Segunda parte da análise à prestação de Portugal no Men’s REC 2024.

ENTRE NOVIDADES, CERTEZAS E… DÚVIDAS

Uma explicação importante: as idades dos jogadores estão consideradas como já terem realizado o seu aniversário em 2024, criando assim algum tipo de uniformidade. 

João Mirra com o apoio de Daniel Hourcade, Esteban Meneses e Rodolfo Ambrósio, fez uso de trinta e cinco jogadores, doze dos quais fizeram a sua estreia absoluta pelos Lobos: Luka Begic, Manuel Worm, Pedro Vicente, Abel da Cunha, André Cunha, Diego Pinheiro-Ruiz, Boaventura Almeida, Hugo Camacho, Hugo Aubry, Pierre Sayerse, Lucas Martins e José Paiva dos Santos. Desta dúzia oito são provenientes de campeonatos franceses, nomeadamente da ProD2 ou Nationale, adicionando algumas escolhas importantes para o futuro do rugby português.

Dos 35 atletas utilizados, 16 têm entre ou menos de 24 anos, o que é um ponto importante quando se fala em renovação e projecto a longo-prazo. O atleta mais novo de todos foram André Cunha, Manuel Worm e Hugo Camacho, com o mais velho a ser José Rodrigues (32). Por falar em jogadores veteranos, só seis atletas têm idade igual ou superior a 30 anos, com destaque para Tomás Appleton, José Lima, José Rodrigues, Pedro Bettencourt, André Arrojado e Nuno Sousa Guedes.

Em termos de atletas a actuar fora de Portugal, só quinze dos 35 é que vieram dos campeonatos franceses – Portugal só tem possíveis reforços a actuar na Alemanha, Países Baixos e Espanha -, quase dentro da mesma óptica do que aconteceu em 2022 e 2023. Destes quinze, só um foi titular nos cinco jogos do Men’s REC 2023 (Luka Begic), seguindo-se quatro com quatro jogos (Hugo Camacho, Hugo Aubry, Nicolás Martins e Abel da Cunha), algo a reter para o futuro e que pode ser visto como normal pelo facto de que quatro dos cinco fins-de-semana internacionais tivemos competições de clubes a decorrer.

O XV português mais utilizado foi: António Santos, Luka Begic e Abel da Cunha; Martim Bello e Duarte Torgal; João Granate, David Wallis e Nicolás Martins; Hugo Camacho e Hugo Abruy; Tomás Appleton e José Lima; Lucas Martins, José Paiva dos Santos e Manuel Cardoso Pinto.

Em comparação com 2023, Portugal não contou com Steevy Cerqueira (lesionado), Jerónimo Portela, Duarte Diniz, David Costa (estes três em ano sabático internacional), Vincent Pinto (ano sabático), Francisco Fernandes, Anthony Alves, Thibault de Freitas, João Bello (não foi convocado) ou António Vidinha (não foi convocado). Lionel Campergue, Mike Tadjer e Samuel Marques estão retirados na totalidade ou internacionalmente. É uma fase de transição, contudo, seria importante contar com todos os primeiras-linhas em 2025, uma vez que os erros somados ante a Roménia, Espanha e, principalmente, Geórgia expuseram as dificuldades dos Lobos na formação-ordenada. Por outro lado, foi importante sangrar estes pilares e talonadores para lhes dar minutos importantes, criando as condições necessárias para ganharem forma, experiência e maturidade para quando a situação for mais a sério.

Ou seja, as ausências de certos jogadores fizeram-se sentir e até acabaram por pesar nas derrotas frente à Bélgica e Geórgia, mas existe uma renovação credível no conjunto nacional, algo importante quando teremos pela frente um ano decisivo em 2025.

Os clubes mais representados são como está na tabela seguinte, com claro destaque para o CF “Os Belenenses” (6), seguido pelo GD Direito (4) e AEIS Agronomia (3), três clubes que conquistaram títulos nacionais nas últimas cinco temporadas, um dado interessante. De França, o clube mais representado foi o Stade Montois com dois atletas (Simão Bento e Pierre Sayerse).

OS PRINCIPAIS DESTAQUES

Comecemos pelo facto mais directo: o melhor marcador de pontos. Esse foi Hugo Aubry que terminou a temporada com quase 100% de eficácia na conversão de pontapés, afirmando-se na equipa com total protagonismo, tanto pela excelência do jogo ao pé como pela forma como montou fases-de-jogo e construiu ensaios, saindo desta temporada com uma assistência, três quebras-de-linha, sete defesas batidos e sete passes-chave.

O jogador com mais impacto em termos de ensaios/assistências/passes/momentos-chave esteve entre três jogadores: Lucas Martins (três ensaios e duas assistências), Manuel C. Pinto (três ensaios e uma assistência) e Hugo Camacho (três ensaios e duas assistências). Curiosamente, dois se estrearam na equipa pela primeira vez em 2024, conseguindo superar as expectativas. Importante também destacar Tomás Appleton que esteve envolvido em quatro ensaios de Portugal, mostrando que o papel de primeiro centro reúne uma importância fulcral no esquema de jogo dos Lobos. Manuel Cardoso Pinto foi de uma classe enorme durante toda a competição com quase 400 metros conquistados, seis quebras-de-linha e dezasseis defesas batidos, números sensacionais para um dos jogadores mais vibrantes do rugby nacional.

Saindo da esfera dos ensaios e pontos, Nicolás Martins destacou-se como o melhor defesa, tanto nas placagens, turnovers, roubos no alinhamento, sendo um dos melhores jogadores da competição. O 3ª linha do Soyaux-Angoulême terminou com 71 placagens efectivas, falhando apenas uma tentativa, com cinco placagens a terem salvado Portugal de sofrer um ensaio. O impacto de Nicolás Martins tem sido enorme na selecção nacional.

E posto isto estes são os principais números dos trinta e cinco jogadores que representaram os Lobos em 2024, numa ano entre estreias, procura de novos caminhos, construção de um plano de jogo que funcione e… de procura de um novo seleccionador nacional que deverá ser anunciado nas próximas semanas.

Foto: Fair Play


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS