7 fatos da História do Rugby nos Jogos Olímpicos!
O Portal do Rugby conta-nos algumas histórias e pormenores do rugby nos Jogos Olímpicos, num artigo especial e que serve de antecâmara para o espectáculo que começa já no próximo sábado.
O rugby vai para sua 6ª edição de Jogos Olímpicos. Na próxima segunda-feira terá início o Rugby Sevens em Tóquio, naquela que é a 2ª edição consecutiva dos Jogos Olímpicos com o Rugby Sevens. Antes, em 1900, 1908, 1920 e 1924, o Rugby XV fez parte das Olimpíadas.
Para começar nosso aquece para Tóquio, vamos a 7 fatos da História do Rugby nos Jogos Olímpicos!
1 – Rugby e sua inspiração para a criação dos Jogos Olímpicos
O Rugby esteve presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos, logo em seu início. Mas, sua influência, foi muito maior, inclusive na criação do Movimento Olímpico. Grande entusiasta da criação de jogos esportivos internacionais inspirados nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga foi o barão Pierre de Coubertin, intelectual francês defensor ávido do modelo educacional inglês. Para Coubertin, a prática esportiva nas escolas inglesas, cuja referência estava na Escola de Rugby e no educador Thomas Arnold, deveria servir de base para uma reforma educacional na França, após a derrota francesa para a Prússia na Guerra Franco Prussiana de 1870-71, que finalizou a unificação da Alemanha e levou a uma crise de consciência nacional na França. Coubertin foi grande defensor da prática do Rugby, sendo inclusive árbitro do Campeonato Francês de Rugby, em 1892, que contou apenas com um jogo entre Racing e Stade Français.
Em 1894, Coubertin liderou a formação do Comitê Olímpico Internacional (COI), e os Jogos Olímpicos tiveram sua primeira edição em 1896, em Atenas, na Grécia. Em 1925, com a saída do Barão Pierre de Coubertin da presidência do Comitê Olímpico Internacional o Rugby perdeu seu principal apoio no COI, e não foi aceito como esporte olímpico nos jogos de 1928. O pequeno número de nações praticando o rugby em alto nível, o desinteresse britânico e o comportamento da torcida francesa durante a final do torneio de 1924 foram alguns dos principais motivos para tal exclusão.
Todavia, o barão ainda manteve influência no COI e não foi nada positiva. Indo contra os próprios valores olímpicos, Coubertin foi um dos defensores da realização dos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, na Alemanha nazista, elogiando o regime de Hitler. Além disso, Coubertin manteve-se contrário à participação das mulheres nos Jogos Olímpicos.
2 – Rugby francês e o primeiro atleta negro dos Jogos Olímpicos
Em 1900, Paris recebeu o evento e o Rugby pela primeira vez esteve presente, mas com apenas duas partidas, realizadas no Estádio Olímpico de Colombes, hoje casa do Racing. Os Jogos Olímpicos ainda não possuíam a organização de hoje e os eventos foram realizados ao longo de seis meses, durante a Exposição Universal, que acontecia na cidade. Frequentemente clubes representavam seus países e no Rugby não foi diferente. A França foi representada pelo selecionado da USFSA, a união de esportes do país, mas Alemanha e Grã-Bretanha, os outros dois participantes, foram representados por clubes, o 1880 Frankfurt e o Moseley Wanderers, respectivamente. O time francês venceu os alemães por 27 x 17 e os ingleses por 27 x 8, garantindo o primeiro lugar, ao passo que ingleses e alemães não se enfrentaram. Entre os franceses campeões olímpicos estava Constantin Henriquez de Zubiera, primeiro atleta negro a competir nos Jogos Olímpicos em qualquer esporte.
3 – O dia que a Cornuália foi olímpica
Em 1904, os Jogos Olímpicos foram para St. Louis, nos Estados Unidos, sem participação do Rugby, que voltou em 1908, em Londres, Grã-Bretanha. Três equipes deveriam participar do torneio, que seria jogado no White City Stadium (pois Twickenham ainda não havia sido construído). A França, contudo, desistiu às vésperas do torneio e apenas uma partida foi realizada: um confronto entre os Wallabies, a seleção australiana, que estava em gira pela Europa naquele momento, jogando em Londres com o nome de Australásia (pois, na época, Austrália e Nova Zelândia competiam juntas nos Jogos Olímpicos, com esse nome), e a seleção da região inglesa da Cornuália (Cornwall), campeã do County Championship, o campeonato inglês de seleções regionais (seleções dos condados). Quase sem público e com muita neblina, os australianos venceram com facilidade, 32 x 3.
Isolada geograficamente, a Cornuália se distingue do restante da Inglaterra pela identidade celta. Antes de ser dominada pelos ingleses, a região falava “Cornish” (Cornuálio), língua de origem céltica (próxima do galês), que ainda é falado por uma minoria dos habitantes da região. O rugby é o esporte mais importante na região e 1908 foi o grande momento para seu selecionado regional.
4 – Os Estados Unidos no topo do rugby
O fracasso da organização de 1908 levou mais uma vez o Rugby a ficar de fora dos Jogos Olímpicos, em 1912, em Estocolmo, na Suécia. Em 1914, eclodiu a Primeira Guerra Mundial e os Jogos Olímpicos retornaram apenas em 1920, em Antuérpia, na Bélgica, com o Rugby presente. Os donos da casa, no entanto, não participaram, pois o Rugby era na prática inexistente no país (a primeira federação belga foi formada apenas em 1931). Quatro seleções se inscreveram: a França, os Estados Unidos (que seriam representados por um combinados de californianos das universidades de Berkeley, Stanford e Santa Clara), Romênia e Tchecoslováquia. Contudo, romenos e tchecos desistiram do torneio às vésperas e apenas uma partida foi realizada, diante de ótimo público de 20 mil pessoas no Estádio Olímpico (casa atual do clube de futebol Beerschot), apesar da forte chuva. E quem levou a melhor foram os americanos, que surpreenderam os favoritos franceses vencendo por 8 x 0.
5 – Estádio lotado para a despedida do XV
Em 1924, Paris novamente recebeu os Jogos Olímpicos, e o Rugby foi uma das grandes atrações, com França, Estados Unidos e Romênia aderindo. Outra vez o Estádio de Colombes foi o palco dos jogos, e o interesse da torcida francesa pela revanche contra os americanos era evidente. Os Estados Unidos foram de novo a campo com uma seleção de californianos, com sete campeões olímpicos de 1920, mas com um fato estarrecedor: desde 1920 a seleção americana não era formada e seus atletas não jogavam Rugby! Quando, em 1920, a equipe campeã olímpica retornou no anonimato aos EUA, o Rugby estava praticamente extinto no país com a expansão do Futebol Americano e o time campeão não teve continuidade. Para defender sua medalha olímpica, os EUA reuniram 80 atletas da região de São Francisco antes da viagem à França para uma seletiva e selecionaram 23, todos com pouca experiência.
O primeiro duelo de 1924 se deu entre França e Romênia e os franceses atropelaram, 61 x 3, com direito a 13 tries. Na sequência, foi a vez dos americanos enfrentarem os romenos, vencendo por 37 x 0, apesar dos 6 mil torcedores franceses que foram ao estádio para vaiar os americanos. Os ânimos acirrados explodiram na final, com 40 mil pessoas apinhando Colombes para torcer pela França. Logo a 2 minutos de jogo, o ídolo da seleção francesa Adolphe Jauréguy sofreu um duro tackle a ponto de ficar desacordado e com o rosto coberto por sangue, segundo relatos. A torcida francesa explodiu, objetos foram lançados ao campo durante todo o jogo e brigas com dezenas de feridos tomaram lugar nas arquibancadas e dentro do campo, invadido pelos torcedores. O jogo chegou ao fim, mas com uma das maiores zebras da história do Rugby mundial deu as caras. Estados Unidos 17 x 3, bicampeão olímpico.
6 – O Brasil recebe o mundo e marca a estreia das mulheres
Desde sua exclusão, a campanha pela volta do Rugby para os Jogos Olímpicos nunca teve adesão das principais nações do esporte, sempre receosas de dar uma exposição muito grande ao rugby que o levasse ao profissionalismo, proibido pela International Rugby Board – IRB, atual World Rugby – até 1995. Para os Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, na Itália, 1980, em Moscou, na então União Soviética, e 1988, em Seul, Coreia do Sul, houve tentativas da volta do Rugby, mas todas fracassadas. Somente a partir de 1994 que as negociações passaram a andar e, em 2009, o tão aguardado anúncio oficial da volta do rugby aos Jogos Olímpicos, no seu formato de sevens, foi feito. A negociação foi longa, mas ajudou a transformar profundamente o Rugby no mundo todo.
O Rio de Janeiro entrou para a história recebendo o primeiro evento olímpico de rugby sevens, reservando ao Brasil um lugar especial na história do esporte. Os jogos foram no estádio de Deodoro, construído para o evento e desmontado logo após. Apesar da curta existência, o estádio de Deodoro foi o palco para outra estreia: a das mulheres no rugby olímpico.
O rugby sevens feminino foi intenso e premiou as duas maiores potências da categoria, Austrália e Nova Zelândia, que fizeram a grande final. A Austrália falou mais alto e conquistou o título com um triunfo de 24 x 17 na grande final. Já o Canadá foi bronze ao vencer a Grã-Bretanha por 33 x 10.
7 – A festa de uma nação: Fiji conquista sua primeira medalha olímpica
Entre os homens, o Rio 2016 marcou a primeira medalha olímpica na história de Fiji em qualquer esporte. O momento foi marcante para as ilhas, que fizeram uma campanha perfeita do início ao fim, vencendo a Grã-Bretanha na final por 43 x 07. A África do Sul, por sua vez, ficou com o bronze, fazendo 54 x 14 sobre o surpreendente Japão.
Os Jogos de 2016 tiveram uma representação sem paralelo dos Jogos anteriores, com 12 países sendo representados em cada gênero.