4 razões para estar no Lisboa 7’s 2018/2019

Francisco IsaacMaio 31, 201913min0

4 razões para estar no Lisboa 7’s 2018/2019

Francisco IsaacMaio 31, 201913min0
O Lisboa 7's começa já amanha na Tapada da Ajuda e nós deixamos 5 razões para marcares presença no retorno do torneio após 17 anos de ausência. Sabias de todas?

Estamos a menos de 24 horas do início do Lisboa 7’s e está prometido um espectáculo sem igual neste retorno de um torneios mais emblemáticos de rugby em Portugal. O Fair Play apresenta 4 razões pela qual deves marcar presença, jogando ou não por uma das equipas presentes, para além de alguns testemunhos de figuras do rugby português do passado, presente e futuro!

1 – HONG KONG 7’S E A MEDIAÇÃO DE FORÇA

A par do Curne da Argentina, a outra equipa estrangeira presente no torneio será a selecção de 7’s de Hong Kong, tanto nos masculinos como femininos, oferecendo uma dose de dificuldade acrescida para as equipas presentes. Se os oito clubes que estão na Divisão de Honra sénior (neste torneio foi apelidado de “Campeonato Nacional Sénior”) não vão ter que jogar até à final ante Hong Kong, já os emblemas que entraram no Men Open Lisboa 7’s vão ter que sobreviver a esta formação asiática que por pouco não subiu às World Series, como já anteriormente já tínhamos dito.

É uma selecção de referência nos 7’s da Ásia neste momento, a par do Japão (que já andou pelas World Series), e que vai apresentar um rugby muito ritmado, intenso e com os olhos postos para fechar a época em grande (a par do Algarve 7’s só faltam mais dois torneios para os masculinos). Caldas RC, RC Santarém e ER Galiza ficaram com a oportunidade de jogar com Hong Kong e perceber o monstro que aí chega ao torneio.

Já no sector feminino, Sporting CP, SL Benfica, Panteras e Lusitanas jogam todos frente a Hong Kong e será talvez a divisão mais interessante de acompanhar desde o primeiro minuto. A selecção feminina de Hong Kong tentou a qualificação para os World Series por diversas ocasiões, mas não tem conseguido garantir a subida apesar de apresentar um roster de jogadoras altamente rápidas e artilhadas com alguns pormenores técnicos de relevo.

Será, portanto, um desafio às 4 equipas portuguesas femininas que vão estar no Lisboa 7’s sabendo de antemão que o desafio vai ser inacreditavelmente difícil e interessante de observar.

2 – OS MELHORES FANTASISTAS E SPEEDSTERS DO RUGBY NACIONAL

O rugby português tem produzido nos últimos anos jogadores de uma capacidade e qualidade técnica e física de bom patamar, como os irmãos Marta do CF “Os Belenenses”, António Monteiro ou Manuel Cardoso Pinto da AEIS Agronomia, o “ilusionista” Jorge Abecassis ou o velocista Fábio Conceição do CDUL, o experiente e fadado para estes torneios Sérgio Franco da Académica de Coimbra, entre outros tantos nomes que não citámos.

Não sabendo de antemão quem vai participar no Campeonato Nacional Sénior devido tanto à disputa da Taça Challenge e como da preparação para o jogo de apuramento para Divisão A da Rugby Europa de XV e do Grand Prix de 7’s europeu, não deixaremos de ter vários nomes e referências das equipas do GD Direito (Pedro Leal não vai jogar, mas Jerónimo Portela, João Vaz Antunes, Pedro Silvério deverão segurar a batuta de jogador-chave), AEIS Agronomia (não há Vasco Ribeiro, mas teremos António Cortes Monteiro ou João Lima), CDUL (Jorge Abecassis, Fábio Conceição, entre outros tantos), Académica de Coimbra, CF “Os Belenenses” (será que vamos ter o prazer de ver os Freudenthal e Martas juntos), como de todas as outras.

Numa competição que vai apurar o campeão da principal divisão sénior dos 7’s portugueses, é impossível que não marquem presença atletas como Rafaelle Storti, Manuel e Rodrigo Marta, João Belo, Afonso Rodrigues, Pedro Silvério, Vasco Fragoso Mendes (um retorno aos 7’s, onde já foi fundamental), Duarte Moreira ou Diogo Miranda, numa mescla entre o passado, presente e futuro dos 7’s portugueses.

3 – 68 JOGOS… DE GRAÇA PARA ACOMPANHAR E PARTICIPAR

São dois dias de torneio, três divisões diferentes, 25 equipas e 68 jogos. Não há nada melhor que ter uma competição deste calibre dentro do calendário nacional de rugby que foi anunciada só a partir de Março de 2019, sendo daquelas surpresas que o rugby português não só merecia como precisava. 68 jogos de graça, em que o adepto frevroso ou ocasional só tem de se deslcocar até à Tapada da Ajuda e escolher um bom spot para se sentar e apreciar todo o espectáculo que vai ser oferecido.

Começa no sábado às 11h00 no Campo A num jogo que vai opor os titãs da divisão feminina, Sporting CP e Hong Kong, e vai até às 17h00 do mesmo dia, recomeçando no Domingo logo às 10h00 para fechar às 16h30 com a final da competição. Vai ser de um ritmo alucinante, alto, intenso e muito semelhante ao que se vive em outros torneios internacionais, oferecendo algo que tinha desaparecido dos 7’s em Portugal… substância.

Recomendamos alguns jogos para seguirem no sábado:

  • Hong Kong- Sporting CP (11h00);
  • SL Benfica-Sporting CP (12h20);
  • CF “Os Belenenses”- SL Benfica (12h40);
  • GD Direito-Técnico Rugby (13h00);
  • Hong Kong-RC Santarém (13h20);
  • CF “Os Belenenses”-AEIS Agronomia (14h20);
  • Curne-RC Montemor (15h40);
  • GD Direito-CDUL (16h40);

4 – OS JOGADORES-SURPRESA QUE ESPERAMOS VER: RAFAEL MORALES A TIAGO FERNANDES

Se no Campeonato Nacional Sénior vamos ter vários nomes das selecções nacionais (quer seja a de XV ou 7s ou mesmo dos sub-20), então há que ter em atenção ao que se vai passar com outros clubes… Rafael Morales, internacional brasileiro por 4 ocasiões, vai ser a referência pelo RC Santarém a par de Matheus Daniel, outro Tupi de alta classe. O nº10 e nº7 têm muito rugby na guelra, são dificilmente parados no 1 para 1 e mexem com a equipa como ninguém.

Do lado do Sport Lisboa e Benfica, o “intruso” no Campeonato Nacional Sénior, vamos ter Urryel Torres, Pedro Bilro, António Ventosa, Diogo Ramos, entre outros nomes, sendo que são os de de Matt Ritani e Tiago Fernandes que desejamos ver. Se o nº8 tem uma capacidade técnica e física bem acima da média do rugby português, já o defesa de 19 anos das águias impressionou no CN1 2018/2019, munido sempre de uma passada eléctrica e uma técnica desconcertante no 1 para 2 ou 1 para 1.

Já sabemos de antemão que não vamos ter Thankgod Okafor por exemplo no RC Montemor e ainda subsiste a dúvida da vinda de José Luís Cabral e Manuel Murteira (a virem vão causar sérios danos nas equipas adversárias, a par de Duarte Leal da Costa e outros mais do CR Évora), mas teremos jogadores mais que suficientes para encher as medidas dos apaixonados dos 7’s!

OS TESTEMUNHOS DE QUEM PASSOU POR LÁ

MANUEL CABRAL (CO-FUNDADOR DO LISBOA 7’S DE 87-2002)

Porque é que na altura começaram o Lisboa 7’s? Qual era o grande objectivo?

O Lisboa Sevens nasceu numa tarde de sábado quando seis amantes do rugby se reuniram para assistir a um jogo do Torneio das Cinco Nações em casa de um deles. Com o entusiasmo de uma grande partida de rugby a que acabáramos de assistir nasceu a ideia de organizar um torneio que pudesse dar a conhecer o rugby português além fronteiras, e a opção pelos sevens veio pelo conhecimento que aqueles seis amigos tinham do que de melhor se organizava na Europa, naquela altura – o Middlesex Sevens, os torneios dos Borders da Escócia e o Amsterdam Sevens.

E com esse conhecimento foi unânime a vontade de criar um evento que marcasse uma forte posição no rugby Europeu, o que veio a acontecer mais depressa do que o previsto pelo entusiasmo de alguns patrocinadores, nomeadamente da companhia de Seguros Commercial Union, através do seu Diretor Geral em Portugal, Barry Coombe, e da British Airways.

Apesar de ter tudo acabado em 2002, ficaste feliz por tudo o que se atingiu entre 87 e 2002? Faltou fazer algo mais?

Entre 1987 e 2002 o Lisboa Sevens trouxe a Portugal um conjunto de grandes equipas de sevens do mundo, muitos jogadores internacionais de grande calibre, oriundos das Ilhas Britânicas, da Nova Zelândia, das Ilhas Fiji, e deu a oportunidade a muitos jogadores nacionais de se darem a conhecer além fronteiras. Por outro lado o Lisboa Sevens deu a possibilidade de estabelecermos uma relação de amizade com o CEO da Cathay Pacific, que ajudou mais tarde ao convite para Portugal participar no Hong Kong Sevens pela primeira vez.

O Lisboa Sevens foi também em 1996 torneio classificativo para o Mundial de Sevens de 1997, e ainda hoje o nome do Torneio é respeitado por quantos seguem as coisas do rugby. Claro que todos os envolvidos sentem uma grande satisfação com a história do Lisboa Sevens, embora sempre haja coisas que achamos terem ficado por fazer… Agora, com o regresso do Lisboa Sevens, nasce uma segunda oportunidade para novas realizações!

LUÍS PISSARRA (SELECCIONADOR NACIONAL SUB-20)

Luís tens recordações do Lisboa 7’s? Achas importante este regresso do torneio para a variante?

Era o torneio de referência do rugby português, joguei pela 1ª vez quando ainda era júnior, numa equipa só feita de jogadores desse escalão e participámos na altura no torneio e lembro-me que eram dois dias espectaculares. Tens de perceber que na altura não havia o contacto e este acesso da informação que há hoje em dia, onde podemos ver os jogos e jogadores de qualquer ponto do Mundo em directo ou passado umas horas… na altura, era um torneio em que podíamos jogar com estrelas do rugby mundial que vinham cá participar em selecções e em grandes equipas, como os Barbarians, os Saltires, sendo uma forma de estarmos em contacto com eles… quando acabou este torneio deixámos de ter este contacto.

Foi importante não só o regresso deste torneio como do aparecimento do Algarve 7’s, é importante pelo simbolismo, pela dimensão que têm, pois colocam Portugal novamente no Mundo na organização nos torneios com selecções e equipas de fora que vêm cá para participar. E fazer os dois em semanas seguidas torna isto num dos momentos mais fortes do rugby português.

Como seleccionador sub-20 achas importante os 7s no desenvolvimento profundo de certas técnicas?

Os 7’s tornam-se cada vez mais uma modalidade à parte, pela característica do próprio jogo (as especificações físicas, a fisicalidade, a velocidade, etc) mas há uma série de dominantes técnicas e algum tipo de estratégia que podem fazer a transferência para o rugby de 15. Muitas das grandes equipas fazem uma transferência feliz a nível do trabalho no breakdown e na continuidade de jogo como os offloads próprias do rugby de 7, e tudo isto na procura de rugby mais contínuo. O rugby de 7 oferece soluções, mesmo que seja quase uma modalidade diferente e a exemplo disso, nós nos sub-20 adaptamos muito da parte da continuidade do rugby 7 no nosso modelo de jogo.

FRANCISCO MARTINS (ANTIGO DTM DA SELECÇÃO NACIONAL DE 7’S)

Melhor memória e é importante existir outra equipa a montar de novo o Lisboa 7’s?

O retorno do Lisboa 7’s pela mão da Sports Ventures, é um ponto fundamental para dar outra vitalidade à variante de 7? Achas que o desaparecimento de torneios de 7’s durante largos anos foi um dos motivos do desinteresse geral pela variante?

No passado, o Lisboa’7 foi fundamental para o desenvolvimento dos sevens em Portugal e da modalidade em geral, quero dar os parabéns e agradecer a Sports Ventures pela aposta nos Sevens (Lisboa , Algarve por enquanto), estou certo que este é o caminho para colocarmos novamente Portugal no mapa internacional dos Sevens Mundiais.

Tens alguma memória forte dos Lisboa 7’s, um episódio diferente e que ajude a demonstrar a dimensão deste torneio?

O Lisboa ‘7 foi durante anos a referencia dos Sevens na Europa, tivemos diversas vezes que fazer um torneio de qualificação, pois só era possível ter 24 equipas a jogar em dois dias todos queriam participar (equipas nacionais e estrangeiras).

Já agora, como é que uma equipa pode ganhar jogos nos 7’s… há algum segredo?

O segredo é simples, uma excelente preparação em todos os sentidos é o sucesso garantido.

TOMAZ MORAIS (ANTIGO DIRECTOR TÉCNICO DAS SELECÇÕES NACIONAIS, EX-SELECCIONADOR DO XV E 7S DE PORTUGAL)

Professor Tomaz Morais, que recordações tem do Lisboa 7s? Era um marco do desporto português durante os anos 90?

Mais que um Marco, era a grande referencia internacional e nacional do rugby! Todos ansiavam pelo mês de junho para jogar o Lisboa sevens.

O que significa para si o seu regresso desta prova ao calendário nacional? Acha que esta é a forma certa para suscitar o crescimento dos 7s em Portugal?

Acho muito importante a todos os níveis, para suscitar o crescimento do sevens e recuperar o muito tempo perdido, infelizmente é preciso muito mais que o Lisboa Sevens. É tema de grande profundidade e precisa de uma reflexão séria.

JOÃO MIRRA (TREINADOR NACIONAL E DO CF “OS BELENENSES” RUGBY)

Guardas especial memória pelos Lisboa 7s? Algum jogo em especial, ou jogador?

Era muito miúdo na altura, mas lembro-me em especial de um incrível Portugal-Samoa.

O voltar do torneio é fundamental para os 7s masculinos e femininos portugueses desenvolverem se cada vez mais?

Qualquer competição, principalmente com esta qualidade que tem de organização, mediática e de clubes é fundamental,  até porque se não temos capacidade para ir a torneios internacionais, temos que usar as coisas boas que tempos, o tempo, as ligações aéreas baratas ao país, vender mais que um torneio de rugby, como a cidade e a praia, para trazer grandes equipas, acrescendo a isto o baixo custo quando comparado a outras cidades europeias.

João Mirra a jogar pelos 7’s de Portugal em 2008 (Foto: Getty Images)

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