3 Pontos do SR 2019 Ronda 6: o fim de recordes e enguiços!

Francisco IsaacMarço 24, 20197min0

3 Pontos do SR 2019 Ronda 6: o fim de recordes e enguiços!

Francisco IsaacMarço 24, 20197min0
Ponto final na senda de super recordes dos Crusaders que ficam nas 19 vitórias consecutivas com o "alien" Folau a chegar aos 59 ensaios. Qual foi o melhor momento da semana para ti?

Acompanha todo o pós-ronda do Super Rugby aqui no Fair Play com a análise a três ou cinco pontos da maior competição de clubes do Mundo!

TRÊS ANOS E QUASE 30 JOGOS DEPOIS OS BLUES DERROTAM UM “VIZINHO”

Acabou o sofrimento dos Blues, que depois de incontáveis derrotas (algumas humilhantes) às mãos dos seus “irmãos” neozelandeses, finalmente conquistaram uma vitória merecida e justa, com Rieko Ioane e Melani Nanai a darem show ante os Highlanders. Foi o fim de uma era negativa para a franquia de Auckland, que ultrapassou vários problemas e obstáculos até conseguir voltar a bater um rival directo, o que lhe permite fugir ao último lugar da tabela neozelandesa e, quem sabe sonhar com um apuramento para os playoff!

Então quais foram os pormenores que levaram os Blues à vitória? Maior capacidade de rasgo no ataque à linha da defesa com 10 quebras-de-linha e 32 defesas batidos (os landers só conseguiram uns “magros” 5 QL e 15 DB, normal perante o “seu” estilo de jogo), onde se destacaram os já supramencionados Ioane e Nanai; maior velocidade imposta sobretudo pelo par de centros, com Ma’a Nonu (finalmente um jogo à antiga do centro ex-All Black) e TJ Faiane, a construírem boa parte das movimentações de ataque da equipa de Auckland; e maior concentração nos momentos X especialmente nas formações-ordenadas, alinhamentos e defesa do ruck.

Os Blues de 2015/2016/2017/2018 apresentavam vários problemas no que toca à manutenção da posse de bola em momentos de maior pressão, largando para a frente ou executando maus passes que “matavam” a construção do jogo ofensivo, para além do excessivo número de faltas no que toca à saída da linha-da-defesa ou em aguentar a oval nos rucks.

Ou seja, foi um trabalho colectivo que teve exibições individuais decisivas para desbloquear um resultado “tenso” e nervoso que até aos 74′ estava para os Highlanders… os Blues tiveram a capacidade de fazer 15 fases seguidas para chegar ao ensaio e para aguentarem logo de seguida a resposta dos visitantes, pouco expressiva diga-se com Waisake Naholo e Ben Smith bem longe da sua melhor forma.

Bom rugby a atacar, velocidade nas movimentações e equilíbrio mental de qualidade são três-chaves desta franquia que parece estar a levantar-se, depois de anos de palidez e longe do seu melhor.

WARATAHS À PROVA DE (CONTINUAÇÃO) DE RECORDES COM FOLAU A FICAR NA HISTÓRIA!

Foram 19 vitórias consecutivas dos Crusaders, uma série de vitórias que começou em 2018 e termina agora em Março de 2019, resultado de uma exibição “pobre” recheada de erros próprios, de constantes avants e maus passes (exemplo de uma transmissão de bola de Ryan Crotty no final do jogo que foi 4 metros para a frente…) oferecendo “paz” aos Waratahs, que mesmo a jogar de uma forma pouco excitante conseguiram infligir dano nos bicampeões em título.

Sem Richie Mo’unga, Scott Barrett ou Joe Moody (lesionado até meados de Abril), os Crusaders atiraram para o XV titular o Baby Black Brett Cameron, com o jovem médio-de-abertura a registar a pior exibição possível na estreia a titular. Cameron foi responsável por três perdas de bola, cinco avants, constantes falhas de placagem ou de leitura de jogo que tiraram profundidade e boa execução de movimentos aos Crusaders, maniatando por completo a estratégia de Scott Robertson.

Deixar Will Jordan no banco acabou por ser também uma má decisão, uma vez que o 15 podia ter jogado no três de trás com George Bridge (boa exibição do ponta com quatro quebras-de-linha, 3 defesas batidos, 100 metros percorridos e um ensaio) e Braydon Ennor, levando a que David Havili assumisse o lugar de Ryan Crotty, para dar descanso ao 1º centro. Sem “magia” e cabeça para fazer a bola mexer com qualidade, os neozelandeses deram espaço aos Waratahs para crescer.

Verdadeiramente não foi um jogo “bom” dos australianos de Nova Gales do Sul, antes pelo contrário já que tanto Kurtley Beale como Bernard Foley bloquearam constantemente a máquina ofensiva… sorte é que foram surgindo bolas perdidas do outro lado, recicladas e transformadas em pontos.

Os Waratahs não estão bem e mesmo com o seu melhor XV denotam-se problemas em termos de ligação, com especial incidência para a falta de intensidade imposta por Foley, Beale ou Newsome, para além de colocarem o peso de levar a bola para frente nas mãos de Michael Hooper ou Jed Holloway de forma constante. Atenção para o facto de Folau ter atingido a marca de Doug Howlett de 59 ensaios e fica com a possibilidade de chegar ao topo dos All Time SuperRugby Try Scorers de sempre… aos 29 anos.

A ausência de Mo’unga terá sido assim tão pesada? Ou o excesso de utilização de “juventude” paralisou a máquina dos saders?

MALCOLM MARX RESSUSCITA!

Exibição de gala de Malcolm Marx em Tóquio, na vitória dos Lions por 37-24, onde o talonador contribuiu não só com dois ensaios, mas também com turnovers (quatro… ninguém este ano tinha chegado a este número num só jogo!), 10 placagens (100% de eficácia), uma voz de comando total e um mindset que deu pujança à franquia de Joanesburgo.

Jogo que chegou a estar complicado para os sul-africanos, em particular nos primeiros 15 minutos, com a formação nipónica a conquistar mesmo um ensaio e cartão amarelo, assistindo-se a uns Lions algo perdulários e nervosos perante a “agressividade” física e prepotência técnica da equipa da casa. Contudo, quando tudo parecia estar a correr mal, surgiu Malcolm Marx… primeiro com dois turnovers que puseram cobro a rápidas investidas dos Sunwolves, forçando não só o recuo mas também uma boa plataforma ofensiva e depois com um alinhamento que termina em ensaio pelo próprio talonador.

O nº2 dos Lions e Springboks foi um constante exemplo do primeiro ao último minuto, elevando a formação de Joanesburgo para outro nível de exigência… atrás de Marx apareceram outros leões como Tyrone Green, Lionel Mapoe, ou Gianni Lombard. O colocar de uma maior pressão defensiva causou sérios problemas aos Sunwolves que queriam jogar rápido sem terem tido cuidado em garantir a posse de bola de forma eficiente e minimamente estável.

Mesmo com Hayden Parker ou Rahboni Warren-Vosayaco (este “desconhecido” asa australiano tem sido um dos melhores atletas pela franquia japonesa, com uma série de pormenores de relevo) a darem largura e velocidade, faltou a exigência no apoio ao portador da bola ou na paciência em construir fases, expondo várias vezes fragilidades críticas e aproveitadas pelos Lions.

Jogo que começou mal mas terminou com um ponto de bónus ofensivo que permite aos Lions catapultar do 4º lugar da Conferência Sul-Africana para o 1º (partilhado com os Bulls) antes da paragem para “descanso” de uma semana!

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Damian McKenzie (Chiefs) – 21 pontos (6 conversões e 3 penalidades com 90% de eficácia)
Melhor Placador: Pieter-Steph du Toit (Stormers) – 30 placagens (90% de eficácia)
Melhor Marcador de Ensaios: Solomon Alaimalo, Broadie Retallick, Alex Nankivell (todos dos Chiefs), Rieko Ioane (Blues), Wes Goosen (Hurricanes), Malcolm Marx (Lions)m Rahboni Warren-Vosayaco (Sunwolves) – 2 ensaios;
Melhor Marcador de Pontos: Damian McKenzie – 21 pontos (6 conversões e 3 penalidades)
O Rei das Quebras-de-Linha: Divan Rossouw (Bulls) – 5 quebras-de-linha
O Jogador-Segredo: Tumua Manu (Chiefs) – 79 metros percorridos, 3 quebras-de-linha, 5 defesas batidos, 3 offloads, 4 tackle busts
Lesionado preocupante: Duane Vermeulen (Bulls) – 1 a 2 meses de lesão
Melhor Ensaio: Rieko Ioane (Blues) vs Highlanders: 2º ensaio


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS