3 Pontos do SR 2019 Ronda 15: Chiefs, os reis da placagem?

Francisco IsaacMaio 25, 20196min0

3 Pontos do SR 2019 Ronda 15: Chiefs, os reis da placagem?

Francisco IsaacMaio 25, 20196min0
Os Chiefs sobreviveram 15 minutos de ataque cerrado à sua área de ensaio e acabaram o jogo com 250 placagens. Um recorde explicável? Lê o resumo da 15ª ronda do Super Rugby no Fair Play

CHIEFS… I HAVE 99 PROBLEMS, BUT TACKLING ISN’T ONE!

Os Reds tentaram de tudo para chegar à vitória nos últimos 15 minutos de jogo como: mauls dinâmicos que nunca conseguiram transpor a linha de ensaio; formações-ordenadas a 5 metros do objectivo que “morriam” mal o nº8/9 tiravam a bola; movimentações de ataque de alto risco, com saltos e jogadas, que acabavam por avançar uns 2/3 metros de conquista no máximo dos máximos, embatendo tudo isto sempre na mesma “tecla”, a defesa dos Chiefs que revelou-se quase completamente intransponível durante os 80 minutos deste encontro.

A franquia de Hamilton tem sofrido constantes reveses nesta temporada, desde uma onda de lesões preocupante (de Retallick a McKenzie, passando pelo inesgotável Jacobson ou Kane Hames) a derrotas surpreendentes (Sunwolves por exemplo, num dos resultados mais inesperados desta época), podendo chegar quase à letra dos 99 problems. Durante alguns jogos foi clara a fraqueza no que toca ao compromisso na placagem, com resultados penosos sofridos às mãos dos Brumbies, Crusaders ou Hurricanes a demonstrarem bem essas fragilidades.

Contudo, frente aos Reds de Brad Thorn (começa a ficar difícil aceitar a continuidade do kiwi na direcção da franquia de Queensland) os Chiefs completaram 89% de eficácia na placagem, sendo o número de placagens o pormenor mais fantástico: 225.

225 dá uma média de 10 placagens por jogador, um número considerável e revelador da capacidade defensiva dos comandados de Colin Cooper. O fijiano Pita Sowakula completou cerca de 27 tackles, com só Lachlan Boshier (imenso o asa, por vezes duplicando-se em jogadas consecutivas dos Reds, aparecendo sempre disposto a parar o adversário mesmo que já estivesse esgotado) a aproximar-se do nº8, numa clara onda de solidariedade defensiva que passou por todos os jogadores dos Chiefs.

Os Reds tiveram mais de vinte oportunidades para dar a volta ou, pelo menos, empatar, falhando uma e outra vez não só devido há falta de alguma liderança na montagem de jogadas (a ausência de Kerevi nas linhas atrasadas acabou por ser mortal) mas pelo mérito da equipa da casa, que soube aguentar a fase de maior pressão, sobrevivendo com uma raça e um querer total quase sem igual.

Os Chiefs estão “vivos” mas só um “milagre” os vai levar à fase final do Super Rugby, necessitando de uma vitória tanto contra os Crusaders e Rebels nas duas últimas jornadas. Os Reds têm uma missão ainda mais impossível e isto deve-se à falta de lucidez ofensiva que demonstram mesmo tendo a posse de bola em seu poder.

BRUMBIES… MAIS VIVOS DO QUE NUNCA E SEM POCOCK À MISTURA

Quem diria que os Brumbies se iam revelar como a melhor equipa australiana do Super Rugby 2019? Ao fim de 13 jornadas, estão bem “sentados” no 1º lugar da divisão australiana com 34 pontos conquistados e à beira do apuramento para a fase final como a melhor franquia aussie de forma improvável… e essa é a palavra que define melhor o resultado conquistado frente aos Bulls de Pretória, por 22-10.

Sem David Pocock (continua lesionado tanto dos gémeos como de uma concussão mal debelada) no pack para dar outra dimensão na disputa no turnover e conquista de bola, mas com um Peter Samu numa forma espectacular, a formação de Canberra deu uma lição no que toca à estratégia da construção de fases e o aproveitamento das fases estáticas para servir de plataforma rápida (e não lenta como acontece com os Waratahs ou Reds) para chegar à área de ensaio.

Tão fácil, tão simples e quase tão impressionante que dá espaço para questionar do como é possível desmontarem uma equipa como os Bulls com um rugby tão simplista… a verdade é que dá e dois dos três ensaios de Kuridrani (voltou a reaparecer no Super Rugby, depois de vários jogos “adormecido” no que toca ao aspecto ofensivo) são exemplos dos ideais destes Brumbies.

Num jogo armadilhado na defesa, que impossibilitou Odendaal, Speckman, Hendricks ou Gellant de encontrarem soluções para aproveitar os poucos espaços disponíveis (maioria das fugas davam-se junto à linha, mas sem possibilidade de dar uma sequência francamente boa à movimentação), os Bulls foram constantemente relegados para um 2º patamar de participação ofensiva, consumidos pela maior velocidade e violência no contacto oferecida pelos Brumbies.

Fácil, simples e sem inventar muito… será que resultará até ao final da época?

SHARKS VS LIONS… UM CLÁSSICO DO SUPER RUGBY

Um típico jogo sul-africano, um dos maiores clássicos do Super Rugby é o que é este Lions vs Sharks, um encontro disputado sempre até ao limite das forças das franquias de Durban e Joanesburgo. E, como manda bem a regra, o clássico foi duro e intenso até ao fim, com a vitória a sorrir aos “tubarões” no final dos 80 minutos muito pelo condão mágico de Curwin Bosch!

A ter que existir um desbloqueador no lado dos Sharks não há dúvida que Bosch seria sempre o escolhido, por tudo aquilo que oferece e é capaz de fazer com a bola nas mãos. O nº10 foi quem mais correu durante os 80 minutos, completando cerca de 120 metros, numa daquelas exibições de contínuo pulsar “sangue” e dinamismo, que começou até com um ensaio de belo efeito.

Do outro lado, os tri vice-campeões do Super Rugby tremeram em diversos períodos de jogo e muito se deve à ausência de Malcolm Marx e Warren Whiteley, desprovendo os Lions de uma “voz” de liderança minimamente capaz de guiar a equipa no sentido certo quando mais precisava. Lionel Mapoe ainda foi responsável pela origem de boas quebras-de-linha que ofereceram algumas das melhores jogadas dos Lions, sem que fosse possível chegar à área de validação as vezes necessárias para dar a volta ao resultado.

Contudo, e apesar das aparições individuais de alguns dos jogadores mais talentosos, o jogo colectivo geral não foi espectacular, sobretudo para os Lions que, como já dissemos, foram alvos de uma inconsistência total na hora de definir e decidir no que fazer à oval. Os Sharks fizeram bom uso das penalidades para “exigir” a Curwin Bosch a conversão em pontos… em 4 oportunidade, o nº10 foi capaz de concretizar 6 pontos, essenciais para o final das contas.

Com os Jaguares no topo da conferência sul-africana e com os Sharks em 2º, tudo fica em aberto para os últimos 2/3 jogos que vão decidir tudo!

OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA

Melhor Chutador: Richie Mo’unga (Crusaders) – 14 pontos (4 penalidades e 1 conversão)
Melhor Placador:  Pita Sowakula (Chiefs) – 27 (90% eficácia)
Melhor Marcador de Ensaios: Tevita Kuridrani (Brumbies) – 3
Melhor Marcador de Pontos: Curwin Bosch (Sharks) – 17
O Rei das Quebras-de-Linha: Marika Koroibete (Rebels) – 7
O Jogador-Segredo: Pita Sowakula (Chiefs) – 27 placagens, 2 turnovers, 1 ensaio,
Lesionado preocupante: Will Genia (Rebels) – Não há indicações
Melhor Ensaio: Cyle Brink (Lions) – sucessão de fases rápidas, boas jogadas e um apoio sempre veloz!


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