3 jogadores-destaque da 3ª Ronda das Seis Nações 2020
A 3ª jornada foi dramática e entusiasmante por tantas razões, seja pelo que se passou em Cardiff (reza a lenda que Camille Chat ainda está a segurar a bola no chão para gáudio dos adeptos franceses) ou em Londres! Escolhemos três jogadores que merecem o foco e enfoque nesta 3ª ronda das Seis Nações 2020
Que outros nomes podiam estar nesta lista?
DAN BIGGAR (PAÍS DE GALES)
Depois de vários jogos e uma série de exibições medianas e menos satisfatórias, Dan Biggar voltou ao seu melhor naquele que foi para já o melhor jogo das Seis Nações 2020, com o abertura a marcar pela diferença tanto pelos pontapés aos postes ou cirúrgicos como pela forma com que se atirou contra a defesa francesa, nunca virando cara ao desafio. Foi um Dan Biggar mais intenso e animado, extremamente comunicativo dando sempre ordens e corrigindo os seus colegas de forma a melhorar as movimentações de jogo dos galeses que até mostraram um rugby algo diferente do que nos tinham habituado.
Uma das imagens de marca do abertura neste encontro frente à França foi a forma como correu atrás dos seus próprios up n’ unders, captando por cinco vezes no ar a oval para depois dar seguimento com um passe inteligente para a ponta. A frescura física foi outro apontamento presente na excelente exibição do nº10, acelerando bem as movimentações e combinações de jogo do País de Gales, algo que beneficiou Hadleigh Parkes e Nick Tompkins (o centro teve bons e maus momentos durante todo o encontro), para além da ligação criada com Leigh Halfpenny, relembrando aqueles anos de melhor forma de ambas lendas dos galeses.
Dos 23 pontos marcados pelo País de Gales, Dan Biggar foi responsável por 18 foram da sua autoria, exprimindo uma exibição autoritária e que fez a diferença em diferentes períodos de jogo para a selecção de Wayne Pivac.
Ensaio de Biggar frente à França (17:02)
ADAM HASTINGS (ESCÓCIA)
E ao terceiro jogo sem Finn Russell, apareceu finalmente Adam Hastings a conferir organização e engenho à Escócia como se podem ver pelos seus números: 1 ensaio, duas assistências, 100 metros conquistados, 2 quebras-de-linha e 10 defesas batidos. Ou seja, o abertura teve incidência em todos os pontos marcados pelos escoceses pavimentando assim a exibição com um impacto total em toda a manobra da sua equipa.
Hastings foi “forçado” a assumir o papel de criador e principal movimentador de jogo da Escócia quando o fantástico Finn Russell foi afastado da selecção – por razões mais que aceitáveis, pois não seguiu o protocolo da concentração de jogadores – e se no jogo com a Irlanda já tinha dado alguns sinais positivos, foi em Roma que finalmente conseguiu mostrar o porquê de ser considerado um dos melhores aberturas do PRO14. A visão de jogo expansiva e a capacidade em criar boas situações de ataque para serem aproveitadas pelo seu três-de-trás, como aconteceu no ensaio de Stuart Hogg (obviamente que o mérito vai 90% para a acção do defesa e capitão do Thistle, seja pelo poder de aceleração ou pelo “bailado” conferido a aquele sprint), acabaram por fazer a diferença em diferentes períodos do encontro.
A nível individual, o ensaio marcado já perto do final do tempo de jogo foi dos mais simples destas Seis Nações 2020 com uma arrancada inteligente mas muito facilitada pela defesa italiana que desconcentrou-se junto ao ruck, somando-se ainda 10 defesas batidos que é um recorde neste momento nesta edição da competição e uma imagem de marca de um dos 3/4’s mais difíceis de parar quando tem espaço para a atacar a defesa.
Impulsionou a Escócia para esta primeira vitória em 2020 e finalmente deu o tónico necessário para silenciar aqueles que duvidam da capacidade do polivalente jogador dos Glasgow Warriors.
Ensaio de Hastings contra a Itália (2:56)
MARO ITOJE (INGLATERRA)
Sem palavras para mais uma grande exibição do segunda-linha de Sua Majestade, mostrando todas as qualidades que elevam-no à categoria dos maiores “astros” da modalidade nos tempos actuais: liderança astuta, placador exímio, fisicalidade dominadora, inteligência de excelência e uma autêntica unidade enervante para quem está do outro lado do campo. Maro Itoje foi uma constante irritação para a Irlanda, apresentando toda uma facilidade em sonegar o maul dos comandados de Andy Farrell por exemplo, encaixando-se bem entre o saltador e a unidade de levantamento para depois desconjuntar com elegância esta acção colectiva dos irlandeses, pondo fim aos desígnios dos seus adversários em chegarem ao ensaio.
A placagem aos 70 e poucos minutos a Andrew Porter é um pequeno exemplo do quão excelente é enquanto defesa, uma vez que não só aplicou uma boa placagem ao pilar irlandês como ainda teve o tempo e engenho para arrancar a bola do poder do seu adversário oferecendo um novo turnover à Inglaterra, num momento importante do encontro. A visão de jogo e a inteligência de calcular bem os timings para atacar o adversário ou a bola no ruck são elementos que fazem parte do vasto portefólio de “truques” de um avançado moderno que tem um peso significativo em toda a manobra da selecção inglesa.
É um dos melhores apoiantes aos portadores de bola da Inglaterra, onde aparece sempre lançado e em velocidade para segurar a posse de bola, um elemento essencial no “alimentar” de máquina de ataque dos homens de Eddie Jones. Courtney Lawes foi o man of the match, mas Itoje fez todo um trabalho invisível de elevado valor que ajudou a ditar uma vitória incontestável na 3ª ronda das Seis Nações.