3 destaques/detalhes da 2ª ronda das Seis Nações 2023

Helena AmorimFevereiro 13, 20234min0

3 destaques/detalhes da 2ª ronda das Seis Nações 2023

Helena AmorimFevereiro 13, 20234min0
A campeã de 2022 caiu com estrondo em Dublin, e agora só Irlanda e Escócia permanecem com vitórias nestas Seis Nações! Análise à 2ª ronda por Helena Amorim

Na segunda jornada do Seis Nações, a Escócia continuou a manter a sua consistência que durante tantos anos lhe faltou, com uma vitória por 35-7 frente a Gales. A selecção sabe agora gerir melhor os seus tempos de ataque e sabe ter paciência sem incorrer naquela tonelada de erros não-forçados e de histeria de indisciplina que se lhe conhecia.

Finn Russell é o grande carburador desse tipo de jogo ofensivo e consistente, até com com um bocadinho de flair, só que é raro vê-lo na plenitude das suas capacidades: neste embate frente a Gales, esteve o mais próximo da excelência que alguma vez se viu.

A boa distribuição de jogo e a recorrente abertura do mesmo por parte de Finn, libertou todo o três-quartos de trás, que está empenhado e afinado, com Huw Jones a ter um papel aglutinante muito decisivo. Em associação com um pack que esteve muito bem nos mauls e nas mêlées, Gales não teve hipóteses na realidade, também por culpa da sua situação de transicção.

Um jogo bonito de se ver, com bons pontapés para explorar o espaço e muitos offloads a embelezarem dinâmicas ofensivas fluídas, com o lado Escocês a fazer história com estes dois primeiros jogos a ganhar (já não acontecia desde 1996); agora, segue-se o mais difícil…provar a consistência defensiva frente aos dois primeiros classificados na tabela do Mundial!

Em Dublin, a Irlanda defrontou e ganhou a França por 32-19: naquele que era o jogo mais esperado derivado às exibições de ambas as equipas, as expectativas não foram defraudadas. A equipa liderada por Andy Farrell, está uma equipa mais unida e vê-se melhores índices de fisicalidade e condição física nos atletas: os flanqueadores e o “8” em particular. A equipa Francesa parece estar mais débil mas a minha questão é, até que ponto não estará a “guardar-se” para o Mundial? Fazer os mínimos e não mostrar o jogo para tirar dividendos disso mais à frente? Porque a selecção Francesa é mais do que mostrou neste jogo das Seis Nações…

Verdade se diga, que a alegria do jogo ofensivo Irlandês foi o verdadeiro factor para esta vitória mas um Ntamack em baixo de forma e uma estranha “hesitação” Francesa, também contribuíram. Defensivamente, principalmente perto da linha de ensaio, a França esteve muito empenhada e Dupont foi intratável nesse sentido; Penaud é um caso-sério de metros ganhos mas isso não bastou para travar uma Irlanda muito motivada e tecnicamente muito competente.

Uma Inglaterra ferida no seu orgulho sem Marcus Smith a abertura e novamente com Farrell, não permitiu muitas veleidades por parte dos aguerridos Italianos, que desta feita se mostraram cansados nesta 2ª ronda das Seis Nações. Apesar do expressivo 31-14, nota-se que Steve Borthwick está a voltar ao básico e trabalhar a partir daí. A Inglaterra apresentou-se re-focada nos alinhamentos e restantes fases estáticas do jogo, com o recurso a pontapés táticos não muito compridos mas antes curtos e altos para a corrida dos seus jogadores.

Borthwick fez o mesmo quando tomou conta dos Leicester Tigers, em vias de descer de divisão: voltou atrás, trabalhou semana a semana na sedimentação de processos básicos do jogo, para mais tarde, introduzir aspectos tácticos mais elaborados e mais engalanadores do jogo. Neste jogo, a defesa foi rápida, sólida, com muita entre-ajuda e com muita efectividade mas não houve uma dinâmica consistente de ataque, o que para este jogo foi suficiente mas para os jogos que se avizinham, pode não ser.

Maro Itoje está a voltar à sua antiga forma e os flanqueadores e nr.8, foram de um trabalho e exemplo abnegados: Jack Willis que jogou 53 minutos mas conseguiu 1 ensaio, 22 placagens, 7 carris por 63m e 1 turnover; Lewis Ludlum, com muitos metros e muitas placagens e ainda Alex Dombrandt com muitos carries.

Ollie Lawrence foi o elemento mais mexido, com 10 carries por 80m e 9 placagens com uma posse e transporte de bola em ataque muito interessantes – acabou votado com o Player of the Match na sua estreia nas Seis Nações.

Há que confiar nos métodos de Borthwick vendo o que ele fez com os Tigers mas há que ter paciência, porque toda a mudança implica tempo de consolidação e porque Steve não é um modernista, é um classicista do jogo e prefere passos curtos mas sustentados.

Para este Seis Nações, não tirará dividendos com certeza mas talvez daqui a 6 meses, possa ter algo a dizer no Mundial.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS