3 destaques/detalhes da 1ª ronda das Seis Nações 2023

Francisco IsaacFevereiro 6, 20234min0

3 destaques/detalhes da 1ª ronda das Seis Nações 2023

Francisco IsaacFevereiro 6, 20234min0
A Calcutta Cup fica nas mãos da Escócia, a França quase que caía em Roma e a Irlanda domina... os principais destaques da 1ª ronda das Seis Nações 2023

A Calcutta Cup fica em mãos escocesas, a França passou por um susto (de larga escala) na visita ao campo da Itália, a Irlanda simplesmente dominou na ida até ao Millenium de Cardiff, oferecendo um início de enorme qualidade a estas Seis Nações 2023, e estes são os nossos destaques individuais da 1ª ronda da competição.

O MVP: CAELAN DORIS E UMA ASCENSÃO METEÓRICA

Caelan Doris começa a ser um caso sério no rugby irlandês, com a exibição realizada frente ao País de Gales a ser um exemplo perfeito daquilo que o nº8 oferece à selecção comandada por Andy Farrell: versatilidade na saída da formação-ordenada, velocidade na saída do chão, placagem eficaz e dominante, fisicalidade que não se fica só pelo choque mas também pela agilidade com que tenta ganhar a frente aos seus adversários, e uma visão de jogo “limpa” e lúcida, dinamizando o ataque ou defesa da Irlanda com outra dose de brilhantismo.

Na viagem até ao País de Gales, Caelan Doris marcou um dos ensaios da vitória, encaixou 18 placagens sem falhar uma, arrancou duas penalidades no breakdown, e ainda somou uns 50 metros, isto sem falar do impacto total em todos os mauls ou formações-ordenadas, conferindo outra agressividade e dureza ao pack irlandês.

Sim, Van der Merwe foi inacreditável frente à Escócia, assim como Jonny Gray, ou Ange Capuozzo no encontro ante a França, mas Doris foi perfeito do princípio ao fim, e encheu a Irlanda com uma vitalidade inacreditável até ao final do encontro.

O MOMENTO: DUHAN VAN DER MERWE DESLIZA E DESFAZ DEFESA INGLESA

Num só sprint, carregado de slaloms e fintas-de-passe, Duhan Van der Merwe deixou por terra seis ingleses, e correu desamparado, livre e solto para marcar um ensaio de antologia que ajudou a Escócia a levantar a Calcutta Cup e a derrotar um dos seus maiores rivais em pleno Twickenham. Aos 28 minutos, de um jogo que estava a começar a subir no nível de intensidade, Kyle Steyn capta a oval do ar e atira um passe na direcção de Duhan Van der Merve que, do nada, inicia um sprint louco que apanhou tudo e todos desprevenidos, irrompendo por entre a defesa inglesa.

O burburinho do estádio foi do 8 ao 80, com o ruído baixo inicial a ser rapidamente substituído por um coro de “Oh’s” e “YES” que levantaram as almas de todos os que estavam presentes, e com cada nova passada do ponta escocês iam ganhando cada vez mais eco e dimensão. A forma genial como Duhan Van der Merwe percebeu a falha defensiva inglesa, e aproveitou para arrancar aproveitando os espaços excessivamente ofertados pelos jogadores da Rosa, só adorna com mais brilhantismo um ensaio que irá ficar para a história da Escócia e das Seis Nações.

O melhor é voltarmos a ver e rever, e ficarmos de boca aberta com aquele sprint de um dos pontas mais letais da actualidade!

O AVISO: A ITÁLIA NÃO ESTÁ AQUI PARA COLHER MADEIRA

Sim, a Itália perdeu em casa frente à França num jogo em que esteve na frente por duas vezes, perdendo o controlo do jogo em momentos capitais e que acabariam por ser decisivos para o resultado final. Sim, a selecção transalpina concedeu erros que não podem acontecer frente à França – erros cometidos também pela Irlanda, Nova Zelândia, Austrália ou África do Sul nos últimos 12 meses -, e não teve lucidez para manter o foco nos últimos 5 minutos e encontrar o caminho para o ensaio, que valeria, pelo menos, o empate. Porém, quem é que esperava por uma Itália altamente agressiva, capaz de colocar o aparelho defensivo dos Les Bleus em pânico, e forçar 18 penalidades a uma selecção que tinha, até este jogo, uma folha bem positiva a nível disciplinar, sem falar das excelentes combinações de ataque, ou dos mauls dominantes.

A Itália vai ter que ir a Twickenham nesta próxima jornada, e dificilmente vai arrancar uma vitória ante a Irlanda… mas, sigam o nosso conselho quando dizemos isto: não desmereçam a Itália e não achem que não vão conseguir ganhar nestas Seis Nações 2023, porque a questão da inconsistência exibicional já não é um problema constante, e há grande vontade desta Azzurri em provar o seu crescimento, beneficiando de uma série de gerações de alta e final qualidade como Ange Capuozzo, Paolo Garbisi, Tommaso Menoncello, Lorenzo Cannone, Niccolò Cannone, Danilo Fischetti, com veteranos de um calibre inesquecível, caso de Luca Bigi ou Federico Ruzza. Não atribuam já a colher de pau destas Seis Nações a esta Itália!


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