3 destaques de Portugal vs Geórgia do Mundial de Rugby 2023

Francisco IsaacSetembro 23, 20236min0

3 destaques de Portugal vs Geórgia do Mundial de Rugby 2023

Francisco IsaacSetembro 23, 20236min0
Francisco Isaac escolhe os 3 destaques de Portugal vs Geórgia do Mundial de Rugby 2023 que terminou em empate para os "Lobos"

Portugal somou um empate frente à Geórgia e consegue os seus primeiros 2 pontos no Campeonato do Mundo, com Raffaele Storti a marcar dois ensaios num encontro inesquecível para todos. Os 3 destaques de Portugal vs Geórgia deste Mundial de Rugby 2023.

MVP: RAFFAELE STORTI (PONTA) E JOSÉ MADEIRA (2ª LINHA)

Como tinha acontecido com o País de Gales, foi me impossível escolher um destes dois nomes apontados no título, muito pelos números e impacto que ambos ofereceram dentro de campo. Vamos primeiros aos dados estatísticos:

Raffaele Storti marcou dois ensaios, correu 123 metros, forçou três quebras-de-linha, bateu sete defesas (o 2º ensaio foi um hino de como “desconjuntar” um corpo humano num estalar de dedos), somou quatro placagens e uma captação no ar;

José Madeira efectuou 18 placagens (apenas uma falhada), dois turnovers (um deles vital porque foi realizado já nos últimos 10 metros defensivos de Portugal), um alinhamento “roubado”, cinco linhas-de-vantagem conquistadas;

Agora vamos à argumentação corrida: Storti foi simplesmente intratável com a bola, arrancando um ensaio fenomenal, em que recebeu um offload extraordinário de Jerónimo Portela (prendeu a defesa georgiana toda no chão), para além de ter lançado sempre o perigo durante os 80 minutos que dispôs. A capacidade em trazer alegria e volatilidade ao ataque dos “Lobos” foi fulcral para conferir uma superioridade de facto aos “Lobos” na 2ª parte, que se sentiu em toda a linha.

Já José Madeira foi um titã entre gigantes, mostrando que não só na placagem é um dos melhores neste nível, como soube capturar a oval por duas ocasiões, impedindo que os “Lelos” conseguissem chegar mais perto da área-de-ensaio.

Outros jogadores também foram enormes, seja a dupla de centros, Nicolás Martins (31 placagens no total neste Mundial e nenhuma falhada!) ou Jerónimo Portela (os dois ensaios de Portugal tiveram nota artística do abertura).

Curiosamente, ambos são antigos internacionais sub-20 que imperaram no escalão – a par de Jerónimo Portela, Pedro Lucas, Rodrigo Marta, David Costa, etc – e que chegado a este patamar continuam a se apresentar como essenciais para Portugal.

PONTO ALTO: UMA 2ª PARTE PARA NÃO ESQUECER

A capacidade com que Portugal saiu do balneário e decidiu não só voltar ao jogo como dominar por completo todas as operações, só está ao alcance das grandes equipas mundiais. Seja o alinhamento, formação-ordenada (forçaram duas penalidades à Geórgia, numa área onde estes são experts), jogo ao pé ou bola corrida, os “Lobos” foram ditando as operações e encontrando o seu caminho até aos pontos.

Se na 1ª parte podemos falar dos constantes erros de análise da equipa, na segunda observámos um conjunto que moveu-se como um colectivo imperial, atirando os jogadores georgianos para trás em vários confrontos físicos, desmontando-lhes o maul ou fechando quase todas as portas para a área-de-ensaio.

Sempre que Portugal conseguiu forçar um turnover, víamos um conjunto que queria ir em busca do ensaio, polvilhando excelentes linhas-de-ataque que só não terminaram em mais ensaios por alguma falta de calma e paciência, como Tomás Appleton explicou no pós-jogo,

“Podíamos ter tido mais paciência em certos momentos com a bola nas mãos. Na 2ª parte voltámos a estar bem, com os avançados a dominar e podíamos ter saído com a vitória!”

Verdade é que ficaram pontos por marcar, mas concentremo-nos no bom, em como Portugal foi capaz de se agigantar e caminhar com força, querendo ir muito mais além do que uma “derrota”, mostrando uma evolução desconcertante e altamente positiva.

PONTO MAIS ALTO: NUNCA DESISTIR… NEM ELES, NEM QUEM ESTAVA NA BANCADA

Entre os gritos de “Portugal, Portugal, Portugal” e o cantar do hino a meio do jogo, a verdade é que os adeptos portugueses fizeram uma festa contínua e que foi dando um alento extra aos “Lobos” especialmente após uma primeira-parte mais fria.

A selecção nacional respondeu com força e partiu para cima de um adversário que é visto como uma das novas forças do rugby mundial, dominando por completo como já explicámos atrás. Em certos momentos em que os “Lelos” conseguiram se reencontrar, foi igualmente extraordinário ver como os adeptos e jogadores se uniram num só, parecendo o mesmo organismo dentro do estádio de Toulouse.

Houve um momento em particular – e esse vai para um dos 3 momentos da semana – que isso foi bem vísivel… numa acção de ataque, a Geórgia teve uma penalidade nos últimos 5 metros e decidiu jogar rápido. Beka Gorgadze rompeu a defesa lusa e quando parecia ir cair dentro da área-de-ensaio, um esforço monumental de Tomás Appleton e Pedro Bettencourt sonegou esses 5/7 pontos aos “Lelos”. Ao mesmo tempo, ouviam-se na bancada os adeptos portugueses a não desistir e a elevar o “Portugal, Portugal, Portugal” ao ponto que se ouvia em todos os cantos do estádio.

Esta harmonia é o perfeito retrato da imagem que a Alcateia quer apresentar ao mundo do rugby, e até aqui tem estado irrepreensível.


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