3 Destaques da meias-finais do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMaio 2, 20216min0

3 Destaques da meias-finais do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMaio 2, 20216min0
Temos finalistas do Super Rugby AU 2021 e é a final esperada entre Brumbies e Reds. A história da meia-final explicada em 3 destaques

A final vai ser a mesma de 2020, pois os Brumbies derrotaram a Western Force, e estão assim na final do Super Rugby AU 2021 que será discutido com os Queensland Reds… mas terá sido a equipa de Dan McKellar a melhor em campo neste meia-final?

O DESTAQUE: BRUMBIES DOMINAM (QUASE TUDO)

Final garantida para os Brumbies, apesar de os campeões em título terem sofrido alguma pressão nos primeiros vinte minutos por virtude dos erros excessivos na formação-ordenada e na perda constante da oval no breakdown (mérito total da Western Force que já explicaremos no último ponto), podendo assim tentar um bicampeonato neste Super Rugby AU. A exibição da equipa de Canberra foi subindo de qualidade à medida que o tempo de jogo ia avançando, com claras melhorias no aproveitamento dos alinhamentos ou penalidades, no acelerar dos processos de jogo que passou a ter mais agressividade ou, melhor, outro apetrecho incisivo sempre que viam espaço entre as unidades da cortina defensiva do seu adversário de Perth, tendo Nic White o engenho para perceber como criar dano no bloco opositor, que foi através de sucessivas inversões do sentido de jogo, e isto permitiu um ganhar sucessivo da linha-de-vantagem.

Era o tipo de desafio necessário para perceber se os Brumbies detinham ainda a capacidade de ler o mapa de jogo, perceber como melhorar e se adaptar rapidamente para tomar as rédeas do jogo não do ponto de vista de domínio territorial ou de posse de bola, mas sim do pontual, somando 17 pontos no espaço de 20 minutos, naquilo que foi um excelente aproveitamento de ter a Western Force a jogar com menos um jogador durante esse período de tempo (cartão vermelho para Toni Pulu por placagem com o ombro à cabeça).

No entanto, a boa exibição e a classificação justa para a final a ser jogada em Queensland no próximo fim-de-semana, não pode servir para esquecer os problemas existentes em alguns processos determinantes da forma de jogar dos Brumbies, como a falta de lucidez nos mauls dinâmicos ou introduções de bola no alinhamento nos últimos metros ofensivos, perdendo 5 boas situações para fazerem pontos por erros próprios (ora largavam a bola para a frente, ora era mal introduzida ou perdiam no chão), e que nas mãos dos Reds pode significar o “adeus” à revalidação do título de campeões do Super Rugby AU.

431 metros significaram 21 pontos, quando podiam ter sido quase 40 caso tivessem sido mais cínicos e focados; 6 penalidades surgiram na formação-ordenada, um dado nada típico para um elenco que gosta muito de fazer a diferença através dos seus avançados. Contudo, Brumbies deram provas que são uma equipa controladora e dominadora da posse de bola e território, com uma defesa agressiva e paciente (só duas penalidades cometidas por fora-de-jogo) e detêm 50% das possibilidades para chegar novamente ao troféu.

O “DIAMANTE”: TOM BANKS (BRUMBIES)

Nic White alimentou o fluxo de jogo dos Brumbies, Noah Lolesio orquestrou bem a movimentação de unidades e combinações, Pete Samu forçou que a defesa contrária alocasse dois jogadores para o seguirem em vários momentos, mas o MVP da meia-final tem de ser Tom Banks, não só pelo ensaio, mas pela capacidade de fazer a diferença nos detalhes e de criar sucessivas dificuldades na leitura defensiva da equipa adversária, com uma panóplia de skills de fina qualidade.

Foi, novamente, o jogador com mais metros somados no jogo com cerca de 120 (4º jogo da época a deter esta estatística), com mais quebras-de-linha (3), e com uma taxa de participação bem alta no encontro, oferecendo o seu corpo para o choque por 16 ocasiões, submetendo uma pressão complicada de gerir na Western Force e, por outro lado, dotando dos Brumbies de uma “lança” para aproveitar não só melhor os espaços mas com mais qualidade.

Pode ajudar decidir um título, e a final de próximo sábado é a oportunidade perfeita para garantir primazia pelo lugar de nº15 nos Wallabies.

O “DIABRETE”: FORCE RECUPERA E RECUPERA MAS NÃO MATERIALIZA

Os Brumbies, como dissemos, foram justos vencedores desta meia-final, não querendo isto significar que a Western Force não deteve oportunidades para sonhar com um possível improvável apuramento para o jogo do título, e basta ver pelo número de penalidades que tiveram a seu favor: 14. O que faltou portanto? Outra vontade e génio para criar problemas defensivos no bloco dos Brumbies, ou seja, velocidade maior nos processos, capacidade para inventar espaços quando a linha contrária parece completada cerrada e uma predisposição para fazer a diferença no jogo corrido. Domingo Miotti é um abertura bom nos termos tácticos, de eficácia do jogo ao pé e de organizar pacientemente as unidades de campo, porém, não é um nº10 vocacionado para acelerar os dinamismos de ataque, acabando por ser facilmente parado quando defrontado com uma defesa tão pressionante como a dos Brumbies, o que bloqueou por completo toda a estratégia de ataque pensada para esta meia-final.

Sempre que conseguiam uma penalidade a seu favor, que adveio normalmente de um excelente trabalho na formação-ordenada ou de uma defesa categórica no breakdown (destaque para Tim Anstee e Brynard Stander com 2 e 3 turnovers respectivamente), raramente tiraram o proveito correcto ou infligiram o dano certo nos Brumbies, acabando por determinar a eliminação e o “adeus” aquilo que era um sonho improvável mas possível de realizar.

O crescimento da Western Force em 2021 foi claro e não se explica só pela chegada de vários reforços de grande calibre como Tevita Kuridrani, Toni Pulu, Domingo Miotti ou Tomas Cubelli, já que foram capazes de criar uma identidade de jogo própria que merece aplausos, sediada em alto aproveitamento nas fases-estáticas e no jogo ao pé, faltando agora dar outra vida no jogo aberto e no criar situações de ataque através da velocidade, aceleração e criatividade. Fica a promessa para um Super Rugby AU 2022 de maior qualidade, caso a competição se mantenha nos mesmos moldes.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Domingos Miotti (Force) – 9 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Brumbies – 21 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Tom Banks (Brumbies) e Tom Wright (Brumbies) – 1
Melhor placador: Kane Koketa (Force) – 24 (3 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Tom Banks (Brumbies) – 1 ensaio, 120 metros conquistados, 3 quebras-de-linha e 2 defesas batidos


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