3 Destaques da Bledisloe 3 (e a 2ª parte da 2ª jornada do TRC) 2021

Francisco IsaacSetembro 5, 20215min0

3 Destaques da Bledisloe 3 (e a 2ª parte da 2ª jornada do TRC) 2021

Francisco IsaacSetembro 5, 20215min0
Arrumada está a Bledisloe 2021 e os All Blacks estão em 1º no The Rugby Championship. Os destaques do 2º jogo da 2ª jornada da competição

All Blacks e Wallabies reiniciaram o The Rugby Championship com o terceiro jogo da Bledisloe, depois de uma semana sem competição (os elencos seleccionados estavam em viagem em direcção à Austrália) e os homens de Ian Foster voltaram a dominar os seus rivais de Tasman. A curta análise ao jogo que ficou em falta da 2a jornada da maior competição de seleções do Hemisfério Sul.

O JOGADOR EM ALTA – AKIRA IOANE

Monumental exibição de Akira Ioane que, a par de Beauden Barrett, David Havili e Rieko Ioane, foi extraordinário na maior das suas acções especialmente no breakdown, onde somou 3 turnovers, placagem e avanço sistemático sobre a linha-de-vantagem, para além da boa agressividade imposta dentro das margens legais do jogo. Os All Blacks procuram incessantemente alguém que seja digno da camisola n°6 desde da saída de Jerome Kaino, e a verdade é que começa a ser o irmão mais velho dos Ioane, a opção mais segura para garantir não só estabilidade como também letalidade e uma multiplicidade de opções quando a oval pára nas suas mãos, elemento que sempre fez parte do rol de qualidades do terceira-linha dos Blues.

2 offloads carregados de capacidade para desferir um golpe profundo no adversário (ambos proporcionaram quebras-de-linha a TJ Perenara e David Havili), 82 metros de conquista, tendo sido o avançado que maior distância percorreu com a bola em seu poder, 3 quebras-de-linha e 7 defesas batidos, são números ofensivos estupendos, que explicam o porquê de ter de estar à frente de Shannon Frizell na lista de titulares.

Um último olhar para as virtudes a defender esboçadas neste encontro, Akira Ioane manteve um nível excelente constante no seu envolvimento perto ou longe do raio de acção de onde estava a oval, acrescentado boas dinâmicas na reposição defensiva após o ruck, velocidade no apoio após um pontapé de reação e aquela fisicalidade dominante (2 das suas 8 placagens foram capazes de atirar o adversário para trás) deu outra dimensão à grande prestação da avançada da Nova Zelândia neste segundo encontro do The Rugby Championship e último da Bledisloe.

O COLECTIVO QUE DESILUDIU – WALLABIES

Erros, erros e erros… A Austrália consegue o melhor e o pior quase num ápice, sendo capaz de armar um maul dinâmico capaz de arrastar os All Blacks para perder a oval perto da área de ensaio, quase sem explicação aparente; ou criar combinações de ataque soberbas, uma das quais entre Tate McDermott e Tom Banks, para depois oferecer intercepções fáceis a David Havili e TJ Perenara, que acabaram em ensaios dos seus adversários neozelandeses. Vejamos alguns dados para perceber o quanto os Wallabies criaram neste segundo encontro do The Rugby Championship (e 3° da Bledisloe): 651 metros de progressão com a oval, que só siginificaram 3 ensaios e 6 quebras-de-linha (os All Blacks com menos 120 conseguiram abrir mais “portas” na linha de defesa), tendo fintado 25 neozelandeses e arremessado 13 offloads, com três ouros a não encontrarem mãos australianas. 14 erros atacantes, 12 penalidades cometidas, conseguindo, por outro lado, roubar três alinhamentos e forçar um colapso da Nova Zelândia numa formação-ordenada, tendo inclusivé jogado contra 14 unidades durante 20 minutos.

Ou seja, os Wallabies nem tiveram maus dados numéricos no fim e até parecem dizer que o jogo foi mais dividido do que na realidade foi, pois a Nova Zelândia raramente perdeu o foco e presença mental para ditar as regras do encontro. 446 dos metros dos Wallabies deram-se entre a sua linha de ensaio e a linha de 40 metros dos All Blacks, com os restantes a serem divididos na progressão até aos 22 e, por 5 ocasiões, à linha-de-validação com só três a terminarem em ensaio, esboçando claras dificuldades no conseguir segurar a oval quando mais expostos nas acções ofensivas, caindo facilmente no breakdown e a expor demasiadas fragilidades no aguentar de pé quando era necessário não arredar os pés.

A solidez defensiva ficou comprometida quando se deu as combinações aceleradas entre Beauden Barrett e David Havili ou em situações de jogo ao pé, com as linhas atrasadas dos Wallabies a reagirem e decidirem mal naquilo que até siginificaram pontos sofridos (um pontapé mal atirado por Tom Banks significou ensaio para os All Blacks). A Austrália é capaz do melhor e pior no espaço de 80 minutos, mas as fragilidades defensivas em situações de contra-ataque ou a incapacidade de aguentar a posse de bola estão a comprometer o progresso desenvolvido por Dave Rennie, que queria terminar bem neste último jogo da Bledisloe.

OS NÚMEROS DA JORNADA

Jogador com mais pontos: David Havili (All Blacks) – 10 pontos
Jogador com mais ensaios: David Havili (All Blacks) – 2 ensaios
Equipa com mais pontos: All Blacks – 38 pontos
Equipa com mais ensaios: All Blacks – 6 ensaios
Jogador com mais placagens: Michael Hooper (Wallabies) – 15 (2 falhadas)
Equipa com mais placagens: All Blacks – 157 efectivas (em 182 tentativas)


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