3 Destaques da 5ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 28, 20217min0

3 Destaques da 5ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 28, 20217min0
Uma reviravolta surpreendente e o recorde individual de pontos, foram dois dos três destaques da 5ª jornada do Super Rugby Aotearoa e explicamos aqui

A 5ª jornada, e última da primeira volta do Super Rugby Aotearoa 2021, trouxe uma surpresa e um resultado inesperado… a derrota dos Blues na casa dos Chiefs. Os Crusaders agradeceram este resultado, solidificando o 1º lugar com uma distância já larga para o segundo, com agora os Hurricanes a tentarem procurar uma remontada na classificação. Tudo o que se passou na 5ª jornada da competição explicada pelo Fair Play.

O DESTAQUE: CHIEFS E UMA ALTERAÇÃO DE DESTINO

Quem (como nós) estava à espera de uma vitória dos Blues em casa dos Chiefs, desse por onde desse no fim dos 80 minutos, acabou por ter uma desagradável surpresa quando o juiz de jogo apitou para o fim do encontro, com a equipa de Clayton McMillan a arrancar os 4 pontos após uma jogada frenética, que foi finalizada por Damian McKenzie, o suspeito do costume. Depois de um arranque de época atribulado, com duas derrotas consecutivas (frente a Highlanders e Crusaders), os Chiefs estão agora numa senda extremamente positiva e que deve ser ainda mais valorizada pois foram capazes de bloquear o ataque agressivo e imponente dos seus rivais oriundos de Auckland, mantendo uma atitude implacável tanto na subida da linha-defensiva como no rápido apoio ao três-de-trás quando se davam quebras-de-linha, com um detalhe a ficar bem visível nesta situação de jogo: o fechar ou limitar de opções de ataque dos seus adversários.

Exemplo, quando Rieko Ioane penetrou a linha-de-vantagem e ganhou espaço para desferir um offload para Stephen Perofeta, os Chiefs não caíram no desespero, mantiveram uma atitude paciente, indo em perseguição ao nº15 em modo rede, o que fechou, por completo, as opções do jogador dos Blues em poder fazer um passe antes ou no contacto, sendo placado brilhantemente por Damian McKenzie. Aliás, o lendário polivalente dos Chiefs viria a fazer mais duas placagens salvadoras, uma em especial aos 30 minutos, fazendo frente a um desamparado Mark Telea, impedindo assim o ponta da franquia da capital do rugby neozelandês em chegar ao ensaio.

Foi este mindset de nunca desistir e não se conformar com a potencial maior fisicalidade dos Blues, de fechar espaços na defesa e de ir respondendo com o mesmo nível de virtuosismo nas operações de ataque, irritando constantemente os jogadores dos Blues ao ponto de conseguirem forçar sucessivos erros (5 penalidades foram desperdiçadas em alinhamentos, que seriam perdidos na introdução) e penalidades, para depois fechar o encontro com um ensaio de última hora.

Não foi uma exibição totalmente brilhante à la 2016 por exemplo, mas os números já estiveram mais em linha com as capacidades reais de um conjunto recheado de génios (Quinn Tupaea, Damian McKenzie, Kaleb Trask ou o Luke Jacobson) e trabalhadores exigentes (Sam Cane, Aindan Ross ou Sean Wainui) que merece outro tipo de sorte neste Super Rugby Aotearoa.

O “DIAMANTE”: JORDIE BARRETT (HURRICANES)

Não foram precisos muitos metros para que Jordie Barrett obtivesse um trio de ensaios na vitória dos Hurricanes em casa dos Highlanders, conseguindo fazer a diferença no apoio aos seus parceiros de jogo, num jogo em que os pontapés impostos pelo nº15 ajudaram a selar 4 pontos preciosos para a franquia de Wellington. O irmão mais novo dos Barrett, completou só 20 metros de conquista com a oval no seu regaço, originando quatro quebras-de-linha nas seis intervenções directas no ataque, mostrando aptidão para explorar as fragilidades defensivas dos landers, com uma robustez física decisiva no contacto, especialmente na parte do pico de explosão e na manobrabilidade das linhas-de-corrida ou na maneira como mudou o sentido de ataque, um pormenor essencial para o primeiro ensaio do jogo.

Foi, talvez, uma das exibições mais memoráveis de Jordie Barrett no que concerne aos pontapés aos postes, convertendo as seis ocasiões disponibilizadas, uma delas a mais de 55 metros dos postes de distância e caída para o lado esquerdo do campo, isto quando o relógio já apontava para os 80 minutos, tirando assim o ponto de bónus defensivo da equipa de Dunedin com esse chuto magistral. Não teve necessidade de intervir na defesa directamente, organizando bem as cortinas defensivas dos seus colegas de equipa, corrigindo os espaços e impedindo, também, dos Highlanders procurarem surpreender através do jogo ao pé, inutilizando o papel de Josh Ioane e Mitch Hunt nesse aspecto, ofuscando a estratégia da equipa da casa durante todo o encontro.

O primeiro hattrick da temporada, mais 30 pontos para o seu registo (ultrapassou Richie Mo’unga como o jogador com mais pontos marcados num jogo do Super Rugby Aotearoa) e um elemento galvanizador do ressurgimento dos Hurricanes, Jordie Barrett demonstrou as suas melhores qualidades quando a sua equipa mais precisava.

O “DIABRETE”: BLUES CONFUNDEM AMBIÇÃO COM ARROGÂNCIA

Uma derrota inesperada ou não para os Blues? Não há dúvidas que se esperava uma vitória da equipa de Leon MacDonald, até pela evolução denotada em 2020, tendo transitado para esta temporada do Super Rugby Aotearoa, como se viu nas conquistas ante os Hurricanes e Highlanders, impondo duas exibições de excelência, lançando assim a promessa de que podiam ser o adversário perfeito para os Crusaders. Infelizmente, como vimos na jornada passada, isso não aconteceu, deixando os campeões da competição completamente isolados na frente – e sem rival à altura -, enquanto os Blues tentavam perceber o que correu mal no jogo mais importante da temporada até então.

Volvidos 7 dias da 1ª derrota da época, a franquia de Auckland voltou a perder pontos na luta pelo melhor lugar na classificação – lembrar que ao contrário do Super Rugby AU, o Aotearoa é um campeonato regular, com o campeão a ser decidido ao fim de duas voltas -, e este tropeção deveu-se a três factores: fraco aproveitamento das penalidades e oportunidades nos últimos 22 metros, seja por más decisões individuais ou colectivas; fases-estáticas, em particular os alinhamentos, foram vítimas de uma instabilidade inesperada e que não se tinha verificado até a este ponto; e poucas ideias criativas do par de médios ou do combo entre o 10-15.

O primeiro ponto foi o mais crítico, já que das 9 penalidades disponíveis, 6 foram dentro dos últimos 30 metros defensivos dos Chiefs, desperdiçando 95% dessas oportunidades em alinhamentos ou formações-ordenadas, invés de tentar somar pontos “fáceis”, ou seja, atirar pontapés aos postes e garantir os 3 pontos, para depois tornarem a receber a oval e voltar a tentar chegar em território adversário. Contudo, o facilitismo e a mentalidade que o simples bater e insistir em jogadas ou mauls, e de que a defesa do elenco de Waikato iria ceder mais ou menos minuto, quando raramente esse designio aconteceu, levando os Blues à impaciência, irritação e à perda de rumo, abrindo caminho para a reviravolta dos Chiefs.

Faltou um pouco de mais atenção aos básicos e de respeito para com quem apresentou mais “fome” pela vitória.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Jordie Barrett (Hurricanes) – 30 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Hurricanes – 30 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Jordie Barret (Hurricanes) – 3 ensaios
Melhor placador: Du Plessis Kirifi (Hurricanes) – 22 (mais 2 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Quinn Tupaea (Chiefs) – 91 metros conquistados, 4 quebras-de-linha, 9 defesas batidos, 2 offloads, 9 placagens e 1 turnover

 


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