3 destaques da 5ª jornada dos Lusitanos na Rugby Europe Super Cup

Francisco IsaacDezembro 6, 20216min0

3 destaques da 5ª jornada dos Lusitanos na Rugby Europe Super Cup

Francisco IsaacDezembro 6, 20216min0
Nova vitória dos Lusitanos e 1º lugar garantindo na fase-de-grupos da Super Cup, com análise do jogo de Francisco Isaac neste artigo

Os Lusitanos estão apurados como semifinalistas da Super Cup 2021, confirmando que jogarão em casa na meia-final marcada para Abril de 2022, conseguido depois de nova grande exibição na competição, analisada pelo Fair Play em três passos.

MVP: JOSÉ PAIVA DOS SANTOS

Num jogo em que os Lusitanos não deram espaço para os Brussels Devils sonharem com a mínima hipótese de disputa do resultado, a missão de escolher só um MVP não foi/é fácil, já que alguns dos atletas da franquia lusa destacaram-se a um nível bem alto, caso de Vasco Ribeiro (forçou dois erros ofensivos contrários, sem falar das duas assistências para ensaio), João Granate (vai terminar 2021 como um dos melhores jogadores portugueses do ano, a par de Rafael Simões, muito por conta da sua facilidade em participar no ataque e de se assumir como um dos melhores defesas), Nuno Sousa Guedes, que voltou a encher o campo com constantes roturas defensivas e excelentes momentos de “magia”, etc.

Porém, neste 5º jogo dos Lusitanos na Super Cup, a opção recai em José Paiva dos Santos, pois o ponta de 20 anos do Belenenses Rugby marcou um dos ensaios do encontro, tendo ainda criado mais três situações que terminaram em pontos para o elenco liderado por Patrice Lagisquet, fazendo excelente uso não só da velocidade e poder de explosão, como do offload, criando sempre sérias dificuldades aos Brussels Devils a cada novo sprint, arrancada e intervenção neste embate que fechou o apuramento como semifinalista da competição.

Os números finais da prestação do nº14 provam o seu impacto na manobra ofensiva, especialmente no dar letalidade às acções dos Lusitanos: três quebras-de-linha, cinco defesas batidos, dois tackle busts, três offloads completos, duas assistência para quebra-de-linha de um colega, e um ensaio. Ou seja, impacto constante e decisivo na larga maioria das aparições do ponta, conferindo uma dimensão ameaçadora, efectiva e de aproveitamento excelente, sendo uma das chaves da vitória da formação portuguesa.

Com o apuramento para a fase a eliminar garantindo como primeiro classificado – garante meia-final em casa frente a uma das equipas do grupo de Este -, a fantasia, imprevisibilidade e capacidade de engenho dos jogadores fez e vai continuar a fazer a diferença nesta Super Cup, com provas de que o elenco seleccionado consegue dar cartas tanto a nível individual como colectivo.

PONTO ALTO: OPORTUNIDADES SIGNIFICAM (QUASE SEMPRE) PONTOS

Seja pelos passos de dança virtuosos de Nuno Sousa Guedes, José Paiva dos Santos ou Rodrigo Marta (Diogo Rodrigues foi quem surgiu como titular neste encontro), a genialidade táctica de João Bello, Jorge Abecassis ou Jerónimo Portela (Domingos Cabral fez uma estreia de bom nível neste 5ª jornada), a sagacidade e, também, alguma “magia” de Rafael Simões, João Granate ou Duarte Diniz, os Lusitanos têm uma máquina de ataque bem oleada e montada, que consegue fazer pontos na maioria das oportunidades criadas, impondo problemas constantes aos seus adversários, que revelam grandes dificuldades para parar o fluxo e fluidez do jogo dos comandados de Patrice Lagisquet.

Não existiam dúvidas que a vitória seria o resultado no fim destes 80 minutos, já que os seus adversários belgas não possuem um sistema de jogo minimamente equilibrando ou de consistência na movimentação da oval, para além de não terem os atributos necessários para bloquear o virtuosismo e a velocidade do ataque dos Lusitanos, sendo que a única questão era saber qual seria o pecúlio final do conjunto português.

53-14, 8 ensaios, nove quebras-de-linha, vinte e três defesas batidos, são dados minimamente reveladores da superioridade lusa, que conseguia infligir dano no bloco defensivo opositor sempre que tinha ou descobria um centímetro de espaço, com Nuno Sousa Guedes a inventar uma série de brechas, bem apoiado por Vasco Ribeiro, Tomás Appleton (este combo de centros tem estado em sintonia), João Granate, David Wallis, abrindo os corredores para oferecer situações de perigo extremo aos pontas José Paiva dos Santos ou Diogo Rodrigues, funcionando aqui todo um ecossistema ardiloso que sabe ser perigoso quer à mão ou pé, como se viu por exemplo no ensaio de Pedro Lucas (Nuno Sousa Guedes recebe um primoroso offload de José Paiva dos Santos, com o defesa a fazer um pequeno pontapé que volta a captar no momento seguinte).

Orquestra afinada, lógica de ideias bem executada e uma equipa que não tira o pé do acelerador, independentemente de já ter assegurado ou não a vitória, sendo uma clara demonstração da ambição desta franquia lusa.

PONTO A REVER: DISCIPLINA PECOU MAS COM CLARAS MELHORIAS

No ponto a rever desta semana há pouco para se criticar, uma vez que poucos foram os erros dos Lusitanos, com uma prestação extremamente sólida na defesa (dois ensaios sofridos, mais por mérito do ataque contrário que desleixe defensivo), uma elegância constante no ataque, mantendo as fases-estáticas “oleadas”, sem ceder erros clamorosos ou que criassem algum nervosismo a quem assistiu ao encontro no CAR Jamor. O único senão vai para as algumas faltas realizadas que, na realidade, nunca foram problemáticas no geral, pois ou foram originadas já dentro dos últimos metros do ataque, ou em momentos de menor intensidade, o que não ofereceu qualquer iniciativa aos Brussels Devils.

Um apontamento extremamente positivo das algumas penalidades cometidas vai para o facto dos jogadores lusos não terem entrado em discussões com a equipa de arbitragem, recuando prontamente e estarem preparados para qualquer ocorrência repentina do seu adversário, o que significou uma defesa mais equilibrada e astuta, nunca comprometendo o planeamento defensivo e de estratégia de jogo.

DADOS E NÚMEROS

Maior marcador de pontos: Nuno Sousa Guedes – 13 pontos
Maior marcador de ensaios: Manuel Picão – 2 ensaios
Jogador com maior número de metros conquistados: Nuno Sousa Guedes – 86 metros


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS