3 Destaques da 3ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 14, 20216min0

3 Destaques da 3ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 14, 20216min0
Os Crusaders continuam a semear medo no Super Rugby Aotearoa, com mais uma vitória em modo rolo compressor. A análise ao que se passou por terras kiwis neste artigo

Crusaders e Blues “limparam” os seus adversários neste fim-de-semana de Super Rugby Aotearoa, com duas vitórias contundentes e que abrem o apetite para o encontro do próximo sábado, que oporá ambos os líderes. A análise ao que se passou na 3ª ronda da competição neozelandesa explicada em três passos!

O DESTAQUE: 20 MINUTOS À LA CRUSADERS

11-10 na primeira-parte e 39-17 na segunda, ou seja, os Crusaders aceleraram até ao máximo e rapidamente construíram uma vantagem inabalável e indiscutível, com todos os elementos de mestria que têm impulsionado os campeões do Super Rugby Aotearoa para um nível extraordinário, em todos os parâmetros possíveis.

Se durante os primeiros 40 minutos, os Chiefs conseguiram, de certa forma, equilibrar o encontro, após o intervalo tudo de mudou de figura, apostando em subir agressividade a partir da intervenção do par de centros (a dupla Jack Goodhue e David Havili foi capaz de provocar pelo menos 7 oportunidades de ataque e em que duas delas terminaram em ensaios), com Mo’unga a surgir na linha-de-ataque e a ser ele próprio um dos mecanismos de penetração, sempre bem apoiado pelo três-de-trás, isto depois dos avançados terem começado a destruir por completo as formações-ordenadas e alinhamentos (4 penalidades conquistadas e 3 alinhamentos roubados), estendendo assim a passadeira da vitória com ponto de bónus ofensivo.

O pragmatismo antes do intervalo foi substituído pela irreverência, com a velocidade e o ritmo de jogo a subir de nível à medida em que iam ganhando penalidades, metros e espaço entre uma defesa dos Chiefs cada vez mais perdida e sem capacidade para fazer face ao virtuosismo técnico de jogadores como Leicester Fainga’anuku, Will Jordan, Tom Christie, Sevu Reece (intenso durante todo o encontro, o ponta foi um perigo constante e com uma vontade demolidora de massacrar a oposição) e Richie Mo’unga, que foram enriquecendo o encontro a cada nova manobra ofensiva, com isto a conferir um domínio avassalador, especialmente, os 20 minutos finais.

O “DIAMANTE”: RICHIE MO’UNGA (CRUSADERS)

Impressionante o que os Crusaders voltaram a jogar, em especial na 2ª parte, e isto foi sobretudo pela excelência e qualidade exibicional do seu médio-de-abertura, Richie Mo’unga, com este a implementar todas os retoques necessários para que os campeões em título do Aotearoa voassem em direcção a uma resultado esmagador na recepção aos Chiefs. A multiplicidade de opções que o nº10 consegue construir a favor dos saders é de um patamar máximo de qualidade, oferecendo quer perigo em passes para o exterior ou interior, mais recuado ou em cima da linha-de-defesa (os Chiefs pecaram em demasia na placagem, falhando quase 40 em 190 tentativas), quer seja através do jogo ao pé ou à mão, impondo igualmente uma frieza cientifica e uma intensidade apaixonante que dá outra envergadura ao ataque da franquia comandada por Scott Robertson.

Se nos primeiros 40 minutos Mo’unga teve menos espaço para aparecer e decidir, o mesmo não se pode dizer do que se passou na segunda metade do encontro, altura em que o internacional neozelandês começou a tomar as rédeas do jogo, arriscando ele próprio intervir directamente no ataque à linha defensiva contrária, com isto a resultar numa avalanche atacante dos Crusaders, surgindo quatro ensaios na sequência e um domínio quase completo ante os seus adversários de Hamilton.

Os dados finais do abertura impõem não só respeito mas mostram o quão fulcral é em toda a manobra ofensiva da equipa de Christchurch: 100 metros, 1 assistência, 3 quebras-de-linha e 11 defesas batidos, 7 pontapés que ganharam mais de 40 metros, 2 offloads e 5 tackle-busts.

O “DIABRETE”: INDISCIPLINA E DEFESA ALTA… UMA CONFUSÃO DOS HIGHLANDERS

Os comandados de Tony Brown tiveram uma tarde particularmente difícil na visita ao campo dos Blues, sobretudo devido a três situações: a maior intensidade e pode de aceleração do ataque adversário; a falta de noção de como limitar o espaço a Rieko Ioane (outra exibição galvanizadora do centro, com praticamente uma centena de metros conquistados), Hoskins Sotutu ou Akira Ioane; e ao excesso de penalidades cometidas a subir na defesa ou no disponibilizar rapidamente a bola ao adversário depois de placar um jogador contrário.

O último elemento acabou por ser decisivo no decorrer do jogo, com os jogadores dos Highlanders a se entregarem a uma estratégia mais arriscada no sair da linha defensiva, optando por impor uma pressão alta mas que nascia “torta”, já que alguns saíam em posição de fora-de-jogo, abrindo assim quer espaços na muralha-defensiva ou forçavam ao árbitro a aplicar uma e outra penalidade no decorrer dos 80 minutos. A franquia de Otago acabou por cometer 16 penalidades, 10 das quais por fora-de-jogo, gerando daqui dois dos cinco ensaios, sem esquecer as duas penalidades que Otere Black converteu, com isto a significar cerca de 20 pontos, o que a este nível é de se evitar.

Faltou maior qualidade para corresponder ao ataque móvel e galopante dos Blues, onde a ausência de uma concentração infinitamente mais compacta prejudicou constantemente as hipóteses dos Highlanders em saírem do seu meio-campo durante extensos períodos do jogo, apesar das tentativas de Aaron Smith em guiar a equipa no sentido certo, que não foram suficientes. A 2ª derrota da temporada tira os landers da rota do 1º lugar, mas o mais preocupante foi a forma como cederam penalidades, com uma constante precipitação evitável neste Super Rugby Aotearoa.

 

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Otere Black (Blues) – 17 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Crusaders e Blues – 39 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Vários – 1
Melhor placador: Sam Cane (Chiefs) – 20 (mais 2 falhadas)
Maior diferencial no ataque (jogador): Richie Mo’unga (Crusaders) – 100 metros, 1 assistência, 3 quebras-de-linha e 11 defesas batidos
Mais metros conquistados (equipa): Crusaders – 543


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