3 Destaques da 2ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 7, 20216min0

3 Destaques da 2ª ronda do Super Rugby Aotearoa 2021

Francisco IsaacMarço 7, 20216min0
Super Rugby Aotearoa está em alta e os Crusaders continuam a ser demolidores, em todos os sentidos. Lê a análise à jornada da competição

Crusaders continuam a dominar, Highlanders mostraram que poderão ter uma palavra a dizer e os Hurricanes continuam a mostrar que falta algo para realmente terem chances de sonhar com algo mais que os últimos lugares deste Super Rugby Aotearoa. Um olhar à 2ª jornada nesta análise à competição neozelandesa.

O DESTAQUE: CRUSADERS REINAM NA EFICÁCIA

Incontestável os 5 pontos dos Crusaders, mesmo depois de terem sofrido uns primeiros 20 minutos em que os Hurricanes carregaram e chegaram a estar na frente do resultado (a única vez que o conseguiram neste encontro), impondo novamente aquele domínio pelo qual já se fazem valer desde que Scott Robertson chegou a Christchurch. 5 ensaios, 4 deles no espaço de 15 minutos, são a perfeita demonstração da eficácia e poder de transformar uma exibição mais tumultuosa em algo demolidor, que desarticula por completo o adversário, como aconteceu com os ‘canes.

Um dos pormenores desta prestação dos Crusaders que vale a pena assinalar, é como exploraram efectivamente o cartão amarelo de Ardie Savea, transformando esses dez minutos num perfeito inferno para os seus adversários, com 21 pontos consumados sem sequer terem tido hipótese de responder, muito devido à cultura táctica dos saders, para além da frieza e controlo por completo no trabalho no contacto.

Mesmo com menos metros conquistados, igualdade no território e controlo de bola, mais penalidades cometidas e com uma percentagem inferior na placagem, poderia parecer que os Hurricanes teriam tido algum tipo de domínio ou oportunidade para sair de Christchurch com a vitória, mas, na realidade, nunca estiveram perto dessa realidade, caindo na armadilha do costume dos Crusaders, com estes a dar espaço para os erros do seu adversário e aproveitarem rápida e imediatamente essas brechas e falhas para transformar em ensaios, como aconteceu nos ensaios de Codie Taylor, em que o talonador seguiu rápido quando os seus rivais de Wellington estavam à espera de um alinhamento ou formação-ordenada.

Letalidade, voracidade e cinismo são três conceitos que os Crusaders de Scott Robertson fazem questão de valer, esventrando qualquer adversário que se exponha em demasia e não tenha uma atitude defensiva intensa e dominante, sendo o “tubarão” máximo deste Super Rugby Aotearoa.

O “DIAMANTE”: JONA NAREKI (HIGHLANDERS)

Foi o nosso destaque na 1ª jornada do Super Rugby Aotearoa 2021, e volta a merecer a honra depois de ter só percorrido 200 metros com a oval debaixo do braço, somando 4 quebras-de-linha, 10 defesas batidos, 8 tackle-busts (dois dos quais a Sam Cane e Luke Jacobson), uma assistência, 6 offloads e um hattrick. Ou seja, uma exibição monumental do ponta de 23 anos que tem sido a principal referência dos Highlanders no três-de-trás, tanto pela excelência a nível dos skills, com as fintas e qualidade de handling a serem de topo, ou pelo poder físico conseguindo não só abrir uma brecha na defesa contrária, como é capaz de atirar para trás placadores exímios, sendo neste momento um dos jogadores em melhor forma da competição.

É verdade que o Super Rugby Aotearoa só começou no fim-de-semana passado, mas como não ficar estonteado pelo que Nareki acrescenta ao jogo em si, com 300 metros de conquista, 3 ensaios, 2 assistências, quase 10 quebras-de-linha e mais uma série de outros dados estatísticos, para além de todo o embelezamento que atribui às movimentações ofensivas da franquia de Dunedin, oferecendo uma faceta ameaçadora quer seja nas jogadas combinadas ou na contrarreação ao ataque opositor, como aconteceu no 1º ensaio dos Highlanders (pontapé de Bryn Gatland foi bloqueado por Patelesio Tomkinson, com Nareka a interceptar a bola no instante a seguir).

Na 2ª parte, os Highlanders foram capazes de reequilibrar a defesa e devidamente ter a equipa estabilizada para sair mais facilmente para o ataque, promovendo assim dificuldades nos Chiefs, que tiveram dificuldades em fechar o canal 3 (o mais exterior), com Jona Nareki a ter o espaço suficiente para criar e aproveitar oportunidades, o que ajudou a promover a reviravolta de 13-20 para o 39-23 final. Inegavelmente é aquele tipo de ponta que rapidamente ganha tempo de antena no rugby neozelandês e mundial, esperando agora que mantenha o mesmo ritmo, intensidade e genialidade, de forma a sonhar com algo mais especial.

O “DIABRETE”: CHIEFS SEM FÉ NA ARTE DA PLACAGEM

Placaram mais que os Highlanders e com melhor percentagem de eficácia, mas, por vezes, os dados não contam a real história de um certo parâmetro como é este caso da defesa dos Chiefs, seja na atitude mental, compromisso físico ou na aplicação da melhor técnica.

A equipa da casa, que se estreou nesta época do Super Rugby Aotearoa, teve uma primeira meia-hora estável, em que até poderia ter dilatado o resultado caso tivesse aproveitado melhor os dois cartões amarelos dos seus rivais, só que o nervosismo e falta de paciência acabou por limitar os pontos de acesso ou tirar alguma capacidade de apoio aos movimentos ofensivos, dando uma espécie de esperança e vitalidade aos Highlanders, que aproveitariam para voltar à disputa do resultado. Indo à defesa, quando mais importava aos Chiefs terem alguma forma de responderem à mobilidade atacante do bloco contrário, nada surgiu, nem no breakdown, nem no contra-ruck, na subida da linha-defensiva ou na placagem em situações de igualdade numérica.

Se no 1º ensaio não se pode falar em falta de qualidade defensiva, pois adveio de um erro de ataque, já o 2º, 3º ou 4º sofreram todos do mesmo mal a certo ponto: a falha de placagem. Folau Fakatava passou facilmente pelo ruck dos Chiefs, sem que ninguém fosse capaz de fechar o buraco ao formação; no ensaio de Shannon Frizell, Sam Cane, Tupo Vaa’i e Brad Weber falharam todos a placagem, dando espaço de manobra ao ponta para bailar como lhe apetecia; no 4º e 5º, Anton Lienert-Brown, Nanai-Seturo e Shaun Stevenson também falharam quer na placagem ou na leitura da movimentação do ataque contrário, voltando a expor os últimos 15 metros à letalidade dos Highlanders. Em suma, erros defensivos acabaram por vitimizar uma equipa que terminou com um suposto 85% de eficácia na placagem, mas que foi incapaz de fazer dois turnovers ou de estancar a “hemorragia” que se viu na 2ª parte.

Facilidades para os Highlanders, que agradecem aos Chiefs a falta de brio na arte do placar e defender.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Jona Nareki (Highlanders) – 15
Melhor marcador de pontos (equipa): Highlanders – 39
Melhor marcador de ensaios (jogador): Jona Nareki (Highlanders) – 3
Melhor placador: Tom Christie (Crusaders) – 19 (mais uma falhada) e 2 turnovers
Maior diferencial no ataque (jogador): Jona Nareki (Highlanders) – 3 ensaios, 200 metros conquistados, 4 quebras-de-linha, 10 defesas batidos;
Mais metros conquistados (equipa): Hurricanes – 503


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