3 Destaques da 1ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacAgosto 8, 20225min0

3 Destaques da 1ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacAgosto 8, 20225min0
Springboks e Wallabies arrancam o The Rugby Championship com vitórias, e Francisco Isaac explica o que se passou nesta 1ª ronda da competição

Os Springboks demonstraram porque são a melhor equipa a nível mundial, com uma vitória imponente em casa ante o seu maior rival de sempre, enquanto os Wallabies souberam sofrer e esperar até arrancarem 5 pontos na sua visita à Argentina, e lançamos os três destaques deste primeiro fim-de-semana do The Rugby Championship 2022.

MVP: MALCLOM MARX (SPRINGBOKS)

Segunda maior vitória de sempre dos Springboks sobre os All Blacks, atirando um dos seus principais rivais da oval para 5° lugar do ranking mundial, e com quase todos os jogadores do conjunto sul-africano a imperar neste primeiro encontro de dois a contar para o The Rugby Championship 2022. De um Handré Pollard genial no sentido táctico e estratégico (especialmente na saída do jogo ao pé), a um Siya Kolisi brutal na placagem e de voz de comando sempre bem afinada, a escolha do MVP da semana tem de ir para Malcolm Marx, o terceira-linha disfarçado de talonador (ou será o contrário), que entre os vários dados estatísticos assinaláveis, o de ter conquistado cinco turnovers no breakdown é o que demonstra melhor o real impacto do n°2 na manobra de defesa/contra-reação dos campeões do Mundo em título.

Quase perfeito nas introduções no alinhamento, comprometido nas acções defensivas individuais, rápido e ágil no levantar do chão e voltar a se apresentar como unidade disponível para jogar, Malcolm Marx foi um constante desassossego para os All Blacks, com estes a serem vítimas constantemente da excelência dos atletas da África do Sul e da estratégia montada por Jacques Nienaber e Rassie Erasmus. Constantemente questiona-se quem são os melhores do mundo por posição, e não há mínima dúvida que os Springboks detêm os dois melhores talonadores do momento, com Malcolm Marx e Bongi Mbonambi a serem os actuais reis na “cabeça” da avançada, seja pelo compromisso físico contínuo e inquebrável, a resiliência mental que injecta uma dose de agressividade temperada, ou os seus particularismos técnicos distintos que os empurram para este trono.

Que exibição individual de Marx e colectiva dos Springboks para começar o The Rugby Championship da melhor forma!

O MOMENTO: WALLABIES VÃO AO PONTO DE BÓNUS

Emotivo, acelerado, extremamente acelerado aliás, e imprevisível até à última centelha de segundo, o Argentina-Austrália ofereceu uma excelente exibição de ambos os lados, com os visitantes a somarem não só os 4 pontos de vitória, como ainda foram capazes de adicionar o ponto de bónus extra tudo graças a um ensaio na última jogada do encontro, que tanto mostrou a necessidade dos Pumas de equilibrarem as emoções como a genialidade técnica dos Wallabies.

Num encontro em que a equipa da casa esteve na frente até aos 65′, a Austrália nunca perdeu o rumo, mantendo a “cabeça” fresca e com os olhos colocados em ganhar metros a partir da recepção de pontapés, dobrar o adversário pelas fases-estáticas e acelerar a oval sempre que passassem da linha de meio-campo, com Reece Hodge a liderar bem na posição de 10 (Quade Cooper saiu do encontro cedo, tendo feito uma rotura total do tendão de Aquiles), bem apoiado por uma avançada cada vez mais refinada e um par de centros que pode ser o novo combo de sucesso destes Wallabies de Dave Rennie.

Voltando ao momento, a Austrália já tinha a vitória assegurada e precisava de só mais cinco pontos para chegar ao tal ponto extra, o que forçava manter a bola viva, existindo o real risco dos Pumas em conseguirem também um ensaio… Aos 84 minutos, numa saída em contra-ataque da Argentina, e com estes até terem superioridade numérica, a oval acabou caída para o chão que foi rapidamente reciclada por Marika Koroibete, com o ponta a atirar aquele offload apimentado na direção de Jake Gordon.

A partir de aí foi sempre a jogar rápido e entre as duas últimas unidades, dando Hunter Paisami a oval para que Len Ikitau fechasse o resultado, lançando os Wallabies em altos festejos, merecidos muito pela qualidade de jogo e por acreditarem em si até para lá do limite, estando, neste momento, em 1º lugar do The Rugby Championship.

A FAVA: ALL BLACKS SÃO 5°S DO MUNDO

Ian Foster teve a audácia de dizer, após o encerramento da derrota frente à África do Sul, que,

“O nosso melhor jogo deste ano, sem dúvida.(…) Num jogo muito defensivo, mostrámos que estamos melhor nesta área do jogo. (…) Conseguimos anular boa parte do jogo deles de avanço com a bola controlada ou no maul.”.

Estas palavras, entre outras, lançaram os adeptos neozelandeses numa fúria ainda maior, com os poucos defensores de Ian Foster a optarem pelo silêncio uma vez que os All Blacks perderam por 16 pontos de diferença (ficaram a três da derrota mais pesada de sempre frente aos Springboks) e foram totalmente dominados em quase todos os aspectos, com a avançada praticamente engolida, ou as linhas atrasadas a não terem espaço de manobra ou ideias para causarem real perigo frente à África do Sul.

O seleccionador da Nova Zelândia continua a viver num mundo só seu, que já ofertou a primeira derrota de sempre frente à Argentina, a primeira derrota ante a França em quase 40 anos, e ainda o perderem de umas Series internacionais em casa pela primeira vez na sua história, com o agora 5° lugar do ranking a ser o ponto mais baixo de sempre dos All Blacks, uma seleção cada vez mais diminuída, vulnerável e frágil aos olhos de todos. Fairplay senhor Foster, especialmente pela audácia de afirmar que a equipa está próxima de voltar ao seu melhor.

Será que a próxima semana marcará o fim de Ian Foster como seleccionador dos All Blacks, caso perca na 2ª ronda do The Rugby Championship?


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