The Rugby Championship 2022: 3 dúvidas a desfazer

Francisco IsaacAgosto 1, 20226min0

The Rugby Championship 2022: 3 dúvidas a desfazer

Francisco IsaacAgosto 1, 20226min0
Vão os All Blacks renascer? Conseguirá a África do Sul vencer? A Austrália vai ganhar? E a Argentina em que ponto está? O The Rugby Championship 2022

Agosto, mês de calor no Hemisfério Norte e de pausa (finalmente) no rugby quer de franquias, clubes ou selecções, o que permite ao Hemisfério Sul ficar com o palco e toda a atenção para si, uma vez que o The Rugby Championship 2022 arranca já neste fim-de-semana, com Springboks a receber os All Blacks para dois encontros, enquanto Wallabies viajam até à América do Sul para defrontar os Pumas, dando um pontapé de saída de altas proporções. Mas quem vai ganhar? E que pressão extra cada um dos participantes está a sentir? Para responder a estas questões, avançamos com três perguntas, ou, melhor, três dúvidas que serão respondidas dentro de campo…

QUESTÃO 1: SPRINGBOKS TRUCIDAM ALL BLACKS?

A questão magna, que todos querem resposta: teremos uma África do Sul impiedosa que poderá pôr um fim à carreira de Ian Foster como seleccionador dos All Blacks, colocando os neozelandeses ainda mais numa maré negativa? Se olharmos só para o momento de forma, confiança, capacidade anímica e domínio nos parâmetros que importam, é possível alocar 60% a 70% do favoritismo aos campeões do Mundo em título, estando visivelmente melhores em todos os aspectos, mesmo que o tipo de rugby não seja o mais perfumado ou “belo” de acordo com os apreciadores de uma estratégia de maior envolvimento dos 3/4’s ou de subida do risco na manipulação à mão da oval.

Sim, há a questão de que os neozelandeses, vencedores em18 torneios do Tri-Nations/The Rugby Championship, consigam aproveitar este momento negativo para recuperar forças e ganharem o embalo necessário para dar a volta, desenhando um ponto final nesta sequência de derrota atrás de derrota, mas, perante um elenco como a África do Sul, que faz questão de ser competente nas formações-ordenadas, alinhamentos, mauls, no ligar de unidades a partir do seu médio-de-abertura e de alta fasquia na questão da fisicalidade, terão essa força? Dificilmente.

Poderemos ter uma espécie de Springboks vs All Blacks de 2017 mas ao contrário, com os sul-africanos a ganharem por números históricos no seu próprio campo? Difícil… contudo, mais difícil será a missão da Nova Zelândia em sair “viva” e a respirar bem de um dos locais mais difíceis de jogar no Mundo.

QUESTÃO 2: OS MENINOS DE RENNIE TOMAM DEFINITIVAMENTE O RUMO DO “BARCO”?

Lachlan Lonergan, Nick Frost, Fraser McReight, Rob Valetini, Harry Wilson, Tate McDermott, Noah Lolesio, Len Ikitau, Hunter Paisami, Jordan Petaia, estes são alguns dos jogadores mais jovens da convocatória dos Wallabies para este The Rugby Championship, com a larga maioria a possuir alguma importância na estratégia actual de Dave Rennie, abrindo caminho para uma nova era na Austrália. Porém, será que é em 2022 o momento em que tomam o porta-estandarte e assumem-se como a força dianteira dos Wallabies? Bem, infelizmente, não há resposta contundente ou clara para essa pergunta, uma vez que olhando para os últimos seis jogos da selecção australiana, foi possível vislumbrar uma mistura de lançamentos dos mais jovens, como um optar pela cavalaria mais experiente em detrimento de um dos novos “diamantes”, o que é perceptível perante aquilo que o seleccionador procura estimular e construir nestes próximos 14 meses pré-Mundial.

Valetini, Wilson e McReight são, possivelmente, os futuros donos da 3ª linha dos Wallabies, podendo aparecer como titulares o primeiro e o segundo – com o lendário Michael Hooper na posição de 7 -, enquanto McDermott e Lolesio ainda não experienciaram um jogo em que ambos foram titulares a este nível, tendo ambos as competências para começar a ganhar terreno… já Ikitau e Paisami serão peças importantes, sendo que só o segundo goza do estatuto de titular na maioria dos casos.

E, finalmente, Jordan Petaia, a maior coqueluche actual do rugby australiano, massacrado por pequenas lesões, e que necessita de alguma “paz” nesse sentido para finalmente agarrar o seu lugar no XV titular. Ou seja, todos estes nomes têm algum peso real na estrutura que está a ser desenvolvida pelo staff técnico australiano, e talvez neste The Rugby Championship poderemos ter uma maior abertura por parte de Dave Rennie em dar espaço a estes “miúdos” para obterem um papel de outra força na selecção.

QUESTÃO 3: É FINALMENTE A HORA DOS PUMAS?

Desde 2015 que a Argentina vem sofrendo uma espécie de estagnação/queda em termos de resultados e expansão do seu rugby, com três seleccionadores a terem passado pelo lugar que é agora ocupado por Michael Cheika, com isto a forçar a perguntas sobre a real dimensão dos Pumas. Têm capacidade para ombrear com os seus parceiros no The Rugby Championship? As vitórias conquistadas frente aos All Blacks em 2020, Austrália (2019) e África do Sul (2019) foram apenas uns pormenores num registo competitivo pouco positivo?

Não conseguindo, mais uma vez, oferecer uma resposta clara e concisa, há que tomar em conta dois detalhes que podem ajudar-nos a perceber aonde está a Argentina neste momento: idade e experiência da maioria dos seus activos; e novas estruturações na ARU, com o objectivo de conferir outra categoria aos seus atletas, e a possibilidade do profissionalismo a um número maior de jogadores. Sim, o elenco de 36 jogadores convocados por Michael Cheika é, praticamente, o mesmo comparado com o que esteve presente no Campeonato do Mundo de 2019, não sendo isto algo mau, pelo contrário, pois há uma linha de continuidade e uma coerência de processos que, apesar de ainda não ter dado o clique, pode estar perto de atingir o seu expoente máximo.

Pode não ser um rugby tão massivamente estruturado em comparação com os Wallabies, Springboks ou All Blacks, mas a verdade é que a Argentina tem de procurar outros mecanismos para quebrar os seus rivais deste torneio, e com jogadores experientes como Agustín Creevy, Nahuel Chaparro, Facundo Isa, Pablo Matera, Nicolás Sánchez, Matías Moroni, Matías Orlando, Santiago Cordero, Juan Imhoff ou Emiliano Boffelli, os Pumas aproximam-se de algo positivo, caso Cheika consiga afinar algumas áreas. As duas vitórias em três jogos frente à Escócia não foram por acaso, e aquela reação final no último encontro ante a selecção do Hemisfério Norte é algo que parecia estar desaparecido desde 2015…

Com equipas a participar na SLAR e Currie Cup, com a Argentina “A” a ter feito um tour pela Europa enquanto a selecção principal estava a jogar em casa, e a presença de diversos atletas nas maiores ligas de rugby a nível internacional, a Argentina está, definitivamente a correr em direcção ao século XXI.


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