Recordes e mais recordes na WNBA 2023
A NBA costuma lançar tendências para o basquete; a principal liga do mundo produziu inovações nos últimos anos que se espraiaram para todos os cantos do globo. A dinastia do Golden State Warriors impôs um estilo ofensivo pautado pela velocidade na movimentação, na preponderância dos chutes de três e no uso do small ball, formação sem um pivô de ofício. Inevitável que a WNBA sofresse a influência, reforçada pela chegada da técnica Becky Hammon ao Las Vegas Aces.
Até então assistente do San Antonio Spurs, a técnica conquistou o título na temporada de estreia, com grande afluxo de ideias oriundas da NBA. Além dos fatores já citados, a alternância entre defesa individual e zona é outra característica; não à toa, vemos na atual temporada muitos placares centenários.
O aumento da temporada regular para 40 partidas por equipe também impactou nos recordes da liga e 2023 vem presenciando muitas quebras de recordes. Algumas marcas merecem destaque.
A maioral
A diferença na quantidade de partidas deixa alguns recordes desproporcionais. Porém, no quesito de pontuação, nenhuma relativização consegue ofuscar o brilho de Diana Taurasi. A ala-armadora já se tornara a maior pontuadora da história da liga em 2017, ao ultrapassar Tina Thompson; nesses seis anos, ela tratou de ampliar sua vantagem, culminando com a incrível marca de 10 mil pontos na carreira.
A marca foi atingida em 3 de agosto, na vitória do Phoenix Mercury sobre o Atlanta Dream, por 91 x 71. Estava tudo preparado para o novo recorde, mas Taurasi decidiu elevar o impacto do jogo à décima potência, como sói nos gênios do esporte. Não contente em atingir os 10 mil pontos, Taurasi ainda fez impressionantes 42 pontos, com 57 % nos arremessos de quadra (12/21) e 6/13 nos tiros de três. Isso tudo aos 41 anos, sendo a peça chave de uma franquia em reconstrução, sem contar com as demais estrelas do elenco.
Taurasi possui lugar cativo entre os grandes da histórias do basquete e, a essa altura de sua carreira, próxima do fim, cabe a nós admirar cada momento dela em quadra. Mesmo que os resultados nos últimos dois anos não sejam animadores, DT segue conduzindo sua equipe, implantando uma mentalidade vencedora.
Em uma liga que viu Cynthia Cooper, Lauren Jackson, Tina Thompson e Tamika Catchings, nada se compara a Diana Taurasi.
A’ja na trilha da história
Não basta ser eleita defensora (DPOY) e melhor jogadora da temporada (MVP) em 2022; não é suficiente sagrar-se campeã; pouco ter uma estátua na frente do ginásio de sua universidade. Para A’ja Wilson, o céu é o limite. No basquete, vence quem pontua mais e a pivô do Aces executa essa tarefa como uma máquina.
Na noite do último dia 22, A’ja igualou o recorde de pontuação em uma partida, ao anotar 53 pontos na vitória sobre o Atlanta Dream (franquia predestinada a testemunhar recordes), por 112 x 100. Ela iguala o recorde de Liz Cambage, obtido em 2018, quando defendia o Dallas Wings.
Seus 69% de aproveitamento foram essenciais para o Aces abrir vantagem no terceiro quarto, quando enfim se descolou no placar. Não contente em assegurar a vitória, A’ja seguiu acelerando nos dez minutos finais e atingiu o recorde nos minutos finais da partida, ao cobrar 2 lances livres de falta técnica. A agressividade da pivô garantiu pontos na média distância e principalmente nos lances livres (20/21), com apenas um arremesso tentado (e convertido) de três.
Foi a segunda partida da pivô com mais de 40 pontos na temporada. A’ja, entretanto, não é a única a impressionar pelas noites de alta pontuação: Breanna Stewart, outra forte concorrente a MVP da temporada, já anotou três partidas com mais de 40 pontos.
Triplos-duplos viraram rotina
Até o ano passado, triplos-duplos eram raros na WNBA, feitos por jogadoras fora do comum. No total, foram 28 na história da liga, sendo 9 apenas em 2022. A tendência intensificou-se neste ano, com 8 triplos-duplos e muita água pra correr na temporada. O jogo está mudando e a nata do basquete feminino protagoniza uma verdadeira revolução.
Se A’ja Wilson e Breanna Stewart rivalizam a disputa pelo prêmio de MVP, alavancadas pela alta pontuação, a terceira candidata figura na lista devido à sua produção em todos os quesitos do jogo. Alyssa Thomas lidera o Connecticut Sun em rebotes e assistências, sendo a segunda cestinha do time; a bem da verdade, os 10 rebotes por jogo colocam a ala-pivô na liderança da liga e as 7,9 assistências a situam na segunda colocação.
Alyssa Thomas transformou-se na principal all around player da liga, índice simbolizado pelos 5 triplos-duplos obtidos em 2023, recorde absoluto na história da WNBA. Ela prescinde do arremesso confiável para alavancar sua equipe às vitórias, compensando em todas as dimensões de uma quadra de basquete.