As quartas-de-final da LBF vêm aí

Lucas PachecoJulho 12, 202310min0

As quartas-de-final da LBF vêm aí

Lucas PachecoJulho 12, 202310min0
A LBF está de volta depois do Brasil ter conquistado a Copa América e Lucas Pacheco traz-nos os confrontos destas quartas-de-final

Após a inebriante conquista da seleção brasileira da Copa América de basquete feminino, responsável pela interrupção de um mês, a Liga de Basquete Feminino (LBF) retorna no final desta semana. Em ritmo de playoff, superada a fase de classificação onde as oito participantes enfrentaram-se em turno e returno, as partidas envolvem os confrontos das quarta-de-final, disputadas em séries ‘melhor de três’. Quem vencer dois jogos, avança para a semi-final e elimina sua adversária.

Não há momento a perder, sob risco da eliminação precoce. Para avançar, após uma significativa parada, será preciso intensidade e plano de jogo desde a bola ao alto, sem direito a hesitação. Uma breve prévia dos duelos ajudará a encarar essa maratona.

Sesi Araraquara (1) x Ituano (8)

FOTO – ITU X SESI

Por qual estatística se procure, será difícil achar alguma com superioridade do Ituano. A lanterna da fase regular (3v e 11d) tem uma tarefa árdua: derrotar duas vezes a melhor equipe da competição (13v e 1d), sendo ao menos uma delas fora de casa. O técnico Antonio Carlos Barbosa, cabeça do projeto campeão da liga em 2021, retomou o comando técnico no início da temporada e piorou a campanha, já desanimadora, da temporada passada. Com excesso de armadoras (Joice, Larissa, Isinha, Aninha) e pivôs (Monique, Karina Jacob, Bianca, Maria Carolina), o time teve um desempenho ruim e o desequilíbrio na formação do elenco refletiu na dependência dos chutes longos da veterana ala Palmira.

Sem sucesso até então, a equipe esboçou uma reação com a chegada da pivô Monique, egressa de ótima atuação na liga portuguesa; ela melhorou a defesa interior e assumiu o controle dos rebotes. Sua chegada fez crescer o desempenho de Joice e ambas foram as principais responsáveis pelas parcas vitórias. Mas fórmulas mágicas costumam ter validade curta e logo as derrotas voltaram a aparecer. De qualquer maneira, será na dupla que recairá as esperanças da torcida.

Do outro lado, a equipe adversária simboliza o melhor basquete praticado na liga: movimentação ofensiva sem a bola, defesa pressionada, rotação definida e bons desempenhos individuais, que alavancam a candidatura de Aline Moura para MVP. O padrão tático possibilita muitos chutes de três (3 arremessos tentados a mais que a segunda colocada no quesito) e a liderança de assistências. O domínio araraquarense estende-se para todas as áreas de uma quadra de basquete e confluíram para as duas vitórias nos confrontos diretos da fase de classificação, com diferença acima dos 20 pontos.

Palpite: Sesi por 2×0

Sampaio (2) x Sodiê Mesquita (7)

FOTO – SOD X SAMP

Outro confronto com clara favoritismo para a equipe melhor colocada (10v e 4d), com vantagem de sediar um eventual jogo desempate. Por mais críticas ao Sampaio, parte delas provem das expectativas criadas pela disparidade de investimento e pela qualidade do elenco formado; a equipe maranhense reuniu boa parte da seleção brasileira e ainda acrescentou a craque argentina Meli Gretter. Como já virou costume, a formação vista no primeiro turno mudou radicalmente em relação à que fechou a fase regular – e ainda terá a estreia de Rapha Monteiro (MVP da liga portuguesa).

A impressão é que o técnico Silvio Santander busca o melhor quinteto e que as jogadoras não atingiram o entrosamento necessário. Porém, há talento de sobra para não temer a equipe fluminense, cujas ambições recaem sobre os ombros de Thayná, bi-MVP das duas últimas edições da LBF. Mesquita chegará até onde sua craque conduzir; é ela quem centraliza as ações ofensivas e o motor e termômetro do conjunto.

O conjunto mesquitense escorregou na fase de classificação (3v e 11d) e se livrou da lanterna apenas nos critérios de desempate. O time se ressente de uma pivô dominante e figurou na penúltima colocação nos rebotes; há ainda o problema crônico, visto em temporadas anteriores, da transição defensiva e a defesa pressão não surte o mesmo efeito na atual temporada.

Todos os indícios apontam para uma varrida do Sampaio; convem, entretanto, não desmerecer o Sodiê Mesquita. Sampaio é um time bem melhor, com muito mais peças, mas sofreu na partida direta do segundo turno. Thayná é daqueles talentos capazes de produzir vitórias e, quando bem escoltada, surpreender equipes mais poderosas.

Palpite: Sampaio por 2×0

Unimed Campinas (3) x Bax Catanduva (6)

FOTO – CAT X CAMP

Aqui, as coisas começam a complicar um tanto, embora o Unimed Campinas figure como claro favorito. A equipe, vinda do vice-campeonato em 2022, quase encerrou suas atividades e confirmou a participação às vésperas da competição, quando conseguiu um novo patrocinador máster. Nessas condições, com pouco tempo para negociar, esperava-se um elenco menos afinado e com mais dificuldades.

De fato, os primeiros jogos deixaram dúvida sobre os limites do time, muito dependente do trio Bia (armadora), Iza Sangalli (ala-pivô, ambas componentes do elenco vice) e Cacá (ala-armadora contratada após sua passagem por Itu) e do desenvolvimento de jovens valores. Aos poucos, o entrosamento chegou e evidenciou a identidade tática proposta pelo técnico Alemão: defesa forte no 1×1, comunicação e cobertura e liberdade para Sangalli (a outra concorrente a MVP) operar como organizadora a partir do cotovelo.

Fórmula parecida à do ano passado, incrementada pela chegada dos reforços europeus, que fortaleceram a posição mais carente do elenco, o garrafão. A equipe viveu uma fase regular crescente e a terceira posição, antes inimaginável, consolidou-se na campanha de 8v e 6d. Com mando de quadra, as campineiras são favoritas, inclusive pela ampla superioridade vista nas pranchetas e nos planos de jogo. Na fase regular, duas vitórias tranquilas de Campinas.

Catanduva começou a liga animada pelas contratações, possibilitadas graças à evolução na gestão e captação do projeto. Contando com quinteto titular experiente e peças de reposição em todas as posições, as expectativas eram altas e, apesar de não se confirmarem na totalidade, promoveram a subida na colocação (5v e 9d, frente à vice-lanterna em 2022). Falta coesão tática no conjunto e a equipe deve se beneficiar da longa parada. Dependendo da evolução vivida neste mês por Catanduva, o clássico do interior tem todos os ingredientes para uma série equilibrada.

Palpite: Campinas por 2×0

Santo André (4) x Blumenau (5)

FOTO – SA X BLU

De longe o duelo mais equilibrado das quartas-de-final, e cujo desenlace pode pender para qualquer lado. Santo André renovou o elenco de apoio à dupla (e casal) Lays e Sassá, com a chegada da dupla (e casal) de alas Tássia e Yasmim. O ímpeto e aceleração característicos da equipe intensificaram-se, uma vez que a defesa fortíssima de Yasmim cobre e possibilita a saída rápida para o ataque; Tássia segue com sua pontaria calibrada e, com menos responsabilidade, destaca-se como segunda opção ofensiva.

A pivô Glenda, quinta peça do time titular, sofreu com lesões e a ausência de uma reposição à altura obrigou a formações mais baixas – e ainda mais velozes. Evelyn vem bem do banco e produz faíscas importantes para uma equipe tão intensa. O técnico Choco limitou a participação das jogadoras jovens na rotação e esse componente pode pesar em uma série tão equilibrada.

A técnica de Blumenau, Bruna Rodrigues, tampouco apostou na parte jovem do elenco e restringiu sua rotação a sete jogadoras. O time oscilou bastante durante a fase regular, com um início ruim, melhora com a chegada da ala-pivô Lee Lisboa e voltou ao patamar inicial na reta final (6v e 8d). É um conjunto que não hesita em arremessar de três e que, tal qual seu adversário nas quartas, faz pouco uso de pivôs altas e dominantes. Porém, trata-se de um núcleo bem consolidado e entrosado com anos de companhia: Leila, Mari Camargo, Luana e Kaw se conhecem muito bem.

Provavelmente, as partidas mais disputadas das quartas acontecerão neste duelo. E mais que nos outros confrontos, ajustes táticos mínimos devem fazer a diferença. Santo André levou a melhor nos dois jogos da fase regular, mas notamos a queda na diferença dos placares. Blumenau demonstrou, em 2021, seu poder de chegada e o favorito santo André deve entrar com intensidade alta para evitar surpresa.

Palpite: Santo André vence por 2×1


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