Portugal nos Jogos (Dia 6): Jorge Fonseca é de bronze!
E ao 6º dia, Portugal conquistou a sua primeira medalha nos Jogos Olímpicos, pelo esforço, sacrifício e talento de Jorge Fonseca, isto depois do judoca português ter conseguido aguentar os problemas físicos que lhe roubaram um lugar na final da categoria de -100kgs. A vela também teve novidades e destaques, como explicamos em mais uma página do acompanhamento à actividade lusa em Tóquio.
Artigo por João Camacho (judo), Francisco Isaac (vela) e João Bastos (natação)
O DESTAQUE DO DIA: O BRONZE É DE JORGE FONSECA
Ontem apostei que hoje era o dia da medalha. Depois de grandes prestações da equipa Portuguesa no Nippon Budokan, onde decorre a competição Olímpica de Judo, e destaco mais uma vez o 5º lugar de Catarina Costa nos 48Kg, começava a pairar no ar aquela sensação de injustiça de uma equipa com tanta qualidade, claramente o melhor grupo de Judocas que Portugal apresentou nuns jogos Olímpicos, sair de Tóquio sem uma medalha. Mas não, Jorge Fonseca fez questão de não permitir que isto acontecesse e fez história, ao juntar ao seu título de Bicampeão do Mundo o Bronze Olímpico.
Jorge entrou demolidor na competição, ao derrotar em menos de 17 segundos o belga Nikiforov, judoca que se sagrou campeão da Europa em Lisboa, campeonatos que decorreram em Abril na Altice Arena. No combate dos quartos-de-final, onde teve pela frente um velho conhecido, o Russo Iliasov com quem disputou a final do campeonato do Mundo de 2019, assistimos a uma maratona de 8 minutos, onde a merecida vantagem tardou mas acabou por acontecer, no entanto, este combate deixou sequelas, físicas e anímicas. Muita ansiedade, muito cansaço, um clima adverso ao desporto devido à humidade, condicionaram Jorge no combate da meia-final, frente ao campeão do Mundo de 2018, o Coreano Cho.
O português ficou com limitações na mão esquerda, que bloqueou com cãibras, o que veio a condicionar o seu judo. O coreano, experiente, acabou por marcar uma vantagem a 20 segundos do fim que viria a ser decisiva no desfecho do combate. Depois veio o combate para o Bronze, que se perspetivava difícil, frente ao fantástico Judoca Canadiano, Helnahas. Uma derrota numa meia-final de uns jogos Olímpicos deixa mazelas e é aqui que o treinador e a equipa técnica têm um papel fundamental.
Pedro Soares, treinador de Jorge desde que este vestiu pela primeira vez o fato de judo (Judogi), teve de “reprogramar” Jorge, para recuperar de uma derrota, muito marcante, e ir atrás da medalha, e conseguiu! Num combate muito duro, em que ficou evidente o enorme desgaste dos dois Judocas, Jorge acabou por marcar um wazari, já no ultimo minuto, e fez história! Jorge Fonseca conquista a 3ª medalha de bronze da história do Judo Português, depois de Nuno delgado em Sidney 2000 e Telma Monteiro no Rio 2016. O Judo Português tem, em Tóquio, a sua melhor participação da história! Um dia MEMORÁVEL! P.S.-E ainda Falta Rochete Nunes entrar em ação!
O momento da conquista ?
Bravo, Jorge Fonseca! ? #EuSouOlímpico
? @rtppt pic.twitter.com/8ZpBZrY7B3— Sporting Clube de Portugal ? (@Sporting_CP) July 29, 2021
O QUE ESTÁ EM ABERTO: JORGE LIMA E JOSÉ COSTA PERTO DO TOP-6
Começou bem o dia para a dupla de 49rs portuguesa em Tóquio, com um 5º lugar conquistado na 5ª regata (mais 55 segundos do que os 1ºs classificados, que foi a Dinamarca com 29 minutos e 43 segundos), abrindo assim esperança para atingir um lugar na medal race, com só os primeiros seis finalistas a passarem às últimas regatas desta luta por um lugar no pódio. Porém, um erro na 6ª regata significou uma desqualificação e, temia-se uma queda complicada na geral, podendo ficar muito longe da medal race, mas que acabou atenuada devido à desqualificação das equipas Suíça, Brasil e Irlanda, com isto a permitir à dupla portuguesa fixar-se no 8º lugar tendo boas possibilidades para atingir um sonho.
Em termos da qualidade técnica, Jorge Lima e José Costa têm apresentado uma melhoria constante desde a 1ª regata, torneando bem os postes de controlo, com a dupla a exercer bons pontos de convergência com o vento e ondas (o tufão complicou algo as provas, com as equipas a mostrarem uma boa capacidade de adaptação), apesar das classificações finais não estarem a ser constantes, para o bem e mal: 11º-6º-9º-6º-5º-DQ. Depois de um dia em Zushi (isto depois de Enoshima e Sagami), segue-se um dia em Kamakura (da 7ª à 9ª regata) e, finalmente, um em Enoshima para apurar os campeões e restante top-6 dos 49’s.
OUTROS DESTAQUES
João Paulo Azevedo não melhorou as marcas dos primeiros dias no tiro com arma-de-caça, e acabou em 20º lugar com 120 tiros em 125 possíveis, nesta que foi a sua estreia em Jogos Olímpicos.
Carolina João continua a cruzar na vela, na categoria laser radial, com 26º e 31º lugares na 7ª e 8ª regatas, o que significa uma subida ao 33º da geral. Faltam duas regatas para fechar a competição feminina de laser radial e ainda existe possibilidade de chegar ao 30º lugar para a velejadora portuguesa.
Patrícia Sampaio é a jovem deste fantástico grupo de Judocas, que Portugal trouxe até Tóquio. Depois de derrotar no primeiro combate a adversária Venezuelana, Karen Leon, Patrícia teve na segunda ronda uma adversária de peso, a atual campeã do Mudo, a Alemã Anna-Maria Wagner. O combate começou praticamente com a vantagem da Alemã, que condicionou muito a Portuguesa, que não teve capacidade de responder e acabaria por sofrer o segundo wazari a meio do combate e acabar derrotada e eliminada da competição. Destroçada, Patricia partilhava que treinou para mais, muito mais, e todos sabemos disso. A sua juventude, enorme currículo, dedicação e qualidade são garantias que vamos ter em Paris uma Patrícia muito mais madura e preparada para a sempre desafiante competição Olímpica. A contagem decrescente já começou! Vamos Patrícia!
Afonso Costa e Pedro Fraga terminaram na 13ª posição no double-scull ligeiro, depois de vencerem a final C desta competição, realizando um tempo de 6:24:44.
Diogo e Pedro Costa, atletas de vela de classe 470, navegaram em mais duas regatas, terminando em 15º e 14º, e estão longe dos lugares da medal race, quando restam 6 regatas para o fim da fase de qualificação.
A participação portuguesa na natação encerrou com Tamila Holub na prova de 800 metros livres, prova que já havia nadado nos Jogos do Rio, tendo sido 24ª classificada no tempo de 8:45.36. Agora, aos 22 anos, a nadadora do Sporting Braga, orientada por Luís Cameira, cumpria a sua segunda participação olímpica e alinhava à partida com a 21ª melhor marca entre as 31 participantes, na série 2, pista 2, com o seu recorde pessoal estabelecido este ano de 8:32.30.
Tamila Holub partia com o objetivo de melhorar o seu recorde pessoal ou mesmo chegar ao recorde nacional de 8:29.33. Infelizmente, uma passagem a meio da prova em 4:16.76 já indiciava que os dois objetivos seriam dificilmente concretizáveis e uma segunda metade de prova muito dura, em que ficou a nadar sozinha, confirmaram uma marca discreta de 8:40.04, valendo-lhe o 25º lugar final, piorando a classificação obtida no Rio, apesar de ter nadado num tempo mais rápido que em 2016. A participação da natação pura portuguesa nos Jogos de Tóquio salda-se pela obtenção de uma meia final de Ana Catarina Monteiro nos 200 metros mariposa, um recorde nacional obtido por Francisco Santos nos 100 metros costas e mais dois recordes pessoais alcançados por José Lopes nos 400 metros estilos e Gabriel Lopes nos 200 metros estilos. Entrarão em ação na próxima semana os nadadores das águas abertas, Angélica André na quarta-feira (22:30 de terça-feira em Portugal) e Tiago Campos na quinta-feira (22:30 de quarta-feira em Portugal).
Eis o calendário dos atletas portugueses para o dia de amanhã, 30 de Julho. pic.twitter.com/9Piyz1yTiQ
— Tocha Olímpica (@tocha_olimpica) July 29, 2021