Portugal nos Jogos (Dia 5): Ana Monteiro deixa marca história na natação

Fair PlayJulho 28, 202110min0

Portugal nos Jogos (Dia 5): Ana Monteiro deixa marca história na natação

Fair PlayJulho 28, 202110min0
A portuguesa Ana Monteiro efectuou a melhor prestação da natação feminina lusa em Jogos Olímpicos e é um dos destaques relatados neste artigo

Ana Catarina Monteiro ficou a escassos segundos de passar à final dos 200 metros mariposa, estabelecendo mais uma meta recorde para a natação feminina portuguesa, num dia em que a selecção de andebol perdeu por apenas 1 ponto frente aos vice-campeões mundiais, a Suécia, existindo mais uns quantos destacados relatados neste artigo de acompanhamento à presença portuguesa nos Jogos Olímpicos realizados em Tóquio.

Artigo por Francisco Isaac (tiro e slalom canoagem), João Bastos (natação) e Bernardo Galante (andebol)

O DESTAQUE DO DIA: ANA CATARINA MONTEIRO FICA PERTO DO SONHO

Ana Catarina Monteiro nadou a meia-final dos 200 metros mariposa na passada madrugada. A nadadora do Vilacondense, treinada por Fábio Pereira, inscreveu o seu nome na História da natação portuguesa ao cumprir o feito inédito de ser a primeira mulher lusa a nadar na sessão de finais. Depois de se ter apurado com facilidade no tempo de 2:11.45, Catarina alinhou na primeira meia-final, na pista 1, na mesma série da vice-campeã europeia de 2018, da segunda melhor do ano e da medalhada de bronze nos europeus de 2018.

A nadadora portuguesa fez uma prova bastante mais rápida que nas eliminatórias e terminou no tempo de 2:09.82, a sua melhor marca do ano, mas apenas 10ª melhor de sempre, valendo-lhe o histórico 11º lugar final, a apenas 3 posições da tão ambicionada final destes Jogos Olímpicos.

O recorde nacional da prova é de Ana Catarina Monteiro, com 2:08.03, tempo que lhe teria valido a 6ª posição e consequente apuramento para a final. Não foi possível, mas fica no livro da História da natação portuguesa esta página de glória para Ana Catarina Monteiro.

O QUE ESTÁ EM ABERTO: EXIBIÇÃO DE LUXO VALE DERROTA POR CONTRA OS VICE

Após uma vitória tangencial frente ao Bahrain, a Seleção Portuguesa entrou na quadra determinada a vencer a vice-campeã mundial Suécia, abrindo o marcador com um parcial de 3-0, que permitiu os portugueses sonhar em mais uma vitória frente aos suecos, agora nos Jogos Olímpicos.

Ainda antes do apito inicial, visualizou-se uma mudança na ficha de jogo da Seleção Portuguesa: Gilberto Duarte em detrimento de Victor Iturriza. Mas essa não seria a única alteração. Portugal, entrou em campo com um agressivo e pressionante sistema 6-0 aliado a uma eficácia ofensiva pouco habitual. Esta conjuntura de fatores, resultou num parcial de 3-0, nos primeiros cinco minutos.

Com o decorrer da primeira parte, foi-se visualizando um encontro equilibrado, onde a Suécia fazia valer-se pelas suas transições rápidas ou pela falta de guarda-redes na baliza portuguesa, devido ao 7×6 português. Os portugueses, mostrar-se-iam pacientes a nível ofensivos e muitos sólidos defensivamente, perante o ataque posicional sueco.

Se dúvidas restassem, todas elas foram dissipadas no encontro de hoje. Gustavo Capdeville catapultou um total de 8 defesas em 27 remates direcionados à sua baliza, o que resultou num total de 30% de eficácia. O atleta do Sport Lisboa e Benfica vai impressionando de jogo para jogo e, escusado será dizer, que a titularidade da baliza das quinas está cada vez mais assegurada.

Após uma entrada forte da Seleção Portuguesa, na segunda parte, a Suécia passou para a frente do encontro e foi sempre mantendo a vantagem. O cronómetro marcava os 40 minutos, quando a Suécia conseguiu uma vantagem de dois golos (22-20), seguindo-se de uma forte prestação de Andreas Palicka – com 12 defesas realizadas (30% de eficácia) – juntando à extrema eficácia de Niclas Ekberg com 9 golos, tornando-se o melhor marcador do encontro. O guarda-redes do Rhein-Neckar Lowen, aguentou os nórdicos na frente do resultado com vantagens a rondar os 2 a 3 golos, sendo decisivo na vitória sueca.

Um jogo de alto nível técnico-tático é decidido nos pormenores, juntando-se ainda as exclusões que obrigaram Portugal a jogar em desvantagem num total de 12 minutos, fruto de 6 suspensões de dois minutos. Os heróis do mar terão agora de vencer um dos dois encontros que restam, frente à Dinamarca ou Japão, respetivamente, de forma a qualificarem-se para os Quartos de Final do andebol nos Jogos Olímpicos.

A ESPERANÇA: ANTOINE LAUNAY FLUI PARA A FINAL?

A par de João Paulo Azevedo (que poderão ler na secção seguinte os dados da participação do atirador), Portugal conseguiu o apuramento para slalom em canoagem, através do canoísta Antoine Launay, português nascido em França. Numa variante pouco “clássica” perante o histórico nacional (José Carvalho competiu em 2016 no Rio, terminando no 9º posto), Antoine Launay tem vindo a crescer e a procurar se estabelecer no slalom, com o 7º lugar no Campeonato do Mundo de 2019 a ter sido até à data o melhor resultado registado, o que deixa antever alguma expectativa de conseguir o apuramento para a final, lembrando que só os 10 melhores da meia-final terão acesso à disputa pelas medalhas.

Nas duas primeiras “mangas” (eliminatórias se quisermos), Launay terminou em 10º e 12º, respectivamente, com os tempos de 1:35,68 e 1:33:50, ficando ainda longe dos primeiros três lugares, apesar de ter o décimo ao seu alcance caso consiga uma prestação similar à que realizou nesta 1ª fase de qualificação, tendo, que para isso, arriscar um pouco mais sem conceder penalizações no percurso.

A ESTREIA 2: JOÃO PAULO AZEVEDO COM MIRA QUENTE

Entre as várias estreias portuguesas nestes Jogos Olímpicos de Tóquio, o atirador João Paulo Azevedo é um dos atletas que reúne maior curiosidade, competindo no “fosso olímpico” dentro da categoria de “tiro com armas de caça”, uma modalidade que já teve presença lusa em Olimpíadas anteriores. Vencedor de algumas medalhas significativas, como a ouro no Campeonato da Europa em 2017, ou a prata na Taça do Mundo de Lathi, o português que compete nacionalmente pelo clube Caça e Pesca de Vila Verde, o atirador chegou ao Japão envolvido num manto algo “discreto”, mas com a aposta feita em terminar entre os 10 primeiros, possibilidade essa que poderá se tornar em realidade caso melhore o registo do 1º dia de competição: 72 pratos acertados em 75 possíveis.

Após o primeiro dia de qualificações, João Paulo Azevedo surge no 17º posto da classificação, restando-lhe ainda mais duas séries de 50 pratos cada, sendo fundamental que não falhe nenhum de modo a ter claras chances de se apurar para a final, em que só 6 atletas conseguirão o apuramento para esse momento decisivo na luta pelas medalhas.

O atirador luso teve uma série de excelência (2ª) em que mostrou excelente olho e velocidade para confirmar os 25 pratos, dando um sinal positivo depois de ter errado dois na 1ª ronda, os mesmo que falharia depois na 3ª e última ronda do dia. A 3 pratos de distância do 1º lugar, João Paulo Azevedo precisa agora de mostrar as suas habilidades com a espingarda e garantir algo que nunca foi feito por atletas portugueses dentro do concurso de tiro… chegar a uma final!

OUTROS DESTAQUES

Rodrigo Torres e Fogoso fecharam a sua participação nos Jogos Olímpicos 2020 com um 16º lugar, depois de uma performance de excelência que garantiu a pontuação mais alta de sempre para uma dupla desta modalidade nas Olimpíadas.

Bárbara Timo cedeu nos oitavos-de-final perante a campeã em título mundial, Barbara Matic, por Ippon depois de ter realizado um bom combate na 1ª ronda, nesta sua segunda aparição por Portugal nos Jogos Olímpicos.

Na vela, Diogo Costa e Pedro Costa tiveram um dia agridoce na classe 470, com um 13º e 12º lugar nas duas primeiras regatas desta categoria, ocupando o 12º lugar da geral, restando ainda algumas oportunidades para melhorar na classificação. Já José Costa e Jorge Lima melhoraram significativamente nos 49’s com um 9º lugar entre as 16 embarcações envolvidas, depois de terem somado dois 6ºs lugares (2ª e 4ª regata) e um 9º (3ª regata) estando ainda no encalce do diploma olímpico.

Nas eliminatórias desta tarde em Tóquio, manhã em Portugal, competiram três portugueses em duas provas que geravam muitas expectativas. A primeira, os 200 metros costas masculinos, porque Francisco Santos tinha nadado muito bem na prova de 100 metros, batendo até ao momento o único recorde nacional e na segunda prova, os 200 metros estilos, porque tem sido a prova onde os nadadores portugueses têm obtidos melhores resultados a nível internacional, com destaque para a meia-final olímpica conquistada por Alexis Santos no Rio de Janeiro.

Para além de Alexis alinhava também à partida Gabriel Lopes. Nos 200 metros costas, Francisco partia com os olhos postos no seu próprio recorde nacional de 1:57.06, estabelecido há pouco mais de um mês e que lhe garantiu a passagem para a Tóquio. O nadador do Sporting, treinado por Carlos Cruchinho, passou a meio da prova em 58.00, uma passagem algo lenta para conseguir o máximo nacional e, apesar de uma boa segunda metade de prova, bateu na parede em 1:58.58, a sua quarta melhor marca de sempre, que correspondeu ao 22º lugar final, piorando duas posições em relação à start list.

A meia-final fechou em 1:57.85 e pareceu estar ao alcance de Francisco Santos que, ainda assim, teve uma participação bastante positiva nos seus primeiros Jogos Olímpicos, levando na bagagem um novo recorde nacional dos 100 metros costas. Nos 200 metros estilos, Gabriel Lopes alinhou na série 4 e teve um início forte, mas controlado, passando 26 centésimos de segundo acima do parcial para o seu recorde pessoal a meio da prova. O percurso de bruços foi fortíssimo e o nadador do Louzan Natação, treinado por Vítor Ferreira, chegou à liderança da série quando faltavam 50 metros para o final. No percurso de crawl pagou o esforço e terminou no 7º lugar da série, mas com direito a novo recorde pessoal de 1:58.56, equivalente ao 21º lugar, subindo 3 posições em relação à lista de entrada.

Na última série de eliminatórias, entrou em ação Alexis Santos, à procura de igualar o feito do Rio onde alcançou a meia final. O sportinguista partiu determinado em bater o seu recorde nacional de 1:58.19 e a meio da prova seguia 13 centésimos abaixo do parcial para recorde. No entanto, nos segundos 100 metros não conseguiu manter o ritmo e terminou no 8º lugar da série, com o tempo de 1:59.32, correspondente ao 28º lugar (trazia o 22º tempo de entrada). No Rio de Janeiro a meia-final desta prova fechou em 1:59.77, mas em Tóquio foi preciso nadar em 1:58.15 para aceder aos 16 primeiros, evidenciando um nível médio muito elevado.

João Almeida e Nélson Oliveira tentaram lutar por um lugar no top-10 do contrarrelógio, sem que fosse possível atingir essa “meta” nestes Jogos Olímpicos. O primeiro acabou em 16º lugar, enquanto o segundo ficou-se pelo 21º ainda longe do top-15 desta prova ganha por Primož Roglič.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS