Portugal nos Jogos (Dia 4): Ana Catarina Monteiro faz história em Tóquio

Fair PlayJulho 27, 20216min0

Portugal nos Jogos (Dia 4): Ana Catarina Monteiro faz história em Tóquio

Fair PlayJulho 27, 20216min0
Portugal está nas meias-finais de uma prova de natação feminina, e contamos o porquê do apuramento de Ana Monteiro ser um facto histórico relevante

Marco Freitas somou mais um Diploma Olímpico para Portugal, e apesar de ainda não se terem registado a conquista de qualquer medalha, já houve espaço para história, isto pelas mãos de Ana Catarina Monteiro, a nadadora que chegou às meias-finais dos 200 metros mariposa. O resumo do dia 4 da presença olímpica portuguesa em Tóquio explicada pela equipa do Fair Play

João Bastos (natação e triatlo) e Francisco Isaac (equitação)

O DESTAQUE DO DIA: HISTÓRIA PARA A NATAÇÃO PORTUGUESA

No quarto dia de eliminatórias de natação o destaque foi para a classificação histórica de Ana Catarina Monteiro ao ser a primeira nadadora portuguesa de sempre a apurar-se para uma meia final. Até aqui a melhor classificação feminina individual em Jogos Olímpicos no sector feminino era o 18º lugar de Sandra Neves nos 200 metros mariposa em Seúl’88. Curiosamente foi na mesma prova (200 metros mariposa) que a nadadora do Vilacondense, treinada por Fábio Pereira, conseguiu passar à fase seguinte, classificando-se no 14º lugar com a marca 2:11.45.

O tempo não foi famoso (apenas a 32ª marca da carreira da nadadora), mas o facto de ter o apuramento garantido (com a desistência de Katinka Hosszu apenas participaram 16 nadadoras nas eliminatórias), Catarina pôde ter-se resguardado para nadar no seu melhor na meia-final e aí, quem sabe, continuar a escrever história e chegar à final. A meia-final dos 200 metros mariposa femininos nada-se hoje de madrugada às 2:57 portuguesas.

Em ação esteve também José Paulo Lopes na prova onde é recordista nacional e único português abaixo dos 8 minutos, os 800 metros livres. Lopes nadou na série número 2 desta prova que se estreia em Jogos Olímpicos para o sector masculino e alinhava com o melhor tempo de entrada nessa série. Um início de prova lento, com passagem aos 400 metros em 3:58.64, não o possibilitaram de melhorar o seu recorde nacional de 7:54.68, mesmo que na segunda metade tenha nadado no parcial 3:57.51 resultando num tempo final de 7:56.15, a sua terceira melhor marca da carreira. José Paulo classificou-se no 23º lugar final, melhorando uma posição em relação à start list. Para amanhã existe muita expectativa em relação às eliminatórias que envolvem portugueses.

Francisco Santos vai nadar os 200 metros costas, Alexis Santos e Gabrel Lopes vão nadar as eliminatórias dos 200 metros estilos.

O QUE ESTÁ EM ABERTO: DRESSAGE TEM DIPLOMA NO COLECTIVO… DÁ PARA SONHAR NO INDIVIDUAL?

Uma modalidade que ergue algumas sobrancelhas pela sua validade ou não como desporto inserido nos Jogos Olímpicos, mas que é dos melhores pormenores desportivos à escala mundial, carregado de validade histórica de enorme, onde a combinação entre dois seres vivos diferentes tem de ser perfeita para garantir uma prova de excelência e de qualidade. Portugal, que ganhou uma medalha de bronze nesta categoria nos Jogos Olímpicos de Londres em 1948, conseguiu o apuramento para a final do dressage e conquistou, desta forma, o diploma olímpico depois de terminar no 8º lugar.

Maria Caetano com Fénix, João Torrão com Equador e Rodrigo Torres com Fogoso estiveram na final de dressage, e apesar de algumas falhas/erros nos aspectos técnicos, conseguiram realizar uma prestação de grande nível em especial o combo Torres-Fogoso, que somaram uma pontuação de 2458, tendo sido o 10º melhor par de entre todos os participantes nesta final colectiva, abrindo uma perspectiva interessante para a prova individual a realizar amanhã.

Das piruetas aos passos combinados, a respiração sincronizada e o perceber se o cavalo está a conseguir acompanhar as indicações, são elementos essenciais para compreender que este dressage (ou, se quisermos, ensino) merece um lugar especial nos Jogos Olímpicos, com Portugal a começar a ganhar alguma atenção e crescimento com esta ida à final de equipas a ser um prémio para os esforços realizados por clubes, investidores, cavalos e cavaleiros.

A ESTREIA: MELANIE SANTOS NO TOP-25 OLÍMPICO

Depois da prata de Vanessa Fernandes em Pequim 2008, Portugal voltou a ter uma representante feminina na prova olímpica de triatlo. Melanie Santos chegou a estes jogos no lugar 42 do ranking mundial em 2020, mas durante este ciclo olímpico chegou a ser a 21ª da hierarquia em 2018, com destaque para o 6º lugar conquistado na final do Mundial desse ano.

No ranking de apuramento para os Jogos era “apenas” 47ª. Ao contrário da prova masculina, a prova feminina começou a ser selecionada logo no segmento de natação, com Melanie a sair da água a 1:06 da líder Jessica Learmonth. Nessa altura seguia no 20º lugar. Na bicicleta seguiu num grupo de cerca de 10 atletas que se partiu na corrida. Chegou à meta com 2 horas, 2 minutos e 6 segundos, classificando-se no 22º lugar naquela que foi a sua estreia por Portugal nos Jogos Olímpicos.

OUTROS DESTAQUES

Marco Freitas sucumbiu nos oitavos-de-final frente a Fhan Zhendong (nº1 mundial e 1º cabeça-de-série) num jogo perdido a 1-4. O português tentou esgrimir o melhor que podia frente ao atleta da China, tendo oferecido um espectáculo táctico de boas proporções, sem que no final conseguisse evitar a eliminação, conquistando o Diploma Olímpico para as cores nacionais.

Yolanda Hopkins fechou a sua prestação nas ondas japonesas com um 5º lugar, depois de não ter conseguido levar a melhor em nenhuma das baterias frente à sul-africana Bianca Builtendag.

Anri Egutidze não teve força para chegar à 2ª ronda dos -81 kgs no judo, perdendo já no golden score naquilo que foi um combate decidido nos pormenores, com um Waza-ari a ditar o fim da campanha do português no Japão.

Fu Yu ofereceu também boa réplica frente a Mima Ito, tendo até igualado no 2º set, para depois ceder três jogos consecutivos e, por conseguinte, perdendo o acesso aos oitavos-de-final que lhe poderiam ter garantido um Diploma Olímpico. Lembrar que a adversária da atleta do ténis de mesa era a 3ª classificada do ranking mundial da ITTF.

Raquel Queirós terminou a sua prova em Mountain Bike, na categoria cross country, com um 27º lugar (1 hora e 27 minutos) a 12 minutos da medalha de ouro, naquela que foi a sua primeira presença nos Jogos Olímpicos.

Carolina João continua a navegar pelos mares japoneses e, pela primeira vez desde o início da prova do radial laser, a velejadora portuguesa acabou entre os 15 primeiros, valendo-lhe uma subida no ranking, estando ainda longe dos primeiros 20 classificados.

Jorge Lima e José Costa começaram em grande na prova de 49’s (vela) com um 11º lugar na 1ª regata, movendo-se a dupla portuguesa agilmente, estando para já a rubricar a mesma posição conquistada em Pequim 2008, sendo que ainda faltam várias provas até ao término desta categoria marítima.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS