Portugal nos Jogos (Dia 12): Teresa Portela à procura da final no K1
Um dia agridoce para o desporto português, já que Luciana Diniz e Vertigo du Desert realizaram uma prova de classe no percurso de saltos de obstáculos, acabando por não conseguir o apuramento devido a um erro, naquele que foi o 12º dia para a comtiva das Quinas por terras nipónicas. Contamos tudo o que se passou por lá em três destaques, com Teresa Portela a merecer uma atenção especial.
Artigo de Francisco Isaac (equitação e canoagem) e João Bastos (natação)
O DESTAQUE DO DIA: LUCIANA DINIZ E VERTIGO A MILIMETROS DA BARRAGE
É difícil aceitar o resultado da participação de Luciana Diniz e, da sua montada, Vertigo du Desert, nesta final dos saltos de obstáculos na equitação, pois a prestação de ambos foi de categoria com um tempo final de 84,69, que acabou por não ser suficiente para passar à “barrage” (o apuramento final dos medalhados) devido a um toque numa das traves do penúltimo obstáculo, custando-lhe uma penalização e o “adeus” à luta pelo medalheiro. Imerecido, injusto e que não honra o trabalho e classe deste par, que depois de um 9º lugar no Rio 2016, procurava atingir o pódio e dar uma vitória enorme para a equitação portuguesa.
Porém, mesmo que não tenha havido medalha ou Diploma Olímpico, a equipa de cavaleiros/cavalos e técnicos portugueses, assim como todos os que trabalharam para os colocar nos Jogos Olímpicos, já fizeram e continuam a fazer história dentro do desporto português, dando cada vez mais provas que podem ser uma das referências internacionais nos próximos anos, seja pela qualidade dos pares, cavalos, atletas e das estruturas.
A prestação de Luciana Diniz e Vertigo du Desert garantiu um 10º lugar na última corrida de obstáculos, num dia em que uns quantos favoritos caíram durante certas secções de um percurso complicado mas atractivo, que acabou por ser ganha pela dupla britânica Ben Maher/Explosion W. Neste último dia de participação portuguesa nas provas de equitação, relembramos o 8º lugar conquistado em equipas, o 16º na dressage individual e agora o 10º nos saltos de obstáculos, voltando a colocar as cores nacionais num lugar alto nesta modalidade que tem história em Portugal.
Luciana Diniz and Vertigo flying high for Portugal in the individual jumping final. An unfortunate rail down for that fantastic pair.
6 made it to the jump off which starts momentarily! Whoever jumps the course fastest with no faults takes #Goldhttps://t.co/ORtBDNHrcD pic.twitter.com/fmqnBhTrVn
— Julie Messersmith (@JMessersmith_JH) August 4, 2021
O QUE ESTÁ EM ABERTO: TERESA PORTELA NAS MEIAS NUM K1 500 METROS BEM DISPUTADO
Depois do desalento de não ter chegado à final no K1 200 metros, a portuguesa Teresa Portela entrou a abrir na 1ª ronda do K1 500 metros e garantiu acesso directo às meias-finais depois de terminar esta distância em 1:48.227, um resultado interessante que terá de ser ligeiramente melhor para atingir a final. A canoísta lusa tem feito bons tempos, e no percurso de 200 metros poderia mesmo ter chegado à luta pelas medalhas caso tivesse “caído” para a outra heat na meia-final, já que o seu tempo foi o sexto de entre destas das duas séries de apuramento para os 9 melhores lugares, sendo que outro argumento a favor da sua boa forma, é o facto do tempo realizado na Final B (ganhou e terminou em 10º lugar) ter sido 39.562, que lhe tinha valido o 7º posto na Final A.
Lambidas as feridas, ultrapassada a desilusão, Teresa Portela não se deixou afectar no 3º dia de competição dos K’s em Tóquio e atirou-se ao K1 500 metros com energia, obtendo o tal tempo que a coloca a um passo da disputa pelas medalhas olímpicas, lembrando que esta não é a disciplina favorita da canoísta portuguesa. O foco será melhorar as prestações de 2016 (11º) e 2012 (11º), tendo já ultrapassado o seu melhor tempo em Olimpíadas nos K1 500 metros (Londres, 1:51.887), e isto abre expectativa para termos uma prova de franca alta qualidade de uma das atletas mais experientes da canoagem portuguesa.
Veremos o que se segue amanhã para a canoísta portuguesa, que poderá fazer uma surpresa caso atinja o apuramento à final.
A ESTREIA: ANGÉLICA ANDRÉ NO TOP-20
Angélica André foi a representante portuguesa na prova olímpica feminina de águas abertas, partindo para a prova de 10 km às 6:30 da manhã de Tóquio. Uma prova muito dura devido às condições de temperatura da água (29,3ºC), mas que, nem assim foi nadada a um ritmo lento, com a americana Ashley Twichell a assumir a liderança da prova desde início e a provocar cortes no pelotão numa fase muito crepuscular da prova. Angélica foi apanhada num desses cortes iniciais e se aos 4 km seguia bem integrada no pelotão, no 16º lugar, 500 metros depois já tinha descaído para a 21ª posição a 30 segundos da liderança.
A partir daí a nadadora do Fluvial Portuense, treinada por Rui Borges, não mais conseguiu a recolagem e seguiu num grupo perseguidor que foi absorvendo nadadoras que não aguantavam o ritmo forte do pelotão. Angélica ainda teve uma última volta de grande nível subindo duas posições nos últimos 1400 metros e classificando-se na 17ª posição, igualando a melhor prestação portuguesa de sempre na prova olímpica de águas abertas que era de Daniela Inácio em 2008. A prova foi vencida pela brasileira Ana Marcela Cunha, com a anterior campeã olímpica Sharon van Rouwendaal (Países Baixos) no segundo lugar e a surpreendente australiana Kareena Lee na posição de bronze. Hoje nada-se a prova masculina com a presença do português Tiago Campos.
Tóquio 2020: Angélica André e o 17.º lugar nas águas abertas: “Queria mais” https://t.co/02sWw0hGkY
— Público (@Publico) August 4, 2021
OUTROS DESTAQUES
Joana Vasconcelos não foi capaz de mostrar o seu melhor no K1 500 metros e, ao contrário de Teresa Portela, ficou de fora das meias-finais após terminar em 6º lugar nos quartos-de-final, pondo fim à sua 2ª participação em Jogos Olímpicos (tinha conseguido o 6º lugar no Rio de Janeiro).
Cátia Azevedo atingiu as meias-finais dos 400 metros, terminando em 7º da sua séria, que correspondeu a um 17º lugar na geral desta disciplina do atletismo. Foi a melhor prestação da corredora de 27 anos em Olimpíadas.
Marta Pen terminou a meia-final dos 1500 metros com um 4:04.15, que corresponde à sua melhor marca do ano, naquela que foi a sua segunda aparição no maior evento desportivo do Mundo.