O que trará o novo regulamento de MotoGP

Diogo SoaresMaio 19, 20244min0

O que trará o novo regulamento de MotoGP

Diogo SoaresMaio 19, 20244min0
Diogo Soares analisa o que traz o novo regulamento do MotoGP e que mudanças poderá efectuar no futuro da modalidade

Na passada semana, o MotoGP anunciou os novos regulamentos que entrarão em vigor a partir da temporada de 2027. Segundo os responsáveis pela categoria rainha do motociclismo, estas mudanças tornarão o campeonato mais competitivo, mais seguro e mais sustentável.

Mas, quais são essas mudanças?

A começar pelos motores, a cilindrada será reduzida de 1000cc para 850cc, ou seja, em reta sentir-se-á a diferença na velocidade. O calibre também será reduzido de 81 para 75 milímetros, limitando também o seu desempenho. A última grande medida para os motores passa por reduzir o limite máximo por época para cada piloto de sete para seis.

Na questão do combustível também existem mudanças. 100% do combustível será produzido através de compostos sustentáveis não-fósseis produzidos em laboratório – de recordar que, atualmente, 40% do combustível usado já contém esses compostos. Também as dimensões dos tanques serão diferentes. Passarão de um limite máximo de 22 para 20 litros na corrida principal e 11 litros, no máximo, em corrida sprint.

Passando para a aerodinâmica, área que provocou alguma controvérsia, o “nariz” das motos será reduzido em 50 milimetros, reduzindo o efeito aerodinâmico em reta e nas travagens. Também a largura da frente da moto será reduzida nas mesmas dimensões, de 600 milímetros para 550. Na traseira as dimensões mantêm-se, mas só será permitida uma evolução por época nesse setor da carenagem.

Alguns controlos eletrónicos também deixaram de existir, particularmente aqueles que auxiliam os pilotos no arranque, como o holeshot device e o ride-height device – que permitem que os pilotos consigam acelerar mais depressa -, obrigando a um maior rigor dos pilotos. Além disso, as equipas terão agora acesso a dados de GPS de todos os pilotos.

O sistema de concessão, introduzido no final de 2023, manter-se-á. Todas equipas começarão no “rank. B” e à medida que progredirem e evoluírem ou regredirem, subirão ou descerão de nível.

Nas reações às novidades, Kevin Schwantz, histórico piloto da Suzuki, afirmou que a construtora nipónica devia aproveitar este novo regulamento para repensar uma reentrada no Mundial de MotoGP.

Quanto aos pilotos do atual grid, quase todos reagiram de forma positiva ao anúncio. Miguel Oliveira disse que “esperava algo diferente em relação ao motor”, mas que se houver um ponto comum sobre o avanço tecnológico fica satisfeito. Também se demonstrou agradado com a ideia de haver partilha dos dados de GPS. O bicampeão do mundo não se demonstrou muito contente com as alterações, todavia disse que só se interessa em ser o mais rápido quando a altura chegar. Marc Márquez disse que o espetáculo irá melhorar, mas que as perdas aerodinâmicas dificultarão a vida aos pilotos. Joan Mir, campeão do mundo em 2020, afirmou que as mudanças vão ao encontro do desejo dos pilotos.

Gigi Dall’Igna, diretor-geral da Ducati Corse, considerou que as alterações podiam ser mais arriscadas a nível de motor. O italiano demonstrou alguma desilusão por não ter sido introduzido um motor híbrido com sistema de KERS. Quanto aos dados de GPS, Dall’Igna aforma que é mais benéfico para quem vai atrás do que à frente.

As críticas da Ducati não são infundadas de todo. Este novo regulamento, em teoria, prejudica a construtora de Borgo Panigale, principalmente na área do motor.

Se os regulamentos serão bons ou maus só saberemos daqui a três anos. A única premissa que nos permite ter esperanças é de que teremos mais “bracinhos” por parte dos pilotos e menos influência da máquina, isto no futuro do MotoGP.


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