O futuro de Miguel Oliveira
Miguel Oliveira já tem acordo para 2025. Segundo a garantia dada pela Sky Sports Itália, o piloto português firmou contrato com a Yamaha para correr pela equipa secundária da construtora a partir do próximo ano, a Pramac. O contrato terá dois anos de duração e será anunciado na próxima semana, que antecede o Grande Prémio da Grã-Bretanha, ou mesmo no fim de semana do GP.
Yamaha Pramac sceglie Oliveira. Per la seconda sella si valuta Arbolino#SkyMotori #SkyMotoGP #MotoGP https://t.co/31ua65Q2Qp
— Sky Sport MotoGP (@SkySportMotoGP) July 22, 2024
Mas o que importa é o que Oliveira vai ganhar na construtora nipónica. E, para esta pergunta, gostaria de ter uma resposta melhor do que “vai ganhar dinheiro”, mas a verdade é que mais nada além disto me ocorre no pensamento. Os problemas sérios na Yamaha persistem, pelo menos, desde 2023 (ou desde 2022, se quisermos considerar que aquela moto não era nada de especial, mas que Quartararo conseguiu ter um desempenho algo heroico), e também, os oito campeonatos do mundo de pilotos, os sete campeonatos de equipas e os quatro títulos de construtores conquistados nos últimos 25 anos não parecem atrair grandes pilotos a Iwata.
No entanto, da parte do diretor da equipa Massimo Meregalli, é de grande interesse ter um piloto como Miguel Oliveira. O português é bem conhecido pela sua capacidade de evoluir uma moto menos boa. E muitas vezes esse trabalho não é devidamente reconhecido pelos fãs. Oliveira é sempre dos primeiros pilotos a testar as evoluções e as afinações na Aprilia e geralmente é aquele que fica com o pior fardo: dizer aos outros o que não fazer. Para ter um piloto destes, a Yamaha terá oferecido uma moto oficial e uma quantia bem generosa no fim do mês. E, genuinamente, esse não é o problema da Yamaha. Há ainda um ponto positivo para a construtora. A moto, apesar de ser má, tem vindo numa curva ascendente nas suas evoluções que têm trazido resultados cada vez mais satisfatórios e que deverão manter estes ligeiros sorrisos. A acontecer, terão maiores hipóteses de oferecer uma moto minimamente competitiva. Com uma mota competitiva, pilotos competentes a evolui-la, poderá ser a melhor maneira de voltar à ribalta de outros tempos. Por isso, na visão da Yamaha, a contratação do piloto da Charneca da Caparica é altamente positiva.
Mas vejamos o outro lado da moeda, o lado de Miguel Oliveira. Quando se estrear na carenagem japonesa, Oliveira terá 30 anos, estará a começar a sétima época de MotoGP e leva no seu currículo cinco vitórias, sete pódios e uma pole position. O currículo não é nada mau, diga-se, e ainda o pode aumentar até ao fim da época.
Mas a verdade é que quando vimos o português a ascender à categoria rainha em 2019, logo após ter sido vice-campeão do mundo de Moto2 apenas atrás de um tal de Francesco Bagnaia e à frente de Brad Binder, Alex Márquez, Joan Mir, Luca Marini e Fabio Quartararo, o piloto luso era dado como um potencial campeão do mundo se fosse bem acompanhado pela KTM. Não foi bem acompanhado, mas isso não inibe Oliveira de culpas na gestão da sua carreira. Ao sair da KTM para a RNF (atual Trackhouse), não só saiu de uma equipa de fábrica para uma secundária, como foi para uma moto que não era melhor, e que em certos momentos de se mostra pior. Além do mais, Oliveira sai da construtora austríaca numa altura em que a sua renovação era desejada em Munderfing. Para piorar, a sua passagem pelo universo Aprilia tem demonstrado a falta de paridade entre equipa de fábrica e equipa secundária, principalmente na falta de apoio que a segunda recebe da primeira.
No entanto, os maus resultados do piloto 44 não ajudam a convencer equipas mais fortes, todavia Miguel Oliveira voltará a cometer o mesmo erro: trocar para uma moto mais fraca numa altura em que é desejado na própria equipa. Esperemos é que a Yamaha consiga evoluir rapidamente e que o nosso português demonstre melhores resultados que Alex Rins.