NBA 2023: a reedição da “bolha” de 2020 nos playoff de 2023

Nuno CanossaMaio 16, 20236min0

NBA 2023: a reedição da “bolha” de 2020 nos playoff de 2023

Nuno CanossaMaio 16, 20236min0
Nuggets, Lakers, Celtics e Heat estão na luta pelo título da NBA 2023, numa reedição das finais de 2020 como explica Nuno Canossa

Três anos depois da icónica bolha de Orlando, a alternativa que a NBA arranjou para finalizar a temporada de 2020 interrompida pela Covid-19, as meias-finais da postseason volta a contar com as mesmas equipas: Denver Nuggets, Los Angeles Lakers, Boston Celtics e Miami Heat. O final da época 2022/2023 está ao virar da esquina e só 4 plantéis se poderão sagrar campeões em Junho. Qual deles será?

AS MESMAS FINAIS, O MESMO CAMPEÃO?

Em 2020, LeBron James e Anthony Davis conquistavam o 17ª anel da história da equipa da Cidade dos Anjos. E desse plantel só restam mesmo as duas principais figuras, numa reconfiguração plena de três temporadas que envolveu: dois treinadores, 7 trocas e Russel Westbrook. Após esse último campeonato conquistado pelos amarelo e roxos, um 7º lugar e eliminação na 1ª ronda (2021) e um acesso falhado aos playoffs (2022) aliados ao péssimo início de temporada – 2 vitórias e 10 derrotas – não faziam prever um final tão bem sucedido.

Com a presença garantida através do play-in, torneio que apura duas das equipas classificadas entre 7º e 10º, os Lakers já superaram toda e qualquer expectativa tida pelos seus adeptos no decorrer da temporada regular. Para trás, ficam duas séries vencidas em 6 jogos frente a Memphis Grizzlies, 2º classificado do Oeste liderado por Ja Morant e o defesa do ano Jaren Jackson Jr., e Golden State Warriors, composto por um dos mais dominantes Big3 da história e campeões em título.

Até então, sem quaisquer preocupações com o estado físico dos seus atletas, a equipa de Los Angeles tem na saúde de AD e LeBron o seu principal trunfo. Juntam-se as boas contribuições de D’Lo ou Reaves no 5 inicial, mais as cruciais contribuições a partir do banco que poderão surgir desde Rui Hachimura até Lonnie Walker.

Na próxima ronda, terão pela frente uns Nuggets com enorme capacidade ofensiva, uma equipa com mais rotinas e bem mais experiente e saudável do que em 2020. Destaque máximo para o confronto direto entre Anthony Davis e Nikola Jokic e para o retorno de um dos campeões de 2020 a LA: Kentavious Caldwell-Pope.

JOKIC E O MVP QUE FALTA

Se é verdade que a distinção de Most Valuable Player é unicamente referente ao sucesso na época regular, não é menos factual que sobre o jogador premiado caiam atenção e pressão redobradas. E nos últimos 4 anos, o sucesso individual e coletivo não se tem transacionado para os playoffs. Nem Giannis, nem Jokic, nem Embiid conseguiram conduzir as suas equipas além da 2ª ronda. Porém, a história recente poderá sorrir ao poste sérvio, caso se repita.

É que Giannis venceu o seu primeiro anel na época que sucedeu às duas conquistas consecutivas do prémio MVP, com Jokic a ter vencido os dois seguintes troféus sem conseguir chegar ao título da NBA. Este ano, o sérvio viu Embiid impedir a arrecadação de um 3º MVP, mas tem nas mãos aquela que será, até então, a melhor oportunidade para tornar-se campeão pela 1ª vez. Finalmente, com Murray e Porter Jr. saudáveis numa caminhada de playoffs, a equipa liderada por Michael Malone tem uma das rotações de 7/8 jogadores mais confiáveis das restantes em prova.

O confronto com os Lakers promete ser o mais exigente dos playoffs, com a defesa de Timberwolves e Suns a não oferecer tantas dificuldades como deverá proporcionar o sistema defensivo montado por Darvin Ham e liderado por Anthony Davis.

Com a possibilidade de atingir a 1ª final da sua história, os Nuggets precisarão de uma série consistente por parte do 2x MVP, da melhor versão de Jamal Murray e da eficácia dos seus atiradores mais letais KCP e MPJ. Tendo tirado o máximo proveito da vantagem em casa, os Nuggets terão de continuar a jogar o seu melhor basquetebol em Denver. É que ambas as equipas ainda não perderam qualquer jogo nos próprios pavilhões e se a tendência se mantiver, Jokic avançará para a sua primeira final, em 7 jogos, e terá a hipótese de lutar pelo MVP que verdadeiramente importa: o das Finais.

UNFINISHED BUSINESS

É esse o lema usado para estes playoffs pelos Boston Celtics, traduzindo-se grosseiramente para “trabalho inacabado”. Com o carrasco dos C’s dos playoffs do ano passado fora de cena, o cenário de acesso às Finais repete-se com o 3º confronto em 4 anos entre Celtics e Heat nesta fase da postseason.

Entre o Jogo 1 do ano passado e o da próxima quarta-feira distarão uns exatos 365 dias, com algumas diferenças a notar na franquia do estado de Massachusetts. Por um lado, um plantel mais aprimorado com a chegada de Malcom Brogdon. Por outro, uma equipa técnica desfalcada e que com um decréscimo de qualidade, tendo-se verificado ao longo destes playoffs a inexperiência de Joe Mazzulla.

Ainda assim, em momentos, os Celtics têm demonstrado rotinas do ano passado com fluidez de jogo no ataque e pressão e adaptabilidade defensiva. No entanto, e muito dependentes do tiro exterior, a equipa de Boston tem em espaços voltado a uma dependência dos isolamentos, por vezes demasiado forçados, de Tatum e Brown. Os Celtics serão tão competitivos quanto for a qualidade de play e shotmaking das suas principais figuras aliadas a uma defesa que voltou a ganhar, nesta 2ª ronda, a influência de Rob Williams.

Podendo-se alegar que o teste mais difícil no Este já está ultrapassado, eliminando num jogo 7 histórico de Tatum os 76ers, os Celtics não podem dar por garantida a passagem às finais, relembrando que apenas há 1 ano um triplo falhado de Jimmy Butler não levava os Heat ao palco principal da NBA.

EM MIAMI, TODOS OS JOGOS SÃO PARDOS

Contrariando todas as expectativas, superando números e probabilidades, os 8º classificados e derrotados num jogo no play-in disputarão agora, pela 3ª vez em 4 anos, o acesso às Finais da NBA. E, acerca disso, há pouco mais que se possa dizer. Explicações? As mesmas de sempre, ainda que voltemos vezes sem conta a desconfiar destes Miami Heat nos inícios da temporada.

Um dos melhor treinadores da história recente da liga, um dos mais competitivos performers e líderes nesta fase do campeonato e um plantel que, por menos profundidade ou mediatismo que tenha, eleva o seu nível de jogo quando verdadeiramente importa. Aquilo que Spo, Jimmy e companhia continuam a fazer pela franquia de Miami já não nos deveria deixar surpreendidos, mas ano após ano deixamo-nos enganar.

O motor defensivo de Adebayo, a importante contribuição dos veteranos Lowry e Love e o tiro exterior de Miami levam-nos a uma questão. Poderão os Heat chegar às finais da NBA? Quem se atrever a dizer não, que não se espante depois.


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