Meias-finais da LBF: E no fim restaram duas para lutar pelo título

Lucas PachecoJulho 26, 20228min0

Meias-finais da LBF: E no fim restaram duas para lutar pelo título

Lucas PachecoJulho 26, 20228min0
Sampaio e Vera Cruz vão lutar pelo título da LBF 2022, depois de ultrapassarem duas emotivas meias-finais. Fica a saber como foram com Lucas Pacheco

A temporada da LBF está perto do fim, com a definição das duas equipes finalistas. Haverá cerca de um mês até a série, em melhor de cinco partidas, entre Sampaio e Vera Cruz Campinas ser disputada; o intervalo deve-se à parada para o Campeonato Sul-Americano de seleções, com sede na Argentina. Enquanto o Sampaio cedeu 4 jogadoras (Alana, Tainá Paixão, Patty e Érika) à seleção, do lado campineiro apenas a ala-pivô Manu de Oliveira foi convocada.

A parada permitirá que as finalistas estudem minuciosamente o estilo das adversárias e treinem pensando em ajustes técnicos e táticos. Mas, antes de falarmos do confronto final, que tal rememorarmos o trajeto de cada equipe até as finais? Já nos detivemos sobre as equipes desclassificadas ainda na etapa regular, assim como sobre as quartas-de-final, fase em que as 4 melhores colocadas na tabela de classificação – e com mando de quadra – avançaram.

SESI E SPORT: PROMESSA DE TÍTULO FICOU POR TERRA

O Sesi Araraquara despachou o Sodiê Doces/Mesquita/LSB por 2 a 0, sem grandes sobressaltos. A ausência de Thayná tirou as parcas esperanças da equipe fluminense, que mesmo com as boas atuações de Iza Ramona acabou eliminada. A líder da fase regular teve que aguardar a definição do confronto mais equilibrado das quartas, entre a quarta colocada (Vera Cruz Campinas) e a quinta (Blumenau), série em que foram necessárias as três partidas. No final, o mando de quadra foi importante, sem contar a defesa sufocante imposta pelo Vera Cruz Campinas, que venceu o duelo final por 91 x 63, avançando para as semi-finais.

No outro lado do chaveamento, dinâmica similar, com o segundo lugar na classificação, o Sampaio, eliminando o Sport Recife por 2 a 0. Venceu a melhor equipe, que após uma vitória tranquila no primeiro confronto teve que suar na segunda partida – no duelo dos times nordestinos, as maranhenses saíram vitoriosas.

As adversárias do Sampaio na semi-final foram as andreenses, terceiras colocadas na fase regular e que despacharam o Ituano nas quartas, em série vencida por 2 a 1, após inaugurar os playoffs com derrota fora de casa. Ao retornar para Santo André, o basquete voluptuoso retornou e a equipe soube impor seu ritmo de forte defesa e saída rápida na transição, fazendo prevalecer seu conjunto. Apesar da oscilante campanha do Ituano, em parte devido a contusões e à rotação enxuta, tratava-se das atuais campeãs: uma vez eliminada, a equipe passa a se formatar para o campeonato paulista.

Em uma semi-final, enfrentaram-se Sesi Araraquara (1ª na fase de classificação) e Vera Cruz Campinas (4ª). Se nas quartas não houve surpresas, este duelo reservou um resultado inesperado, com a equipe interiorana, sem mando de quadra, vencendo por 2 a 1. Não que Campinas fosse completo azarão: a equipe vencera o Sesi na fase regular e buscava repetir o resultado, desta vez valendo a vida no campeonato. Em quadra, vimos um esquema defensivo brilhante por parte de Campinas, replicando o sufoco imposto a Blumenau para o Sesi (vale lembrar que estas equipes assemelham-se, uma vez que o técnico do Sesi comandou o Blumenau por longos anos).

CAMPINAS ASSUMIU O FAVORITISMO NAS MEIAS

Campinas cumpriu seu dever e venceu a primeira partida em casa, o resultado evidencia como foi o jogo: muita defesa e ataques sôfregos conduziram à vitória campineira por 54 x 42. O Vera Cruz teve êxito em obstar a movimentação de bola do Sesi, forçando a um jogo mais individualista, pouco afeito ao estilo do Sesi. Na segunda partida, o Sesi retornou ao padrão tático visto no campeonato inteiro; a ausência da armadora titular Maila não foi sentida e Nany retornou ao quinteto titular. Parecia que a série viraria, inclusive porque a pivô Licinara, de Campinas, se machucou no começo do jogo. A larga vitória, por 86 x 67, reiterava o favoritismo do Sesi.

As expectativas, porém, voltaram a mudar de rumo e no terceiro jogo vimos um Vera Cruz Campinas maduro e consciente. O Sesi começou melhor e foi para o intervalo com a vitória (e a classificação) parcial; a equipe dirigida por Sidney Alemão permaneceu atrás os dois quartos iniciais, sem permitir grande distanciamento.

E, ao sentir uma pequena hesitação no ataque de Araraquara no terceiro quarto, voltou a exercer pressão nas linhas de passe do Sesi. Ajuda ter uma líder do calibre da Tássia em seu time: tímida no primeiro tempo, quando a armadora Beatriz segurou as pontas na pontuação, ela despontou nos quartos decisivos e explodiu para conduzir sua equipe à desejada final. Com a vitória, fora de casa, por 70 x 62, o Vera Cruz Campinas superou as previsões e continua na disputa por mais um troféu.

O Sesi lamenta a desclassificação precoce; tendo conquistado a liderança da fase regular, esperava-se que atingisse a final. Porém o time deu sinais de hesitação desde a reta final da classificação, principalmente após Nany sofrer uma contusão e desfalcar a equipe. A impressão, durante os playoffs, é que ela jogou longe de suas melhores condições – e o elenco não dispunha de uma substituta com características semelhantes. Jeanne, elevada a titular, notabilizou-se por jogar na posição 4, compondo um small ball em que ela espaçava a quadra sem necessidade de atacar o aro. Na série de semi-final, ela foi deslocada para a posição 3, sobrecarregando a ala Sossô como desafogo ofensivo. De qualquer maneira, foi a melhor campanha do Sesi Araraquara na história da LBF, com um técnico recém-chegado. Se há razões para tristeza, por outro lado o projeto deu um passo além neste ano e torcemos para que retorne ainda mais forte na temporada seguinte.

O Santo André, outra equipe eliminada na semi da LBF, também vivencia sentimentos contraditórios: a eliminação sempre carrega desapontamento, sem que isso apague o crescimento visto nesta temporada. Com basicamente o mesmo núcleo, o estreante técnico Choco conseguiu melhorar seu experiente quinteto, inserindo novos nomes oriundos do banco, de muita promessa.

FINAL… O QUE ESPERAR?

As finais da LBF serão disputadas em formato À melhor de cinco, sendo necessárias três vitórias para levantar o caneco. O Sampaio conta com mando de quadra e sediará as duas primeiras partidas em seu ginásio: nos dias 13 (às 11h de Brasília) e 15 (às 18:15 de Brasília), em São Luís. A série então vai para Campinas, para o jogo 3 (20/08 às 11h), e, se necessário, para o jogo 4 (22/08 às 18:45). Caso a série esteja empatada, o título será decidido em São Luís, no dia 27/08, às 10:30.

A responsabilidade recai sobre a equipe maranhense, com investimento maior e cuja espinha-dorsal compõe a base da seleção brasileira. O Sampaio caracteriza-se pelo volume de arremessos longos, mas possui armas suficientes para se adequar ao que cada jogo pede. A partida 1 da semi, contra Santo André, foi exemplar, o time centralizou a pontuação em 3 jogadoras, já que as adversárias tiraram as alas do Sampaio de jogo: Tainá a partir do pick-and-roll, Érika no poste baixo e Gabi Guimarães explorando a velocidade. Trata-se de uma equipe com rotação ampla, com muita variação tática, e defesa forte.

Para Campinas, a alcunha de azarão deve ser vista como uma oportunidade para repetir o desempenho e a façanha da semi-final. A defesa, fator preponderante nas quartas e na semi, deverá ser peça-chave na estratégia da equipe – Yasmim e Iza Sangalli tiveram atuações de gala e terão que repetir a produção. O provável desfalque de Licinara fará falta para conter Érika no garrafão e Letícia terá que se desdobrar, sem exceder nas faltas. No ataque, o Vera Cruz precisará ser mais efetivo e diminuir os turnovers.

Embora o favoritismo esteja do lado do Sampaio, o retrospecto da fase regular aponta um empate, com as duas equipes vencendo fora de casa. No longínquo final de março, em Campinas, o Sampaio não deu chance: 87 x 64, com dois elencos bem diferentes aos atuais; no final de maio, o troco campineiro se deu em São Luís, com vitória por 79 x 73.

Convém não duvidar de nenhuma das duas finalistas: Campinas demonstrou sua resiliência e capacidade de reverter favoritismo. O Sampaio, por sua vez, teve uma campanha muito regular, independente de qual conjunto entrou em quadra, com padrão tático bem definido. A espera pelas campeãs da LBF está perto do fim e podemos apostar em mais uma grande série. A final da edição de 2022 marcará, ainda, o desempate nos confrontos entre Vera Cruz Campinas e Sampaio: em 2018, Campinas venceu a final por 3 jogos a 2, para no ano seguinte o Sampaio dar o troco com uma varrida na final.

Esperamos que a final da LBF seja bem jogada e disputada e reflita a evolução de mais uma temporada de crescimento e evolução da LBF.


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