March Madness 2024: as loucuras de março a todo vapor

Lucas PachecoMarço 26, 20246min0

March Madness 2024: as loucuras de março a todo vapor

Lucas PachecoMarço 26, 20246min0
Lucas Pacheco faz a antevisão ao March Madness e à corrida louca pelo ouro no basquetebol feminino universitário

O basquete universitário dos Estados Unidos não deixa nada a desejar para qualquer liga profissional mundo afora. Pelo contrário, o nível (físico, técnico e tático) costuma ser superior, refletindo o amplo e capilarizado sistema esportivo e educacional estadunidense. Os investimentos geram competitividade e criam uma infinidade de ligas universitárias; a principal delas chega ao seu ápice todo mês de março, quando a NCAA (National Collegiate Athletic Association) organiza seu torneio nacional. As ‘loucuras de março’, ou como é mais conhecido, o March Madness 2024, estão a pleno vapor.

Tão intrincado quanto amplo, o basquete universitário assusta ao espectador de primeira viagem. Com início em novembro, cada universidade define seu próprio calendário até a chegada das competições de cada conferência, que dura de janeiro a março; as campeãs das 34 conferências asseguram vaga no March Madness, cujo chaveamento é completado por um comitê de analistas, que escolhe as outras 34 universidades conforme as campanhas, a dificuldade das adversárias, etc.

Objetivo como soem os estadunidenses, o acaso e o arbítrio jogam seu papel na escolha das equipes restantes e na definição do ranqueamento de cada participante. Não basta ser escolhido, é necessário ser bem ranqueado para um caminho mais fácil rumo às finais. Assim, as 64 equipes do torneio nacional são divididas em 4 chaves – a campeã de cada uma chega ao Final Four – e, dentro delas, são ranqueadas de 1 a 16, o que determina os confrontos.

Já passamos por duas rodadas, reduzindo a 16 as universidades que lutam pelo título nacional. Neste ano, poucas surpresas (fato raro) e apenas uma equipe ranqueada abaixo da posição 5 chegou ao Sweet Sixteen: Duke, listada na posição 7 de sua chave. Nas demais, o favoritismo pesou e teremos duelos esperados.

South Carolina, dirigido pela técnica Dawn Staley, onde joga a pivô brasileira Kamilla Cardoso, segue imbatível e invicta; com duas vitórias fáceis, a universidade disputará contra Indiana uma vaga no Sweet Sixteen (próxima fase do torneio nacional). A dificuldade deve aumentar, pois Indiana possui, além de uma pivô muito habilidosa no jogo de costas (Mackenzie Holmes) pra cesta, boas movimentações e atiradoras de elite. Ainda assim, as apostas pesam todas para South Carolina, dotada de elenco extremamente atlético, numeroso e talentoso. Se Holmes levar vantagem sobre Kamilla (o que parece improvável), Chloe Kitts pode assumir a responsabilidade, ou Ashley Watkins, ou Sania Feagin. Staley tem muitas opções e seu time foi construído sobre o altruísmo. Para piorar para Indiana, a caloura Milaysia Fulwiley entrou em março disposta a se provar um prospecto de elite. Notre Dame x Oregon State disputam a outra vaga no Elite Eight – atenção redobrada na caloura sensação Hannah Hidalgo, de Notre Dame.

A segunda universidade do Final Four virá de chaveamento mais incerto, oriundo da vencedora dos duelos entre Texas x Gonzaga e Stanford x NC State. São as quatro melhores ranqueadas do grupo e chegaram ao Sweet Sixteen por caminhos diferentes. Texas, Gonzaga e NC State confirmaram seus favoritismos sem atropelos, dominando as partidas das duas primeiras rodadas do torneio nacional. Texas vem empurrado por outra caloura sensação, Madison Booker, responsável por suprir a ausência por contusão da armadora Rori Harmon; de forward no início da temporada, Booker assumiu a posição 1 e faz sua superioridade física prevalecer, com arremessos certeiros de média distância. Pela frente, a única universidade mid major (não componente das conferências prestigiadas) restante; Gonzaga possui um conjunto experiente, que joga junto a bastante tempo, liderado pelo prospecto canadense Yvonne Ejim e pela acurácia das irmãs Truong. Caso supere Texas, será apenas a segunda vez em sua história que Gonzaga chega ao Elite Eight, feito conquistado na época de Courtney vandersloot e do técnico Kelly Graves.

NC State vem de boas temporadas e sua trajetória é fruto de anos de bom recrutamento e boa formação tática. Com time baixo e jogadoras ariscas e habilidosas no perímetro, é o oposto de Stanford, cuja dupla de pivôs pode ser considerada a melhor do país. Stanford, comandado pela técnica mais vitoriosa do basquete universitário, precisou da prorrogação para chegar aqui: sem os 41 pontos, 12 rebotes e 3 tocos de Kiki Iriafen, a vitória de 87 x 81 sobre Iowa State não seria possível.

Iriafen compensou a partida pífia de sua companheira de garrafão, a projetada escolha 2 do draft da WNBA, Cameron Brink. Em sua despedida da quadra de Stanford, Brink acabou eliminada por faltas, sem ter esboçado reação durante a partida. Vale mencionar a luta de Iowa State – no melhor jogo do torneio até agora, outra atuação monumental, com 36 pontos, 9 rebotes e 4 assistências da armadora Emily Ryan, insuficientes para derrotar a toda poderosa Stanford. Iriafen, além dos pontos, defendeu com primor a pivô adversária Audi Crooks, vindo de 40 pontos na largada do torneio nacional; Iriafen reduziu-a a míseros 10 pontos (em 21 arremessos).

Na chave “da morte”, sobraram 3 das universidades favoritas ao título nacional. LSU, atual campeã que manteve Angel Reese e recebeu ótimos nomes do portal de transferência (Aneesah Morrow e Hailey van Lith) e do high school (Mikayla Williams), terá no caminho para o Elite Eight a remodelada UCLA. A pivô Lauren Betts luta contra contusões e sua presença será decisiva para desafogar o talentoso perímetro. No outro duelo da chave, ninguém menos que Iowa de Caitlin Clark, na última dança na universidade; capaz de verdadeiras tempestades em quadra, Clark verá o conjunto experiente e parrudo de Colorado. Aboslutamente tudo pode acontecer nessa chave; a vencedora chegará ao Final Four com muita casca.

Por fim, na quarta chave, a caloura do ano JuJu Watkins segue brilhando na condução de sua USC (Southern Cal) à proeminência nacional. Outrora vencedora, Watkins recolocou a universidade na lista de favoritas e testará seu poder contra Baylor. Uconn x Duke fecham o Sweet Sixteen, com favoritismo para Connecticut. Mesmo com rotação enxuta, grassada por contusões, Uconn possui Paige Bueckers, craque do basquete; sua gravidade tem liberado arremessos para Ashlyn Shade e Aaliyah Edwards. Duke, comandado por Kara Lawson, é caracterizado pela forte defesa e pelo ataque cadenciado. Quem vencerá, o ataque fluido de Uconn ou a defesa pressionada de Duke?

As partidas do Sweet Sixteen serão disputadas na sexta-feira e sábado (29 e 30/03); na sequência, a fase Elite Eight acontece nos dias 31/03 e 01/04. O Final Four tem data marcada para os dias 05 (semi-final) e 07/04 (final).


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