Liga Placard 20/21: o talento que ficou pelo caminho nos play-off’s

Fair PlayMaio 31, 20217min0

Liga Placard 20/21: o talento que ficou pelo caminho nos play-off’s

Fair PlayMaio 31, 20217min0
Maria Pinto Jorge foi em busca dos jogadores que brilharam na Liga Placard 20/21, mas que não conseguiram chegar à final. Qual deles o mais talentoso?

Artigo de Maria Pinto Jorge, autora do Modalidades com Voz e do Fair Play

Estamos à porta da final da Liga Placard de futsal, onde leões e águias voltam a protagonizar um dérbi eterno pelo caneco. Em vez de nos concentrarmos nestes jogos, que são conhecidos como um dos melhores dérbis a nível mundial da modalidade, vamos voltar-nos para o talento que acabou por não chegar a esta disputa pelo título 2020/2021.

A realidade nacional, por sua vez, tem vindo a aumentar, não apenas graças ao investimento dos clubes no futsal, mas também às pérolas que vamos vendo jornada após jornada, mas que, por não representarem um dos grandes, acabam por não chegar a palcos tão altos, ainda que o mereçam de igual forma. Desta forma, elegemos seis jogadores, um de cada uma das formações que ficou pelo caminho durante estes play-off’s: Fundão, Leões de Porto Salvo, Braga, Portimonense, Viseu 2001 e Braga.

Fundão: Mário Freitas, o senhor capitão

Por curiosidade, ou não, começamos por um atleta que além de fazer parte do último conjunto a ficar de fora da tão desejada final, já representou tanto o Sporting como o Benfica. Mário Freitas, capitão do Fundão, foi um dos maiores destaques desta época: foram 27 golos em 36 jogos, que acabou por nos brindar com uma das melhores performances da sua carreira.

O ala de 31 anos já ganhou uma postura de grande relevância a nível nacional e foi exatamente este ímpeto de forma que o fez voltar a ser aposta de Jorge Braz para a Seleção Nacional. Existem duas capacidades que podem diferenciar um ala: a velocidade e a leitura de jogo. No caso do internacional português, a última é, sem dúvida, a sua mais valia.

Além de controlar o jogo da sua equipa, tornando-se um verdadeiro treinador dentro de quadra, o faro para o golo é outra das suas caraterísticas preponderantes, sobretudo por essas ocasiões surgirem nos momentos em que a sua equipa mais precisa. Acresce a todas estas vantagens, Mário Freitas ainda oferece uma dupla oportunidade aos seus treinadores, sendo esta o facto de ser tão forte na ala como – quando necessário – a atuar no centro.

O Fundão acabou eliminado pelo Benfica, no passado domingo, mas esta acaba por ser uma das melhores montras para o número 17 dos fundanenses, além de uma das maiores investidas de sempre do clube.

Leões de Porto Salvo: Wesley, o sangue novo

Neste caso a escolha não foi a mais fácil. Tínhamos ainda, na formação de Oeiras, o pivô André Galvão – que acabámos por afastar devido à sua lesão, que o afastaria de qualquer das formas da final, apesar da sua grande temporada – ou ainda, para concluir a dupla na frente de ataque, Papa Unjanque, mas a opção de escolher uma das verdadeiras surpresas da Liga Placard falou mais alto.

Wesley tem apenas 20 anos, é ala, mas tornou-se uma das peças fundamentais para a turma de Ricardo Lobão sobretudo na fase final da época. O brasileiro chegou a Portugal em 2018, pela mão do Sporting, mas acabou emprestado aos Leões, onde protagonizou a sua segunda época, esta com mais minutos e espaço na equipa.

Pelos números, sobretudo pelos jogos utilizados (35), podemos notar a forma como foi imprescindível nesta caminhada até às meias-finais, onde foram eliminados pelo Sporting. O jovem formado no Corinthians mostrou ter samba no pé e chegou mesmo a assinalar o total de oito tentos, no entanto, não é aqui que vemos a sua relevância. Se Mário Freitas tem leitura, Wesley tem o sangue fresco que esta formação precisava para juntar à experiência e, ainda, o drible certeiro. A melhoria desde a primeira ronda da Liga Placard até aqui é visível, sobretudo, nos duelos de um para um e, ainda, na posição em quadra: o brasileiro está em todo o lado.

Braga: Bruno Cintra, revigorado e motivado

Esta não foi, de todo, um campeonato à imagem e semelhança daquilo que os adeptos de futsal estão habituados vindos do Minho. Uma equipa instável, que ultrapassou vários problemas ao longo da temporada, mas que ainda assim fez brotar bons valores. Seguindo na ótica dos alas, o elegido no Braga é Bruno Cintra. Aos 27 anos, o brasileiro terminou a sua quinta – e última – época na formação arsenalista como um dos seus valores, não é por acaso que em 2021/2022 continuará a atuar de vermelho, mas na capital portuguesa. Sim, já sabemos que o destino de Cintra passa pelo Benfica, equipa que afastou o Braga das decisões nos quartos de final.

Há quem diga que Bruno Cintra nunca voltou a ser o mesmo após a grave lesão que sofreu em 2017 que o afastou das quadras pelo total de 672 dias. Três roturas que o levaram a voltar a jogar, parar de novo e apenas recomeçar em 2019. Foram duas épocas complicadas, de recuperação, mas em 2020/2021 começámos a ver o regresso da qualidade que por momentos foi obrigada a apagar-se. Atualmente, esta chama reacendeu e o atleta chegou mesmo a assinalar 17 golos em 31 partidas. Conhecido por ser um jogador rápido, Cintra destaca-se por não desprezar as ações defensivas, onde é rei e senhor, demonstrando-se um atleta muito mais completo que inicialmente.

Portimonense: Júnior, à procura de voos mais altos

Do Minho seguimos até Portimão, onde tivemos o privilégio de assistir a uma das melhores épocas de sempre do Portimonense, terminado a temporada eliminado pelo Sporting nos quartos de final. De pavilhão novo, com uma equipa completa, exigente e um diamante em bruto: Júnior.

O pivô de apenas 22 anos começou a época na Quinta dos Lombos, mas pelo inverno viajou até terras algarvias e começou a vestir de alvinegro, com quem já renovou. Pelos Lombos assinalou sete golos em 11 jogos, destacando-se, depois, com 22 tentos nos 17 jogos realizados pelo Portimonense.

Além de ser um goleador nato, Júnior é um criativo. O número 14 da formação algarvia consegue tornar qualquer situação num momento de perigo para o seu adversário e, com a rapidez aliada às fintas que tem vindo a desenvolver, tornou-se um pivô cada vez mais difícil de parar, sobretudo por ser tão móvel.

Modicus: Fábio Lima, como cansar?

A pergunta é retórica por dois motivos: a estabilidade que Fábio Lima oferece aos homens de Sandim e ainda a resistência física do atleta. O Modicus, à semelhança do Braga, também passou por fases duras ao longo desta edição da Liga Placard, mas tal não fez com que o ala português de 32 anos se destacasse menos.

Com 28 golos em 33 jogos, o internacional A continuou a mostrar o porquê de ser o MVP desta equipa. Regular, estável e com pezinhos de lã: são possivelmente estas as caraterísticas que melhor podem definir Fábio Lima, ex-Sporting, na atualidade. A possibilidade de ter espaço para conduzir a bola e controlar a posse durante toda a partida não é para qualquer atleta, sendo exatamente por isso que o rendimento do ala não desce, muito pelo contrário.

Viseu 2001: Rafa Stocker, chamaram o verdadeiro reforço?

Depois de André Galvão ter saído das terras de Viriato no final da época de 2018/2019, o Viseu 2001 finalmente acertou no pivô que lhes vale vitórias. Rafa Stocker aterrou esta temporada em Portugal e já deixou a sua marca, do auge dos seus 23 anos. Com 29 golos em 32 jogos, o jovem brasileiro mostrou que não é apenas currículo – uma vez que impressionou os portugueses com o seu palmarés, que conta com uma Supercopa do Brasil e uma Libertadores – mas que é um talento a explorar.

A turma comandada por Paulo Fernandes terminou a Liga Placard eliminado pelo Fundão, mas mostrou-se credível ao passar de todo o ano desportivo, encontrando no jovem – sim, já renovou, calma – o homem golo que faltava, surgindo como uma boa competição para Kiko.


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