Le Mans 2023: centenário pintado de vermelho pt.1

Fair PlayJunho 13, 20238min0

Le Mans 2023: centenário pintado de vermelho pt.1

Fair PlayJunho 13, 20238min0
Diogo Soares e Luís Moura estiveram a acompanhar a loucura das 24 horas do Le Mans 2023 e contam-nos o que se passou por lá

Este artigo do Le Mans 2023 foi escrito por Diogo Soares e Luís Moura

Le Mans 2023 celebrou o seu centenário e a celebração não podia ter sido melhor. A corrida foi considerada uma das melhores de sempre e acabou com a vitória da Ferrari. 58 anos depois, a marca italiana voltou à glória nas 24 horas. Para os portugueses Filipe Albuquerque e António Félix da Costa, ainda houve o sonho, mas terminou de forma cinzenta.

Qualificação

Na qualificação chamada Hyperpole, nos Hypercars,  Antonio Fuoco com o seu Ferrari #50 marcou o tempo da “pole position” com uns incríveis 3:22.982, 773 milésimas mais rápido que o carro #51 da equipa italiana pilotado por Alessandro Per Guidi que se qualificou em segundo. O #38 da Jota, carro do português António Félix da Costa não conseguiu melhor que o 16º lugar após sofrer problemas no sistema híbrido que não permitiram marcar um tempo.

A sessão esteve interrompida com bandeira vermelha após o Cadillac #3 ter sofrido um ligeiro foco de incêndio depois de parar na Chicane Daytona por problemas de transmissão.

Nos LMP2, Paul Loup-Chatin no carro #48 da IDEC Sport marcou 3:32.923 e conquistou a “pole position”. Logo atrás, ficou o #28 da Jota, pilotado por Pietro Fittipaldi. O #22 da United Autosport, equipa de Felipe Albuquerque, não foi além do décimo posto.

Nos GT´s, na categoria LMGTE Am, Ben Keating no carro #33 da Corvette Racing conquistou a “pole” ao marcar 3:52.376. O americano mostrou que os 51 anos marcados no cartão de cidadão não afetam a sua qualidade. De segundo lugar partirá o #25 da Ort by TF.

Na manhã de sexta-feira, os adeptos do WEC acordaram com duas grandes novidades. Por um lado, a notícia de que a categoria LMP2 deixará de fazer parte do pelotão da mais importante competição de resistência. Assim, a categoria que tem animado os últimos anos do campeonato, vai ver a sua participação remetida à European Le Mans Series. Por outro lado, o calendário para 2024 também foi divulgado. Salta à vista a saída de Portugal do calendário, depois de uma prova com pouca aderência do público na temporada atual. As grandes novidades são o Catar, que substitui a prova inicial em Sebring, e a volta das 6h de Interlagos, no Brasil.

Corrida

Antes do arranque da corrida, os espectadores puderam assistir a cerimónias simbólicas comemorativas do centenário da corrida francesa. LeBron James, conhecida estrela da NBA, marcou presença na prova e deu a ordem de partida.

Durante a volta de formação de partida, os pilotos aperceberam-se que a primeira reta do circuito estava molhada, o que adocicou a partida. 

A prova começou com grande intensidade, algo incomum para uma corrida que dura 24 horas. Alguns toques na primeira curva e uma batida do Cadillac #311 na zona da pista que estava molhada. A batida foi forte, no entanto o piloto do #311, Aitken, conseguiu levar o carro danificado até à boxe para ser reparado e regressar à corrida. Também o carro #32 saiu de pista, o que obrigou Eduardo Freitas, diretor de corrida das 24 horas de Le Mans e do WEC, a lançar o Safety Car para a pista. A decisão do diretor de corrida animou a corrida. Resultado do ritmo diabólico que a Toyota estava a apresentar o #8 da marca nipónica ultrapassou os dois Ferrari e completou a primeira volta na frente da corrida.

Nos LMP2, o #48 foi o líder no final da primeira volta, seguido do #63 e do #41.

No recomeço depois do Safety Car, o carro #7 da Toyota seguiu o ritmo do #8 que ultrapassou o #50 da Ferrari. Os dois Toyota mantiveram o ritmo e ganharam alguns segundos até à primeira paragem na boxe. O início da corrida ficou marcado por um ritmo forte do #8 da Toyota que não deu hipóteses à concorrência. Os dois Ferrari seguiram o Toyota nº 7, enquanto a Peugeot, a Cadillac e a Porsche ficaram na espectativa.  

No final da primeira hora, o carro nº 7 da Toyota, que estava de pneus macios, não aguentou o ritmo dos Ferrari e foi ultrapassado por ambos. Também o #75 da Porsche ultrapassou o #7 da Toyota.

Após a primeira paragem na boxe, a luta na categoria principal ficou bastante agitada, entre a Ferrari, a Cadillac, a Porsche e a Toyota. Grandes ultrapassagens e belas defesas, marcaram a segunda hora de corrida.

O Corvette #33 que partiu na pole da categoria GTE Am foi obrigado a recolher à boxe com problemas mecânicos.

Com 1 hora e 30 minutos de corrida o carro #14 da Nielsen Racing embateu com grande violência nas barreiras e deu origem a uma “slow zone”, aproveitada pelo carro #50 da Ferrari para ir à boxe e devolver a liderança da corrida ao #8 da Toyota. A paragem do Ferrari foi mais um exemplo da diversidade de estratégias adotadas pelas equipas.

Mais um forte acidente, mas desta vez para o carro #13 da Tower Motorsport

Um estranho incidente deu-se à saída da Chicane Dunlop, onde dois GT´s desentenderam-se e embateram na traseira do Cadillac #3. Depois dos vários acidentes, a organização dos carros ficou absolutamente caótica.

Um acidente a envolver os Porsche #60 e #16 da categoria GTE Am levou a mais uma “slow zone”. Sem surpresa, a Ferrari vacilou novamente na estratégia. Com 2 horas e 30 minutos de corrida, a equipa italiana decidiu parar os dois carros em simultâneo e o #51 acabou por ter de esperar demasiado tempo sem qualquer intervenção no carro, perdendo vários segundos.  

Frederick Lubin no carro #22 da United, carro de Felipe Albuquerque, cometeu um erro ao tentar dobrar GT’se danificou o seu carro. O piloto britânico ultrapassou os carros pela berma, onde tinha menos aderência, e perdeu o controlo do carro. Em consequência, o carro GT #77 foi abalroado por Lubin. Ambos seguiram para as boxes.

A chuva apareceu em Le Mans ao fim de 2h e 40 minutos, no entanto, dada a extensão da pista, uma parte da pista estava feita um lago e noutro lado estava completamente seco. Como os pilotos estavam de pneus “slicks”, os pilotos estavam a ter imensa dificuldade a controlar o carro, levando a muitos incidentes. Por isso, a direção de prova liderada por Eduardo Freitas, decidiu ordenar a entrada do Safety Car. 


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