Las Vegas Aces conquista o título e coloca seu nomes na história

Lucas PachecoOutubro 27, 20236min0

Las Vegas Aces conquista o título e coloca seu nomes na história

Lucas PachecoOutubro 27, 20236min0
A final da WNBA acabou como se previa. Las Vegas Aces conquista o título e continuam a rasgar recordes dentro da liga feminina de basquetebol

Entre as partidas 2 e 3 das finais da WNBA, a técnica Dwan Staley contou que sua ex-aluna, a craque do Las Vegas Aces, a pivô A’ja Wilson, havia pedido o contato da lendária Sheryl Swoopes. De acordo com Staley, A’ja queria conversar com a ala tetracampeã da liga pelo Houston Comets, nos primeiros quatro anos de criação da WNBA; a pivô, prestes a encarar sua segunda final consecutiva, queria a receita para faturar o bi seguido. Ninguém melhor que Swoopes, 3x MVP da liga e peça chave da primeira dinastia, para os conselhos.

O relato de Dawn Staley poderia ter sido em vão, já que o Aces, após vencer com tranquilidade as duas partidas inaugurais da série contra o New York Liberty, perdeu o terceiro jogo, dominado tal qual nos confrontos da temporada regular, além de perder duas titulares para o restante da série. A armadora Chelsea Gray e a pivô Kaih Stokes, alçada à titularidade após a contusão de Candace Parker, estavam fora da partida 4. Tudo parecia conspirar para a repetição da história da liga; excetuando-se os seis primeiros anos, nenhuma outra equipe conseguiu o bi campeonato de forma consecutiva; nem o Phoenix Mercury de Diana Taurasi, nem o Seattle Storm de Sue Bird, nem o Minnesota Lynx, de Maya Moore. Parecia que a sina iria se repetir.

Porém, convem não descartar a priori uma equipe como o Las Vegas Aces. Sem 3 titulares do início da temporada, sem uma jogadora fundamental no título em 2022, com rotação curta, a equipe demonstrou todoa sua fibra e, fora de casa, contra um esquadrão completo e formado em contraposição ao Aces, obteve a vitória decisiva, fechando a série em 3 a 1. O Liberty teve a bola decisiva, mas a ótima cobertura defensiva de Jackie Young impediu o arremessos de Vandersloot. O resultado de 70 x 69 decretou o bi do Aces.

Os conselhos de Swoopes surtiram efeito e A’ja encarregou-se de por números impressionantes na partida: 24 pontos e 16 rebotes. Alysha Clark colocou Breanna Stewart na jaula e reduziu a potente pivô a míseros 3/17 nos arremessos. As bancárias honraram a confiança depositada por Becky Hammon, com destaque para a experiente pivô australiana Cayla George – de fim de banco à segunda maior arremessadora na partida mais importante do ano. 

Assim, o Aces confirmou o status de ‘super time’ e igualou-se a apenas outras duas equipes da história. O já comentado Houston Comets, com o quarteto de ferro Cynthia Cooper, Tina Thompson, Sheryl Swoopes e a ala brasileira Janeth Arcain, deu as caras e conquistou as 4 primeiras temporadas, entre 1997 e 2000; imediatamente na sequência, o Los Angeles Sparks, liderado pela pivô Lisa Leslie, venceu dois campeonatos em 2001 e 2002, para fechar a série de vitórias consecutivas. Até que o Las Vegas Aces fechou a maldição e mostrou todo seu poderio.

Cabe ao New York Liberty, uma das franquias pioneiras, o triste destino de ser a segunda melhor equipe nas sequências de Comets, Sparks e agora Aces. Dos 4 títulos de Houston, em três deles o vice ficou com o Liberty; no bi de Sparks e Aces, o Liberty foi o vice em ambas. O time, treinado por sandy Brondello, encerra um ano animador, de reconstrução e formação de um super elenco, sem o resultado esperado, mas com todas as peças para retornar no próximo ano, ainda mais forte. Dificilmente Breanna repetirá um playoff tão ruim e a equipe possui um elenco recheado, com possibilidade de variações. Sem dúvida, o título de New York está a caminho. Para tanto, terá que desfiar novamente o Las Vegas Aces.

A série final colocou mais lenha na rivalidade e nem o título finalizou as provocações nas redes sociais, envolvendo as jogadoras. Após Sabrina Ionescu fazer o gesto de ‘night night’ no jogo 3, a armadora reserva do Aces, Sydney Colson, deu o troco e não deixou barato as muitas provocações. Kelsey Plum foi outra a manifestar sua visão e prontamente recebeu um turbilhão de críticas. Se faltava estímulo, agora não há mais; a tendência é que os confrontos entre ambas as equipes sejam ainda mais apimentados do que nesta temporada.

Para o Aces, a manutenção da estrutura da equipe está garantida, com o retorno de Chelsea Gray, Kelsey Plum, Jackie Young, A’ja Wilson e a comissão técnica liderada por Becky Hammon. A dúvida reside na permanência de Candace Parker (a craque aposentará ou voltará para conquistar seu quarto troféu?) e nas peças restantes do elenco. Em 2022, o time mostrou um padrão tático inovador, melhorado a patamares históricos em 2023. O time comemora e já pensa em outro feito, o tri campeonato consecutivo, deixando para trás o Sparks caso alcance seu objetivo.

Era a final que todos aguardavam, com um roteiro impensável para o jogo decisivo. A’ja Wilson sagrou-se MVP das finais e conquistou a única premiação individual que lhe faltava. A craque possui apenas 27 anos e uma longa trajetória pela frente, até onde ela chegará dependerá dela. Para quem tem uma estátua em sua homenagem na frente do ginásio de sua universidade (sediada em um dos estados do sul dos Estados Unidos), o céu é o limite.


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