Judo português: um balanço do ano de 2018

João CamachoJaneiro 2, 20198min0
2019 está aqui e o Judo Português vai ter de lutar para continuar a crescer! Fizemos um balanço do ano que passou e dos sucessos conquistados na modalidade

O ano de 2018 fica marcado pelo início da qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que irão decorrer na capital Japonesa no Verão de 2020.

Desde o final de Maio de 2018 que a participação no circuito mundial permite aos atletas amealhar pontos para o ranking mundial e para o ranking de qualificação olímpica.

Se o período de qualificação terminasse no dia 31 de Dezembro, através do ranking de qualificação Olímpica, Portugal teria apurado diretamente um total de 5 atletas, 3 femininos (Catarina Costa/Joana Diogo, Joana Ramos e Patricia Sampaio), 2 atletas masculinos (Anri Egutidze e Jorge Fonseca) e, adicionalmente, teríamos Telma Monteiro, através da cota continental Europeia, cota atribuída pelo comité olímpico internacional (COI) a cada uma das entidades responsáveis pelo Judo nos 5 continentes.

A maior referência do Judo Português, Bronze nos Jogos do Rio e que este ano conquistou o bronze nos campeonatos da Europa de Telavive, deparou-se com alguns problemas físicos e os resultados tardam em aparecer, mas a sua experiência, qualidade e atitude irão, certamente, dar frutos e rapidamente Telma irá estar nas posições que a permitirão qualificar diretamente e entrar com o estatuto de candidata à medalha, naquela que será a sua quinta participação em Jogos Olímpicos.

Comparando com a participação Portuguesa nos Jogos Olímpicos do Rio, que decorreram em 2016, Portugal apresentaria um total de atletas idêntico, mas com uma distribuição por género diferente. A equipa feminina teria 4 atletas, mais 2, e a equipa Masculina teria 2, menos 2 atletas.

A redução da participação no que respeita à equipa masculina é preocupante, mas o facto de alguns atletas se encontrarem a recuperar de lesões e faltar aproximadamente um ano e meio até ao final do período de qualificação, que termina no final de Maio de 2020, faz- nos acreditar que o objetivo de bater a participação do Rio, definido pela Federação Portuguesa de Judo (FPJ), é um objetivo tangível e realista.

Telma Monteiro voltará ao seu melhor em 2019? (Foto: ESPN)

Novos talentos

O ano de 2018 fica marcado pela entrada demolidora de Catarina Costa (tanto Catarina Costa como Joana Diogo estão dentro das posições de qualificação. Catarina Costa ocupa uma posição mais elevada no ranking. Cada país só pode apresentar um atleta por categoria de peso), na categoria feminina dos 48 Kg, com uma subida vertiginosa no ranking mundial desta categoria de peso, tendo terminado o ano na 16ª posição.

Esta posição é fruto de um conjunto impressionante de resultados dos quais destaco o título no Grand Prix de Antália, a prata no Grand Prix de Agadir e no Grand Prix de Cancun, e um notável quinto lugar nos Campeonatos do Mundo de Baku, onde perdeu a medalha de Bronze frente à campeã Olímpica em título, a Argentina Paula Pareto.

A jovem Patricia Sampaio, atleta ainda do escalão Júnior na categoria dos 78Kg, esteve brilhante com a conquista do título de campeã da Europa de Juniores e da medalha de Bronze nos campeonatos do Mundo do mesmo escalão.

Patricia estreou-se no circuito Mundial, no Grand Prix de Zagreb, e terminou na posição 26 do ranking Mundial e dentro da lista de qualificação Olímpica desta categoria de peso. Existe uma enorme expectativa nesta atleta que em 2019 cumpre o seu último ano no escalão de Júnior e que apresenta condições para sonhar com a qualificação Olímpica, apesar da sua idade.

No que respeita à restante equipa, o destaque vai para:

  • Joana Diogo terminou o ano com o Bronze no Grand Prix de Tashkent, o que lhe permitiu terminar na posição 29 e discutir com Catarina Costa a qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio;
  • Joana Ramos, a experiente atleta chegou ao bronze no Grand Prix de Cancun, terminou o ano na posição 22 do ranking Mundial da categoria feminina de 52Kg;
  • Anri Egutidze mostrou que o título de vice-campeão da Europa de Juniores em 2016 não aconteceu por acaso, entrou em 2018 com o bronze no Grand Prix de Agadir e a prata no Grand Prix de Tbilisi. Antes do Mundial, chegou ao Bronze no Grand Prix de Zagreb terminando o ano com um 5º Lugar no Grand Slam de Osaka, o que permitiu fechar o ano na posição 12 do ranking Mundial;
  • Terminamos com Jorge Fonseca, o atleta da categoria dos 100Kg entrou demolidor em 2018 com o Bronze no Grand Slam de Düsseldorf, prata no Grand Prix de Agadir e bronze no Grand Prix de Tbilisi. Seguiu-se um 7ºLugar nos Mundiais de Baku, o bronze no Grand Slam de Osaka e um 5º lugar no Masters 2018, que permitiu que Jorge Fonseca terminasse o ano na posição 5 do ranking Mundial!

Para terminar, um destaque para o jovem João Fernando que conquistou a medalha de prata nos campeonatos da Europa de Juniores, na categoria de 73Kg.

Um Atleta com um enorme potencial e que garante muita competitividade na categoria de 73Kg, onde contará com a forte concorrência de Nuno Saraiva e Jorge Fernandes.

Liga dos Campeões de Judo

O dia 7 de Dezembro de 2018 ficará na história do Judo Português como o dia em que a equipa do Sporting Clube de Portugal conquistou a Liga dos Campeões de Europeus de Judo.

O feito da equipa do Sporting é notável, e para quem anda menos atento, totalmente inesperado e surpreendente. Mas a realidade é bem diferente e pouco ou nada tem de inesperado este titulo.

O projeto liderado pelo antigo internacional Português, Atleta Olímpico e Campeão da Europa, Pedro Soares, mostrou que é possível sonhar e chegar ao mais alto patamar do Judo. Para isso, é necessário uma estratégia, patrocinadores de qualidade, uma estrutura sólida que permita apoiar as múltiplas necessidades de um atleta de alto rendimento, liderança e uma equipa técnica versátil, a título de curiosidade, João Pina, experiente atleta que esteve presente em três olimpíadas e que foi Bi-campeão da Europa, faz parte da equipa técnica.

A equipa do Sporting Clube de Portugal conta com alguns dos melhores atletas portugueses, David Reis, João Fernando, Anri Egutidze, Miguel Alves e Jorge Fonseca a que se juntaram dois experientes atletas da Mongólia, Kherlen Ganbold e Odbayar Ganbaatar, e o Espanhol, campeão do Mundo de 2018 na categoria de 90Kg, Nikoloz Sherazadishvili, que faz parte da equipa há muitos anos, quando ainda era atleta do escalão Júnior.

A equipa do Sporting bateu os Russos do Yawara Neva, campeões em título, por 3-2 na final do evento, realizado em Bucareste.

2019…

Vamos entrar num período crítico da qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio e os resultados de 2018 perspetivam que podemos superar o número de atletas que participaram nos Jogos do Rio, no entanto, a fronteira entre o sucesso e o fracasso é ténue e 2019 será um ano complicado para os atletas Portugueses onde o nível será, indubitavelmente, muito alto, com muitos atletas em busca da qualificação que cada vez está mais limitada e, por consequência, difícil.

Em Tóquio será incluído no programa Olímpico, pela primeira vez na história, uma competição de equipas mistas, como consequência das iniciativas que decorrem à escala Global para a igualdade de género. As equipas serão compostas por um total de 6 atletas; 3 atletas femininas (57Kg, 70KG e +70Kg) e 3 atletas masculinos (73Kg, 90Kg e +90Kg).

Todos eles terão de ter conseguido a qualificação Olímpica individualmente, pois só assim serão elegíveis para a competição de equipas. A probabilidade de Portugal participar nesta competição será muito reduzida, ou mesmo impossível, mas a recente notícia da naturalização da atleta de origem Brasileira, Barbara Timo (categoria 70Kg), e da eminente naturalização de Rochele Nunes (+78Kg), permitem sonhar com a presença de uma equipa Portuguesa nesta competição, pois são duas atletas de elevadíssimo nível, fazem parte da seleção Brasileira, e têm potencial e condições para conseguir a qualificação para Tóquio, representando a equipa Portuguesa. Será este o modelo a seguir…?

Foto: Lusa

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