A análise à primeira volta do campeonato de hóquei em patins

José NevesJaneiro 26, 201813min0

A análise à primeira volta do campeonato de hóquei em patins

José NevesJaneiro 26, 201813min0
Com o final da primeira volta do campeonato fazemos a análise ao que já se jogou lançando a 2ª volta que promete lutas intensas até final.

13 jornadas do Campeonato Nacional de hóquei em patins já se jogaram e outras 13 estão ainda pela frente, chegámos a meio da prova e muitas são as conclusões que se podem tirar desta primeira volta do campeonato. 91 jogos depois da stickada inicial fazemos a análise ao que já se jogou, abrindo as portas aos que ainda se irá jogar, com a certeza de que as batalhas pelo título e pela despromoção só ficaram decididas após as próximas 91 partidas.

Classificação actual do campeonato à entrada para a segunda volta (foto: hoqueipatins.pt)

O título de campeão: De quarteto a trio

A corrida ao título era o grande atractivo do campeonato durante o verão, com vários reforços de grande qualidade, as quatro equipas que lutavam por este objectivo estavam preparadas para levar o seu esforço até ao final na ânsia de levantar o troféu. Mas com um final de primeira volta desastroso, para um destes conjuntos o sonho do título está cada vez mais distante.

A Oliveirense de Tó Neves venceu apenas por 1 vez nos últimos 6 encontros e encontra-se já a 8 pontos da liderança, para além dos empates nos terrenos de Juventude Viana e Turquel, a equipa de Oliveira de Azeméis não conseguiu bater nenhum dos seus adversários directos, tendo registado um empate caseiro frente ao Benfica, e derrotas frente ao Porto (em casa por 1-3) e frente ao Sporting (no Pavilhão João Rocha por impensáveis 1-9). Com um balneário repleto de craques os jogos frente aos três rivais na luta pelo título mostraram as muitas debilidades da Oliveirense, principalmente no aspecto defensivo, e com vida difícil também na fase de grupos da Liga Europeia, e um sorteio da primeira eliminatória da taça que ditou uma viagem ao Dragão Caixa, a época da Oliveirense parece estar condenada ao fracasso.

No topo da tabela segue o Benfica, a única equipa que ainda não perdeu nesta edição do campeonato. Apesar de peças fulcrais no sucesso recente dos encarnados como Diogo Rafael e João Rodrigues se apresentarem esta temporada uns furos abaixo do que nos habituaram, as águias têm em Pedro Henriques, Carlos Nicolia e Jordi Adroher um trio de jogadores em grande forma, e que são em grande parte responsáveis pela liderança do Benfica no campeonato. Adroher é mesmo o máximo artilheiro dos encarnados, com 20 golos marcados no campeonato, tendo feito abanar as redes adversárias em 12 dos 13 jogos já disputados. Ainda que a equipa de Pedro Nunes tenha realizado algumas exibições não tão convincentes, o Benfica vai fazendo o que lhe compete, e o 1º lugar na tabela é prova disso.

A apenas 1 pontos das águias na classificação seguem os eternos rivais, o Sporting. Com alguns reforços de peso para a presente temporada, era expectável que o fosso entre os leões e os três rivais na corrida ao título se apagasse de vez, e foi isso mesmo que se verificou. Com um hóquei em que o colectivo se sobrepõe a qualquer individualidade, é o aspecto defensivo que tem impressionado com apenas 16 golos sofridos, uma média pouco superior a 1 golo por jogo. Ângelo Girão, Henrique Magalhães, Matías Platero e companhia, têm mantido a sua baliza bem guardada, com 3 jogos em que não sofreram qualquer golo e com um máximo de 3 sofridos num jogo (no empate caseiro frente ao Benfica a 3 bolas), este domínio da arte de bem defender pode devolver ao Sporting o título de campeão nacional.

O campeão em título FC Porto realizou uma primeira volta de altos e baixos, com duas derrotas fora de portas em Barcelos e frente ao Benfica, os dragões fecharam a 10ª jornada a 6 pontos da liderança, mas com vitórias consecutivas frente a Oliveirense e Sporting a equipa de Cabestany recuperou grande parte da desvantagem, que é agora somente de 2 pontos. Com um ataque demolidor, o Porto regista 83 golos marcados no campeonato, mais 16 que o segundo melhor registo, o do Benfica, contando para isso com os 22 golos de Gonçalo Alves (melhor marcador do campeonato), e os 17 de Hélder Nunes. Com o melhor registo caseiro de toda a prova e com uma curta distância para o líder, que ainda visita o Dragão Caixa, o Porto continua em muito boa posição para revalidar o título.

Paulo Freitas e o seu Sporting destacam-se pela excelente organização defensiva (foto: Sporting CP)

5º lugar: De trio a quarteto

A luta pelo 5º posto do campeonato entre OC Barcelos, A Juventude Viana e AD Valongo é outro dos pontos forte deste campeonato, 3 equipas equilibradas e que poderiam fazer com que qualquer um dos candidatos ao título perdesse pontos preciosos, 3 equipas com qualidade mais que suficiente para disputar a Liga Europeia mas, graças às 4 potências actuais do hóquei, condenadas a não poder disputar a principal competição europeia de clubes. 3 clubes que agora, vêm um 4º morder-lhes os calcanhares.

Com uma primeira volta bastante positiva, o SC Tomar aparece a apenas 4 pontos do 5º lugar, tendo mesmo batido a Juventude Viana em Tomar, e sendo a única equipa a sair de Barcelos com pontos. A turma nabantina tem sido uma das surpresas da temporada, não só a nível interno como também na Europa, onde bateu os italianos do Valdagno para se apurar para os 1/4 final da Taça CERS. Com 18 pontos já conquistados (na temporada passada fez 26) e com a excelente orientação de Nuno Domingues, o Tomar tem o objectivo primordial da manutenção praticamente garantido e o objectivo secundário do 8º lugar, para já, seguro com 7 pontos de vantagem para o 9º classificado. Uma primeira metade de época a todos os níveis positiva e que pode melhorar ainda mais com uma possível presença na final-4 da Taça CERS.

Apesar da renovação que o plantel do Barcelos sofreu no passado verão, a equipa barcelense mostra continuar com qualidade para repetir o 5º lugar e fazer o tri na CERS. Com um registo em casa sem derrotas, tendo batido o FC Porto e apenas cedido um empate frente ao Tomar, a equipa de Paulo Pereira volta a fazer do ambiente único do Municipal de Barcelos a sua grande força. Com jogadores com mais anos de casa como Hugo Costa e Ruben Sousa a mostrarem estar à altura do desafio de liderar a equipa, a época 2017-18 pode voltar a ser de conquistas para os barcelenses.

Com os mesmos pontos do Barcelos na tabela aparece o Valongo, um conjunto que tal como o Barcelos tem uma massa adepta fervorosa no apoio à equipa, que ajuda a que ninguém tenha tarefa fácil na visita ao “San Siro”. Com apenas 1 derrota caseira frente ao Porto, o Valongo tem mostrado muita competência no aspecto defensivo, tendo sofrido apenas 1 golo nos últimos 2 jogos. Treinados por Miguel Viterbo, o homem que capitaneou o clube no inédito título de campeão em 2013-14, o Valongo conta com o grande contributo em rinque dos reforços Daniel Oliveira “Poka” e Diogo Fernandes, que juntos somam 30 dos 48 golos dos valonguenses no campeonato. Com a qualidade que tem sido apresentada em pista o Valongo continua a ter o objectivo do 5º lugar bem vivo.

No sétimo posto da tabela classificativa mas a apenas 1 pontos da cobiçada 5ª posição vem a Juventude Viana. Com o reforço Emanuel Garcia em plano de evidência, é o 3º melhor marcador do campeonato com 19 golos, a experiência que reina no balneário tem sido importante para manter a equipa vianense na corrida ao 5º lugar. Tendo sofrido duas derrotas no seu pavilhão, frente a Sporting e Benfica, ambas pela margem mínima, o calendário da equipa de Renato Garrido parece mais simpático que os de Valongo e Barcelos, que terão ambos de receber Sporting, Benfica e Oliveirense, e com apenas 1 ponto de desvantagem para os seus rivais, a Juventude Viana aparenta ser o principal candidato a terminar a época no 5º posto.

A manutenção: Salve-se quem puder

A batalha pela manutenção é sempre das mais emotivas e que mais equipas envolve, esta época são 6 as equipas que iniciam a 2ª volta à procura de uma posição que lhes permita ficar mais uma temporada na companhia dos grandes, quais serão as 3 que terão sucesso?

O HC Turquel era, a par do SC Tomar, a equipa que melhores probabilidades tinha de sobrevivência, e era expectável que ambos os clubes que representam a zona centro do país lutassem entre si pelo 8º posto, deixando os lugares de aflição com naturalidade. Mas se a turma nabantina o está a conseguir fazer, a turquelense não. Numa época de transição no comando técnico depois da saída após vários anos de João Simões, o seu substituto Jorge Godinho não teria vida fácil ao render o homem que devolveu o Turquel à 1ª divisão e à Europa, mas certamente que os adeptos alvinegros não esperavam um início de temporada tão fraco. Com vários pontos perdidos em casa frente a equipas da 2ª metade da tabela (empates frente a Infante Sagres, Braga e Tomar) e com um hóquei de fraca qualidade quando comparado com aquele praticado nas épocas anteriores, o Turquel é agora, olhando para o calendário da 2ª volta, um dos mais fortes candidatos à descida de divisão, algo impensável no início da época tendo em consideração a qualidade do plantel. Um cenário que levanta dúvidas entre os adeptos da “Aldeia do Hóquei” sobre se Jorge Godinho será o homem certo para manter o bom trabalho realizado por João Simões.

Jorge Godinho não teve o melhor início de carreira como treinador do Turquel (foto: HC Turquel)

O Valença tem apenas 10 pontos e está a apenas 2 da zona vermelha da tabela, mas se olharmos ao calendário das equipas no fundo da classificação, os valencianos são os que melhores chances de manutenção têm. Isto porque, ao contrário do que acontece com o Turquel que recebe o Grândola mas joga fora com todas as outras equipas da 2ª metade da tabela, o Valença recebe no seu pavilhão quase todas as equipas que com ele lutam pela permanência, excepção feita à deslocação a Grândola. Com um Luís Viana cada vez menos goleador mas com uma equipa equilibrada onde Guido Pelizari, Zé Braga e Rodolfo Sobral se apresentam a grande nível, e tendo a equipa de Orlando Graça esta temporada já roubado pontos na recepção aos vizinhos da Juventude Viana, o cenário parece favorável ao Valença.

O Paço de Arcos apresentou dois reforços de peso para a presente temporada, André Centeno e Gonçalo Nunes, ambos por empréstimo do Sporting, mas nem por isso a época tem corrido de feição ao clube da linha. O Paço de Arcos soma apenas 8 pontos e é a primeira equipa acima da linha de água, em igualdade pontual com o HC Braga, a primeira abaixo. Com alguns resultados comprometedores, como os empates caseiros frente a Braga e Grândola, de pouco tem valido a época de revelação de Gonçalo Nunes, que leva 18 golos no campeonato, uma vez que a equipa de Luís Duarte é a que menos golos marca por jogadores vindos do banco, dos 42 golos marcados no campeonato apenas 4 foram marcados por jogadores suplentes. Jogando apenas no seu pavilhão por 2 vezes frente a adversários directos, o Paço de Arcos não poderá escorregar, e terá mesmo de amealhar alguns pontos fora de sua casa para se manter na elite.

Abaixo da linha de água estão, no final da 1ª volta, os 3 recém-promovidos ao escalão principal do hóquei em patins nacional. O primeiro deles é o HC Braga, equipa que se previa fosse a que melhores chances teria de se manter na 1ª divisão de entre as promovidas. Com um plantel equilibrado, onde é recorrente assistirmos a uma total rotação em rinque da equipa sem que no entanto os níveis de qualidade desçam consideravelmente, e com um dos mais conceituados técnicos do hóquei nacional dos últimos anos, o Braga rubricou uma 1ª volta dentro do esperado. Apesar da derrota caseira diante do Valença logo na jornada inaugural do campeonato, o Braga arrancou dois empates dos terrenos de Turquel e Paço de Arcos, a juntar a uma surpreendente vitória caseira frente ao Barcelos, o que permite ao conjunto liderado por Vítor Silva encarar com algum optimismo a segunda metade da época.

O Infante Sagres é a pior defesa do campeonato com um total de 79 golos sofridos, mas aparece apenas a 1 ponto dos lugares de salvação. Com vários golos sofridos diante das 4 melhores equipas do campeonato, o Infante Sagres conta com 7 pontos na tabela, fruto de 2 vitórias caseiras frente a Braga e Grândola, e um espectacular empate fora de portas em Turquel a 8 bolas. A equipa treinada por Fernando Almeida tem contado com a qualidade e irreverência de João Paulo Candeias, que leva 14 golos marcados, para se manter na luta por um lugar na 1ª divisão, e apesar das probabilidades não estarem a favor da equipa da cidade invicta, jogos como o de Turquel demonstram a vontade do Infante em bater essas probabilidades e garantir a manutenção.

Por fim chegamos ao lanterna vermelha do campeonato, lugar que ocupa desde a 1ª jornada e de onde ainda não saiu, o Grândola soma apenas 3 pontos, sem que ainda tenha vencido qualquer jogo esta temporada. Em ano de estreia na 1ª divisão a tarefa seria bastante complicada para o conjunto alentejano, e apesar da vontade mostrada pelos seus jogadores, e das dificuldades impostas aos adversários que visitam a “Vila Morena”, os resultados não têm sido os melhores. 3 empates, em casa frente a Tomar e Turquel e fora portas frente ao Paço de Arcos, colocam a turma grandolense no último lugar a já 5 pontos dos lugares de sobrevivência, deixando o sonho da manutenção cada vez mais irrealista.


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