UEFA Futsal Champions League e a vingança catalã

José AndradeMaio 5, 20229min0

UEFA Futsal Champions League e a vingança catalã

José AndradeMaio 5, 20229min0

Neste novo texto vamos falar da UEFA Futsal Champions League, a maior competição de clubes do futsal europeu que voltou a ser marcada pelo domínio português com duas equipas nas quatro finalistas, mas com o final a sorrir para o Barcelona naquela que foi a reedição da última final. Vários destaques e por isso venham saber mais sobre esta final-four.

Meias-finais: Favoritismos confirmados

O pontapé de saída da competição foi dado na sexta-feira, com o duelo entre o Sporting CP e os franceses do ACCS. O Sporting venceu por 6-2 num jogo complicado frente a uma equipa muito bem trabalhada por Sérgio Mullor, também ele um dos melhores técnicos do mundo. O marcador foi inaugurado por Esteban que desviou o remate de Erick, na cobrança de uma bola parada depois da turma de alvalade ter entrado melhor no encontro. Os franceses apostaram imediatamente no 5×4 buscando ter posse e tentando impedir que o Sporting conseguisse ter domínio no encontro e isso resultou, em primeiro lugar alterou por completo o jogo, com a equipa portuguesa a conseguir-se adaptar a esta mudança e mesmo com menos posse foram conseguindo reagir acabaram mesmo por marcar dois golos seguidos que deixavam a entender um maior conforto no resultado que não se confirmou.

Até ao intervalo, o destaque foi a expulsão de Pany Varela que mais do que condicionar neste duelo, acabou por afetar o jogo seguinte onde se notou a ausência de um dos melhores do mundo e ainda o golo dos franceses que conseguiram aí bater Guitta depois de muitas tentativas. No segundo tempo, o Sporting começa muito bem, a conseguir aumentar a vantagem, mas os gauleses não desistiram e insistiram na resposta sempre através do 5×4. Com guarda-redes avançado, o ACCS voltou a conseguir aproximar-se mais da baliza e mostrando muita qualidade neste momento jogo, acabaram por conseguir reduzir. O Sporting apesar de algumas dificuldades, não se desconcentrou e acabou por marcar mais dois golos fechando o placar. Uma vitória suada, mas que colocava os leões na quinta final em 6 anos.

No outro duelo da meia-final, o Benfica lutou, mas acabou por perder frente ao Barcelona por 4-5 após prolongamento. Num duelo de “loucos”, foi o conjunto português a entrar melhor, depois do cerco à baliza de Didac Plana, Tayebi inaugurou o marcador através de grande penalidade. A resposta dos catalães foi imediata e foi aí que começou o “aperto” ao Benfica, que soube aguentar fruto da exibição de André Sousa. Com o Barcelona por cima, foi o Benfica a marcar de novo, aproveitando um erro no ataque catalão. Apesar da melhoria e de ter controlado mais no primeiro tempo, o Barcelona não conseguiu marcar e viu Afonso Jesus colocar o Benfica com uma vantagem ainda maior, muito para corrigir na segunda-parte no lado blaugrana na ida para os balneários e foi isso que aconteceu. Os segundos 20 minutos foram bem diferente, Barcelona entrou com tudo e consegue chegar ao golo nos instantes iniciais do segundo tempo.

André Sousa e os ferros da baliza começaram a assumir maior protagonismo neste duelo logo cedo nos segundos vinte minutos, mas o Barça acaba por chegar ao golo através de um momento de génio de Ferrão. Poucos minutos depois novo golo do Barcelona e estava tudo ainda mais ao rubro com a equipa de Jesus Velasco a comandar a partida. A dois minutos do final do encontro e já com as duas equipas tapadas por faltas, Dyego bisa e coloca o Barcelona na frente pela primeira vez. O Benfica acaba por apostar no 5×4 e consegue mesmo chegar ao golo por intermédio de Chishkala levando este duelo para prolongamento. No tempo adicional o fator decisivo foi o cansaço. Existiu muita luta e a apenas 17 segundos do final, Dyego assume de novo o papel de herói ao marcar o golo que colocou o Barça na final com o Sporting.

3º e 4º Lugar – Benfica fechou o pódio

No jogo que abriu o domingo, o Benfica venceu o ACCS por 5-2 e conseguiu o último lugar do pódio desta edição da UEFA Futsal Champions League. O primeiro tempo foi muito animado, mas sem muitos golos, jogou-se a um ritmo elevado, mas ninguém conseguiu fazer o gosto ao pé apesar das muitas oportunidades.

Foi já na parte final destes primeiros 20 minutos que Tayebi abriu o marcador dando o mote para o que viria a ser o segundo tempo. A segunda-parte trouxe mais golos, com o Benfica a começar mais “mandão” assumindo o controlo do jogo e deixando os franceses em maiores dificuldades, algo que se agravou com o golo encarnado. Os franceses tal como com o Sporting respondem em 5×4 e conseguiram mesmo chegar ao golo, mas a resposta durou pouco já que o Benfica voltou a marcar. Os franceses mais uma vez em situação de guarda-redes avançado voltaram a marcar, mas o Benfica não tremeu e marcou mais dois até ao final confirmando a superioridade neste duelo.

Final – Catalães roubam coroa da Europa aos leões

Chegávamos ao último e mais aguardado jogo, a reedição da final na temporada anterior, falávamos dos vencedores das últimas 3 edições e de duas equipas que estiveram em 10 das últimas 12 finais desta competição. Os catalães entravam em busca da desforra e acabaram por consegui-la ao vencer o Sporting por 4-0, vitória justa, mas resultado pesado para os leões. O jogo como esperado começou muito equilibrado, mas com ascendente para o lado leonino nestes minutos iniciais. Os dois guarda-redes assumiram cedo grande protagonismo, o Sporting ia estando mais faltoso e o Barça mais perigoso, sempre procurando bolas em profundidade e ataques rápidos. Depois de alguns sustos, os catalães chegaram mesmo ao golo, Sergio Lozano a marcar depois de uma transição rápida, com o capitão blaugrana a conseguir fazer o golo na saída de Guitta.

O Sporting não conseguiu responder ao tento sofrido e acabou por voltar a sofrer pouco depois, Pito a fechar uma primeira-parte onde os leões não conseguiram materializar as oportunidades e viram os catalães ser mais eficazes. O Sporting queria mais, mas Ferrão ainda antes do primeiro minuto desta segunda-parte marcou e deixou os leões com uma tarefa ainda mais complicada. A equipa de Nuno Dias nunca desistiu, apostou no 5×4, tentou até ao fim, mas não conseguiram nunca criar perigo, um jogo atípico desta equipa que nem de bolas paradas conseguiu chegar ao golo. Barcelona ainda chegou ao quarto golo através de Didac, o guardião catalão fechou o placar marcando de baliza a baliza. Portugal termina com duas equipas no pódio desta competição, mas sem o tão desejado ouro.

Destaques individuais desta final-four:

  • Sérgio Lozano – Estrela decisiva

Podíamos juntar Fernando Cardinal aqui, isto porque foram dois atletas que ultrapassaram lesões muito graves, que quase terminaram as suas carreiras por isso, destaque para os dois, com maior protagonismo para o capitão do Barcelona que não só marcou e foi decisivo na final, como voltou a mostrar-se ao melhor nível, sendo determinante e uma das estrelas em evidência nesta final-four.

  • Tomás Paçó – Super época

Depois destaque para o jovem fixo do Sporting, é dos jogadores em melhor forma no futsal europeu, mostrou isso mesmo na conquista da seleção e mais uma vez nesta final-four da UEFA Futsal Champions League. Se Merlim tem mais atenção pela magia e por resolver muitas vezes sozinho, Tomás é fulcral neste Sporting, é um jogador que não falha, que não perde nos duelos mesmo com os melhores do mundo. Tomás Paçó foi dos melhores desta edição, é dos melhores desta temporada e já não existem dúvidas que é um dos melhores 10 jogadores do mundo nesta altura.

  • André Sousa – a muralha encarnada

Mudamos para o rival, para falar de André Sousa, mais um nome que é unanime nos destaques individuais. Tal como Tomás Paçó foi destaque na conquista nacional e tem sido um dos maiores nomes na temporada em Portugal. Um dos melhores momentos de forma de carreira do guarda-redes português e muito por Nuno Silva, o treinador de guarda-redes benfiquista que é o melhor do mundo e que contribuiu para esta fase de André Sousa que nesta final-four voltou a estar a um nível absurdo.

  • Nelson Lutin – a face visível da qualidade gaulesa

Por fim, Nelson Lutin que foi o jogador mais regular desta equipa do ACCS, um ala francês ainda jovem e com muita margem de progressão, tem sido um dos destaques da temporada deste conjunto que já venceu a segunda divisão francesa. É um jogador que tem crescido muito nesta temporada e que foi o mais regular desta equipa na final-four, acabou por marcar nos dois jogos, mas merece destaque por bem mais que isso.

Ficou aqui tudo sobre a UEFA Futsal Champions League, competição marcada pelas duas medalhas portuguesas e pela vingança catalã que roubou a coroa do futsal europeu ao Sporting CP conseguindo assim o seu quatro troféu.


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