A rivalidade tem conhecido um decréscimo

Rafael RaimundoJaneiro 9, 20186min0

A rivalidade tem conhecido um decréscimo

Rafael RaimundoJaneiro 9, 20186min0
A rivalidade entre Benfica e Sporting existe desde sempre. Estará o Sporting mais perto de assumir-se como superior ao rival?

Em Portugal falar em rivalidade no futebol ou no futsal é muito semelhante. Apenas se exclui um dos três ditos grandes – o FC Porto. Contudo, na capital portuguesa a intensidade com que se vive um clássico no estádio ou no pavilhão é proporcionalmente muito parecida. Desde que o Sporting e o Benfica disputam o campeonato português que são, ano após anos, os candidatos à conquista do campeonato nacional. Há uns anos o Belenenses, o Freixieiro – que inclusive foi campeão em 2002 – e atualmente o Braga AAUM, interferiram nessa corrida a dois, mas sem a força dos eternos rivais, nomeadamente em questão de títulos.

É então sobre esse aspeto que o restante artigo se vai centrar. Na rivalidade que, desde que Nuno Dias chegou ao comando da equipa leonina, está a ganhar contornos de domínio absoluto do Sporting face ao rival da 2ª circular. O Sporting porque se reforçou com jogadores de topo a nível mundial e o Benfica porque se tem demonstrado incapaz de implementar uma forma de abordar os jogos suficientemente forte para ambicionar rivalizar com o rival.

As contratações também não têm sido as mais felizes. As que se revelaram boas contratações culminaram em saídas prematuras. Juanjo e Elisandro foram dois dos casos. Ambos contratados por equipas da vizinha Espanha, Barcelona e Inter Movistar, respectivamente.

 As últimas duas temporadas são o espelho desse domínio.

O clube é bicampeão nacional. (Fonte: Blog Bancada de Leão)

A equipa verde e branca foi campeã nas últimas duas temporadas, conquistou também uma Taça de Portugal, e marcou presença na Final Four da Uefa Futsal Cup, equivalente à Liga dos Campeões no futebol, no ano passado. Na competição europeia chegou mesmo à final da prova, no entanto acabaria por perder para a equipa de Ricardinho, o melhor jogador português da história e actualmente o melhor do mundo da modalidade.

Ganhou ainda a Supertaça disputada na presente temporada, curiosamente contra o grande rival.

Já o Benfica, e de forma oposta, não foi além da conquista de uma Taça de Portugal e de uma Supertaça. A taça de Portugal foi ganha à equipa da Burinhosa por 5-1, ao passo que a Supertaça foi ganha ao Sporting. Na época transacta a equipa treinada por Joel Rocha não passou sequer das meias finais do playoff que apura o campeão nacional da modalidade.

Pela diferença de conquistas é perceptível quem é a equipa que está a assumir maior domínio na modalidade. Ainda a época estava no início já o Sporting ganhava ao Benfica em casa, num jogo em que predominou, de forma clara, a qualidade do plantel sportinguista.

Existe uma grande diferença entre os dois planteis.

O plantel oferece muitas soluções para qualquer posição. (Fonte: Sporting Clube de Portugal – Futsal)

É, essencialmente, na grande diferença dos planteis que se percebe o porquê deste domínio.

De Cavinato, Merlim, Divanei, Cardinal, Dieguinho, a João Matos, Pedro Cary, Diogo, Djo ou Deo, a equipa leonina formou um plantel muito forte e com capacidade para abordar cada jogo consoante aquilo que é necessário. Seja a jogar com pivot mais posicional, onde o jogador tem uma posição mais estática, ou mesmo sem ele – neste caso, qualquer jogador nos momentos de rotação da equipa, quando são feitos os movimentos de ruptura, diagonais ou paralelas, acaba por ocupar esse espaço – a equipa sabe jogar com qualidade.

Porém, toda esta dinâmica só tem sido conseguida devido a uma política interna positiva nesse parâmetro. O clube não só não tem sido complacente com a saída de jogadores nucleares na estratégia da equipa como tem feito esforços para melhorar cada setor o mais possível.

A equipa encarnada ressentiu-se da saída de jogadores com extrema importância na manobra ofensiva da equipa. (Fonte: Blog Serbenfiquista)

O clube encarnado, e ao invés do seu rival, não foi capaz de acompanhar essa evolução. Certo é que a equipa tem sido alvo de algumas reestruturações internas, nomeadamente com a saída de jogadores que assumiam extrema importância na estratégia da equipa. Saiu Alexandre Patias, Elisandro, Juanjo. A lesão de Chaguinha foi também um contratempo para o técnico.

Em sentido contrário, chegaram alguns jogadores. Robinho, Raul Campos e Deives, trouxeram esse acrescento de qualidade de que a equipa necessitava. A recente contratação de Fernandinho ainda mais. É preciso tempo para que o demonstrem.

Um tipo de jogo também ele diferente.

Caso o adversário jogue com uma defesa à zona, tradicionalmente associada à linha do meio campo, a equipa pode dispor-se sem pivot. No contexto, os jogadores escolhidos por Nuno Dias são capazes de criar uma rotatividade que a qualquer momento é capaz de desorganizar a defesa contrária, numa espécie de 4-0, em que não existe um pivot fixo, todos os jogadores passam na posição.

Se a equipa contrária optar por assumir uma pressão alta, é de extrema importância ter um jogador de características mais posicionais, para que a bola lhe seja colocada e os seus colegas consigam sair da zona de pressão. O Sporting tem também esse tipo de jogador característico de uma tática de 1-2-1.

A equipa de Joel Rocha, de facto, também tem estas condições, mas não com a qualidade de que Nuno Dias dispõe. A juntar a isto há ainda o facto de o Benfica estar muito dependente de Robinho. Muito do jogo ofensivo encarnado começa com o internacional russo, como último homem, a fazer 1 x 1 contra o adversário directo.

Robinho é dos jogadores mais importantes na estratégia encarnada. (Fonte: SL Benfica)

Quando no lance, os outros três jogadores da equipa colocam-se perto da baliza contrária para que, assim que se liberta daquela zona, a equipa consiga criar superioridade numérica em zona de potencial perigo. O Benfica carece de estratégias diferentes e desenhadas para cada tipo de jogo. Nomeadamente não depender demasiado de um ou outro jogador.

É, portanto, baseado nas conquistas dos clubes nos últimos dois anos, na constituição dos planteis e mesmo na abordagem estratégica a cada jogo, que a rivalidade tem conhecido um decréscimo. Contudo, alegrem-se os adeptos da modalidade. Brevemente acreditamos que tudo voltará ao normal.


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