Quatro selecções para seguir em 2021

André CoroadoDezembro 26, 20207min0

Quatro selecções para seguir em 2021

André CoroadoDezembro 26, 20207min0
Na antecâmara de 2021 escolhemos um conjunto de quatro selecções que não competiram no ano passado e sobre as quais temos grande expectativa.

O ano de 2021 está a chegar e, pesem embora as incertezas em torno da realização do próximo mundial FIFA em Moscovo, em Agosto, temos razões para crer que a normalidade do calendário internacional de futebol de praia tenderá a ser gradualmente retomada. Caso os torneios de qualificação possam ser realizados nas seis confederações, tratar-se-á do primeiro evento de selecções à escala global depois do Mundial FIFA 2019, realiado no Paraguai, em que a selecção portuguesa se sagrou campeã mundial.

No lançamento do novo ano, decidimos lançar um olhar a um quarteto de selecções de fora do continente europeu que já não vemos em acção desde os últimos meses de 2019 e sobre as quais recai uma grande expectativa. Eis, portanto, as 4 selecções a seguir no ano de 2021 para o Fair Play.

Senegal

Os Leões de Teranga dominaram o futebol de praia africano durante a última década, tendo conseguido o apuramento para as últimas cindo edições do mundial de futebol de praia e alcançado os quartos de final por três ocasiões, incluindo Bahamas 2017 e Paraguai 2019. Os comandados de Oumar Sylla nunca passaram às semi-finais do torneio, no entanto, batidos por equipas europeias mais experientes como Itália ou Portugal.

Detentores de um estilo muito próprio, os senegaleses são unanimemente considerados a equipa mais forte do mundo do ponto de vista físico, primando pela velocidade, força e destreza dos seus jogadores. Essa tem sido a principal arma de uma equipa que apesar de apresentar processos tácticos bastante simples consegue causar problemas a qualquer equipa do panorama mundial, atacando num sistema 1:2:2 de elevado pendor físico e colmatando o menor rigor a nível defensivo com a rapidez dos seus jogadores e solidariedade colectiva.

Imbatíveis desde 2015 no campeonato continental africano, os senegaleses almejam seguramente a renovação do título em 2021. Contam para isso com a veia goleadora de pivôs como Diagne e Mendy, a capacidade desequilibradora do já experiente Babacar Fall ou a força e voz de comando dos veteranos Ngala Sylla e Al-Seyni Ndiaye, que guarda as redes dos Leões de Teranga desde a sua primeira participação em mundiais, em 2007. Assuindo que o Senegal alcançará a qualificação para o mundial da Rússia, que poderemos esperar do conjunto africano para Moscovo?

Uruguai

O Uruguai constituiu-se como uma agradável surpresa no Mundial do Paraguai, ao apurar-se para os quartos de final, na sequência de um triunfo táctico por 1-0 diante do México e uma vitória surpreendente por 4-3 sobre a favorita Itália. É certo que a turma sul-americana não conseguiria ultrapassar um Japão mais experiente e liderado por um super Ozu Moreira nos quartos de final, mas mesmo assim a epopeia do Uruguai estava escrita: regressados ao mundial depois de uma ausência de 4 edições, os rioplatenseses restauravam um pouco da glória de outros tempos.

Vale a pena sublinhar a disciplina táctica de um conjunto que, recuperando pergaminhos de outrora, primou pela consistência defensiva e recorreu a um 1:3:1 clássico para organizar os ataques. Detentores de um modelo de jogo simples, mas bem executado, os uruguaios surpreenderam o mundo com a sua linha de novos talentos, encabeçados pelo pujante Gaston Laduche, que inscreveu o nome na lista de marcadores nos quatro jogos disputados em Assunção. Jogadores mais experientes como Nicolás Bella ou Marcelo Capurro também desempenharam um papel fundamental na manobra ofensiva da Celeste, que constitui um bom exemplo de uma renovação bem sucedida.

Gaston Laduche marcou o golo com que o Uruguai bateu o México por 1-0 na estreia no mundial do Paraguai em 2019 [Foto: FIFA]

Num 2021 em que novos desafios se colocam e outras nações sul-americanas como a Argentina irão procurar o assalto ao campeonato do mundo, conseguirá o Uruguai repetir a façanha de 2019 e comparecer em Moscovo? A expectativa é grande para perceber se o crescimento continuará no novo ano, após a paragem de 2020.

Taiti

O Taiti surge no ano de 2021 em contra-corrente, por comparação com os casos já citados do Senegal e do Uruguai. Depois dos sucessos inusitados de 2015 e 2017, quando o Taiti se sagrou vice-campeão mundial em duas ocasiões consecutivas. Porém, a escassez competitiva da Oceânia, confederação onde apenas as Ilhas Salomão oferecem alguma oposição séria aos polinésios, acabou por prejudicar finalmente as aspirações do Taiti em 2019.

Menos bem preparados do que em ocasiões anteriores, os pupilos de Naea Bennett (antigo pivô da formação insular) entraram em falso no mundial, averbando uma pesada derrota (12-4) perante a Itália que acabaria por ditar o afastamento precoce dos finalistas vencidos de Nassau e Espinho. A vitória por 6-4 diante do Uruguai no derradeiro jogo da fase de grupos acabou por se revelar curta e converteria os homens da Oceânia na grande desilusão da prova.

O insucesso do Taiti prende-se com o momento de renovação do plantel, encontrando alguns dos jovens jogadores numa fase embrionária do seu crescimento desportivo em virtude da já mencionada falta de competição. Além disso, também a forma geral da equipa não apresentava os índices de outros anos, além de que o modelo de jogo dos polinésios era já bem conhecido de todo o mundo. No entanto, a qualidade de jogo da equipa manteve-se alta, conforme o atestam os triunfos perante México e Uruguai, contando com diversos atletas de excelência nos nomes de Taiarui, Li Fung Kuee, Tepa ou Labaste. Conseguirão os taitianos recuperar o nível competitivo de outrora em Moscovo, em 2021?

Irão

De todas as equipas às quais lançamos um olhar, o Irão é sem dúvida aquela que maior preponderância assume no panorama mundial do futebol de praia, mas também a única que não se apurou para o mundial no Paraguai. Privados do bilhete para a América do Sul por uma selecção omanesa muito competitiva, os iranianos sofreram um rude golpe em 2019, mas nem por isso deixaram de alcançar o sucesso nesse mesmo ano: vencedores da medalha de bronze nos jogos Mundiais de Praia e campeões da Copa Intercontinental, apenas um mês antes do mundial, os iranianos reafirmaram em 2019 o seu estatuto de superpotência mundial.

O Irão foi campeão intercontinental em 2019, pela terceira vez na sua História [Foto: IRNA English]

A selecção persa mantém uma trajectória de crescimento há muito iniciada, sustentada por uma liga interna cada vez mais competitiva, onde novos talentos despontam a cada ano. Este desenvolvimento tem permitido o ingresso de novos valores nas fileira da selecção nacional, que contou em 2019 com a contribuição crucial dos jovens Piramoun, Masoumizadeh e Shirmohammadi. Juntando-os a nomes bem conhecidos dos amantes do futebol de praia como o acrobático Ahmadzadeh, o pilar defensivo Akbari e o desequilibrador Mokhtari, o Irão consituiu uma frota de autẽnticos mísseis apontados à baliza dos adversários e é já um dos países de maior sucesso na Copa Intercontinental, com 3 troféus conquistados, à semelhança do Brasil e da Rússia. Vale a pena realçar ainda o papel dos guardiões Hosseini e Bezahdpour, organizadores por excelência do jogo ofensivo do conjunto iraniano a partir de um sistema 1:2:2 bem oleado.

Após um ano em que o mundo não conheceu a fúria persa, que expectativas poderemos acalentar para a selecção iraniana em 2021? Conseguirão regressar ao mundial e repetir a presença no pódio do mundial da Bahamas 2017?


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