Novo Mundialito para Portugal

André CoroadoAgosto 20, 20196min0

Novo Mundialito para Portugal

André CoroadoAgosto 20, 20196min0
O Mundialito de Futebol de Praia 2019 teve como palco a soalheira Praia do Viveiro, na Nazare, que testemunhou novo título da selecção nacional. Os pupilos de Mário Narciso fizeram o pleno de vitórias contra Senegal, Japão e Espanha, assegurando assim novo troféu no palmarés que tem vindo a constuir neste ano de 2019.

O verão não seria o mesmo sem o Mundialito de Futebol de Praia. O torneio internacional de futebol de praia mais antigo do planeta tem vindo a ser disputado ininterruptamente (excepto em 2015) nos areais de Portugal e constitui um emblema da modalidade a nível europeu e global, com um significado muito especial para os portugueses. Muitos são os que começaram a ver e a conhecer a modalidade assistindo, ao vivo ou pela televisão, aos mundialitos jogados na Figueira da Foz (1997-2004) ou em Portimão (2005-2012), antes de a competição rumar a outras paragens, num itinerário que este ano integrou pela primeira vez a Nazaré.

E se a vila do oeste lusitano ainda não tinha acolhido este célebre evento, desta vez pode gabar-se de ter acolhido no mesmo ano a Euro Winners Cup, uma etapa da liga europeia e o inédito Mundialito. Razões para elogiar o trabalho desenvolvido pelas instâncias municipais em parceria com a FPF, num 2019 que contará ainda com a realização da Superfinal da Liga Europeia em solo luso! Como ponto culminante, a autodenominada (muito justamente) capital nacional do futebol de praia recebeu a notícia da extensão do acordo com a BSWW para o acolhimento da Euro Winners Cup durante os próximos 3 anos!

Portugal cumpre com segurança

No plano desportivo, foram também as melhores as notícias que chegaram da parte do conjunto nacional comandado por Mário Narciso. Após a garantia do apuramento para o Mundial FIFA Paraguai 2019, numa saga de grandes emoções e luta ate ao último segundo, a selecção portuguesa voltou a respirar nas areias da Nazaré e alcançou 3 vitórias seguras frente a Senegal (7-1), Japão (4-2) e Espanha (4-2). Sem os ausentes Bê e Léo Martins, Portugal não deslumbrou mas apresentou-se muito consistente, revelando um modelo de jogo consolidado e processos rotinados, apesar das mudanças verificadas na montagem dos dois quartetos de base.

No quarteto formado por Coimbra, Jordan, Belchior e Von foram surgindo alguns golos e jogadas perigosas mas foi notória a falta de entrosamento entre Von e o restante quarteto, que joga num 3:1 muito móvel, pressupondo um papel mais interventivo do pivô na organização do jogo, habitualmente desempenhado por Léo Martins. Ainda assim, os 4 golos de Jordan, os 3 de Belchior e os 2 de Von revelaram-se preponderantes nos 3 triunfos alcançados e ficaram patentes os aspectos a trabalhar caso esta opção seja explorada futuramente.

Por seu turno, o quarteto de Torres, André Lourenço, Madjer e Rúben Brilhante, actuando sistematicamente em 2:2 sem um pivô fixo, deu continuidade ao trabalho que tem vindo a ser cimentado recentemente, colocando em prática uma dinâmica interessante. As jogadas clássicas do 2:2, sempre difíceis de defender, vão surgindo com maior frequência e nota-se um melhor entrosamento entre estes jogadores que têm vindo a actuar juntos.

Madjer, aos 42 anos, tem vindo claramente a subir de forma ao longo da época, assim como o jovem nazareno Rúben Brilhante, autor de um belíssimo golo inaugural frente à Espanha diante dos seus familiares e amigos. André Lourenço continua a oferecer solidez à equipa nacional, enquanto Torres foi sem dúvida um dos heróis do título a par de Jordan: após a expulsão de Coimbra a meio do jogo com o Japão, Torres praticamente nao saiu de campo, sendo o baluarte da consistência defensiva portuguesa. Além disso, o 4 português ainda teve energia para disferir um portentoso pontapé de bicicleta na partida frente a Espanha, que acabaria por se revelar decisiva na conquista da vitória.

Defensivamente, vale a pena sublinhar o bom registo de Portugal, que concedeu apenas 5 golos em 3 jogos (4, se considerarmos que o tento senegalês foi obtido na sequência de um mal entendido posteriormente sanado entre as equipas, quando os lusos aguardavam a devolução da bola em jeito de Fair Play). O rigor defensivo foi coroado com a segurança oferecida por Elinton Andrade entre os postes, que lhe valeu a distinção de melhor guardião do torneio.

Senegal, Japão e Espanha: que futuro?

Lançando ainda um olhar aos adversários de Portugal na prova, há que realçar o segundo lugar alcançado pelo Senegal. Apesar da goleada frente a Portugal, os senegaleses recuperaram nos dias seguintes e impuseram a sua prevalência física para levar de vencidas pela margem mínima (3-2) as formações nipónica e espanhola. No entanto, as dúvidas acerca dos limites desta selecção africana persistem: dada a disparidade abissal entre a preparação física do plantel (de top mundial) e o modelo de jogo da equipa (muito rudimentar, dando mostras de regredir em vez de progredir), poderá o Senegal almejar a vitória frente a uma selecção de classe mundial em forma?

Por seu turno, o Japão confirmou o bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao nível da produção de jogo, mas acabou por contar por derrotas as três partidas efectuadas. A ausência de Goto poderá ajudar a explicar a inépcia de uma selecção que, apesar de muito organizada tacticamente e de contar com um bom nível técnico médio, precisa urgentemente de elementos desequilibradores (não pode continuar dependente das investidas individuais de um Ozu Moreira, menos portentoso do que em anos anteriores).

Finalmente, a Espanha apresentou-se na Nazaré com uma equipa jovem, disposta a preparar as bases do futuro da sua selecção e a fazer esquecer o desapontamento proveniente do não apuramento para o mundial. O triunfo frente ao Japão pode parecer um prémio escasso para os jovens, mas vale a pena elogiar a forma como se bateram inclusivamente contra Portugal, não contando com os experientes Antonio, Eduard e Llorenç para os auxiliar na batalha. Em todo o caso, tem sido uma época agridoce para a formação ibérica, que terá na Superfinal Europeia o ponto mais importante da temporada.

Para já, o próximo evento com participação de formações europeias será os Jogos Mediterrâneos de Praia, nos quais a selecção portuguesa se irá estrear. Trata-se já da sexta competição do ano para os comandados de Mário Narciso, num 2019 de calendário vertiginoso!


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