Calendário internacional 2020 promissor emerge da incerteza

André CoroadoJulho 9, 20207min0

Calendário internacional 2020 promissor emerge da incerteza

André CoroadoJulho 9, 20207min0
O clima é de incerteza na Europa e um pouco por todo o mundo, mas a bola vai voltar a sofrer ressaltos nos montinhos de areia! No final do verão, os campeões europeus, de clubes e selecções, masculinos e femininos, serão coroados nas areias Atlânticas da Ocidental Praia Lusitana. Mas que alterações conhecerá o formato das provas oficiais, excessivamente condensadas em comparação com o habitual em anos normais? Quem serão os grandes beneficiados e prejudicados?

No contexto da actual pandemia, a realização dos eventos nacionais e internacionais de futebol de praia foi colocada em risco – um pouco à semelhança das outras modalidades, mas com a agravante de se tratar de um desporto tradicionalmente ligado ao verão, onde a distância entre adeptos e protagonistas se esbate no ambiente festivo da praia. Na Europa, algumas ligas domésticas já retomaram a actividade, como é o caso da Suíça, da Polónia ou da Ucrânia. Todavia, a maior parte das competições internas e internacionais continuam paradas, num verão atípico sem bola a rolar nas areias do velho continente.

Todavia, a Beach Soccer World Wide já anunciara que iria procurar retomar pelo menos os grandes eventos nos último 4 meses do ano, com especial ênfase na temporada europeia, que seria assim adiada para o final do verão ou o princípio do outono. No seguimento deste pré-aviso, a BSWW confirmou a realização das principais competições europeias no final de Agosto e início de Setembro, num modelo altamente condensado que colocará novos desafios aos atletas e às equipas.

Liga Europeia, Women’s Euro Cup e Euro Winners Cup

São estes os eventos que irão animar a ponta final do verão para a comunidade do futebol de praia, com a particularidade de que todos serão disputados em solo lusitano, à excepção da Final Promocional da Liga Europeia. Este primeiro torneio terá lugar na Moldávia, entre 19 e 23 de Agosto, o que não deixa de ser uma escolha curiosa atendendo à proliferação acelerada da covid-19 na nação do leste europeu. O evento da divisão B, que não será antecedido de qualquer ronda de qualificação, irá reunir um número ainda desconhecido de selecções, que irão lutar por um dos quatro lugares de acesso à divisão A europeia no próximo ano.

Trata-se de uma novidade interessante, na medida em que em anos anteriores apenas a vencedora da divisão B conquistava o acesso à divisão A do ano seguinte, o que conduzia a uma estagnação dos quadros competitivos das duas divisões e criava um fosso de muito difícil transposição para as equipas do escalão inferior. Equipas que têm vindo a trabalhar bem a modalidade nos últimos anos, como o Cazaquistão, a Grécia, a Roménia, a Estónia ou a Hungria, terão assim uam oportunidade soberana para ascender à elite europeia. No entanto, constitui ao mesmo tempo uma medida demasiado penalizadora para as equipas da divisão A, tendo em conta que 4 das 12 integrantes irão ser despromovidas – um corte muito acentuado, especialmente tendo em conta o equilíbrio reinante no principal escalão do futebol de praia europeu.

Volvidos 8 dias, Portugal volta a ser o epicentro do futebol de praia, tirando partido da infraestrutura já montada desde o ano passado na Figueira da Foz e das condições excepcionais oferecidas pela Nazaré. Primeiro, entre 1 e 6 de Setembro, a elite masculina e feminina do futebol de praia europeu viajará até à histórica Praia da Claridade, onde seráo coroados os campeões europeus de ambos os géneros. A prova feminina contará com 8 equipas no combate pelo ceptro continental, incluindo a Espanha, detentora do troféu, e as tradicionais potências Inglaterra, Rússia e Suíça. Por outro lado, a Superfinal masculina será disputada pelas 12 equipas que integram a divisão A: Portugal, anfitrião e actual campeão em título, Rússia, Itália, Espanha, Bielorrússia, Turquia, Ucrânia, Suíça, Polónia, França, Alemanha e Azerbeijão.

Portugal foi campeão europeu na Figueira de Foz em 2019, a 8 de Setembro [Foto: VIVA! Porto]

Desta feita, tendo em conta a inexistência de rondas de apuramento, o formato de liga será preservado de forma aproximada pela colocação das equipas em grupos de 4 elementos cada, sendo as 2 primeiras classificadas de cada grupo e os 2 melhores terceiros lugares apurados para os quartos de final. A partir daí, um sistema de eliminatórias ditará o grande vencedor. Por outro lado, as 4 equipas que não se apurarem para os quartos de final serão despromovidas à divisão B em 2021. Sendo um formato que não admite erros e que vem encontrar as selecções paradas após um longo interregno pandémico, quaisquer previsões se revestem de uma grande incerteza (a começar pela própria realização da competição).

No nosso entender, as selecções cujos jogadores tiverem a oportunidade de ir participando em ligas internas deverão levar vantagem, sendo este o caso da Ucrânia, da Polónia e da Suíça, como já foi referido. Trata-se de uma questão interessante, noemadamente porque há uns meses tínhamos apontado estas equipas como as grandes incógnitas europeias da temporada 2020, tendo em conta o processo de renovação incerto que atravessam. Poderá a pandemia inverter esta situação, pelo menos durante a época actual? Por outro lado, será interessante veriicar como reagem selecções de topo, começando por Portugal, mas passando também pela Rússia, país ainda muito afectado pela pandemia, ou a Itália, primeiro foco da infecção na Europa. Todos estes países apresentam ligas internas tipicamente fortes que não puderam realizar-se este ano. No entanto, dada a escassez de treinos e competição de que todas as selecções serão vítimas, esta será a época para avaliar quem tem a melhor capacidade de adaptação a condições de preparação longe das ideais. O foco na preparação física dos atletas deverá constituir-se como o factor primordial, acompanhado pela capacidade de colocar em prática rotinas sólidas do ano passado, dado que o calendário obviamente não possibilita grandes inovações.

Liga dos Campeões em Portugal, também no futebol de praia!

Finalmente, 2 dias após a conclusão do campeonato europeu de selecções, chega a vez da maior prova europeia de clubes: os mesmos protagonistas viajam 50 km para sul, chegando à Nazaré, capital dos sonhos, onde a Euro Winners Cup se desenrolará nas suas duas vertentes, masculina e feminina. A prova será aberta a todos os clubes europeus, no entanto adivinha-se um evento bastante atípico, tendo em conta que a esmagadora maioria dos clubes ainda não entraram em actividade.

A calendarização da prova, entre 8 e 13 de Setembro, visa reduzir o número de viagens dos atletas europeus, que poderão transitar directamente de uma competição para a outra, mas exigirá em contrapartida um esforço titânico por parte dos mesmos, tendo em conta que poderão dispor de apenas 1 dia de descanso num total de 13 dias de prova ao mais alto nível. Neste ponto, as equipas que contem com executantes exteriores ao continente europeu poderão levar vantagem, mas também essa previsão surge minada pela incerteza em torno das viagens em tempo de pandemia, especialmente quando o Brasil e o Iráo, superpotências da modalidade, estão entre os países mais afectados pelo vírus da covid-19.

Para já, fica de fora da calendarização o mundialito, que muito provavelmente não se realizará este ano, apesar da vontade expressa por parte da BSWW. O anúncio oficial incluiu ainda a previsão da décima edição da Copa Intercontinental, no Dubai, e o adiamento do Mundial FIFA 2021, que se realizará em Moscovo, Rússia, mas entre 19 e 29 de Agosto. As qualificações ainda não estão agendadas, mas será certamente difícil atendendo à situaçáo crítica que se vive um pouco por todo o mundo. Há que aguardar o desenlace de toda esta odisseia em que a pandemia mergulhou o planeta, mas para já as notícias são animadoras: em breve voltaremos a ter futebol de praia nas areias europeias!

 

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS