Final da LBF: Sampaio a uma vitória de chegar ao título

Lucas PachecoAgosto 17, 20227min0

Final da LBF: Sampaio a uma vitória de chegar ao título

Lucas PachecoAgosto 17, 20227min0
A final da Liga de Basquetebol Feminino do Brasil está a um jogo do seu fim, e o Sampaio pode ser o novo campeão! Fica a saber o que se passa por lá

A Final da Liga de Basquete Feminino (LBF) brasileira mal começou e já se encaminha para sua conclusão. Após o Campeonato Sul-Americano de seleções (conquistado pelo Brasil, com um elenco formado por quatro jogadoras do Sampaio), que obrigou a uma parada na liga após as semi-finais, a Final teve início com as duas partidas iniciais disputadas em São Luís, nos domínios do Sampaio.

As anfitriãs terminaram na segunda colocação na fase regular e não encontraram dificuldade para superar Sport Recife e Santo André nas duas primeiras rodadas dos playoffs. As maranhenses chegaram na final com o status de favorita, uma vez que, do outro lado da chave, o Vera Cruz Campinas surpreendeu e eliminou o Sesi Araraquara, líder da fase de classificação. O Sampaio, a bem da verdade, sempre foi o grande favorito ao título, desde o momento em que anunciaram os primeiros reforços. Érika, Tainá Paixão, Alana, Patty, Jennifer O’Neill, Gabi Guimarães, Nádia, nomes de primeira linha no basquete brasileiro, aliados a um conjunto de jovens valores (Larissa, Jenyff Moura, Letícia Lopes, Giovana Carey). Para comandar esse esquadrão, o técnico Rodrigo Galego, estreante no feminino.

Uma das duas equipes do nordeste, o Sampaio estabeleceu-se como candidato permanente à liga, um projeto iniciado pela ex-jogadora Iziane (hoje gestora da equipe) nos idos de 2013. Colecionando dois títulos (nas edições de 2015-16 e 2019), o Sampaio queria o terceiro troféu da Liga. E, agora, está bem próximo de seu objetivo.

Na primeira partida da final da LBF, no último sábado, a equipe não brilhou e ainda assim saiu vitoriosa, pelo placar de 69 x 63. Seu adversário, o Vera Cruz Campinas (quarto lugar na fase regular) impôs muita resistência e controlou as ações até o último quarto. Com um elenco menos estrelado, a equipe do interior de São Paulo construiu ao longo da temporada uma identidade de jogo bem definida: jogo cadenciado, abusando de pick-and-roll no lado ofensivo e com uma defesa sufocante. Essas características fizeram com que o time desbancasse Blumenau nas quartas (2 jogos a 1) e o Sesi Araraquara na semi (2 jogos a 1).

Sabia-se previamente da ausência da pivô titular do Campinas: Licinara machucou-se ainda no segunda partida das semis. O duelo no garrafão delineava-se como fundamental na disputa pelo título; do outro lado, ninguém menos que Érika, extremamente dominante no ataque e explorada por quase todas as demais equipes na defesa. No Brasil, não há outra pivô capaz de impedir os pontos de Érika, razão pela qual se busca descontar no outro lado, forçando Érika a sair do garrafão. O Santo André tentou, sem resultado; o Campinas, na primeira partida, recorreu à mesma tática, com relativo sucesso.

A substituta de Licinara, Letícia Rodrigues, foi a cestinha de seu time (ao lado de Manu), com 16 pontos, além dos 8 rebotes. O técnico Alemão não esperava que ela também se machucasse; se não podemos vincular a derrota a essa contusão, o efeito viria no segundo confronto.

Tal como nas rodadas prévias dos playoffs da LBF, Campinas chegou com um plano de jogo excelente, ciente de suas fraquezas frente ao Sampaio e jogando dentro de suas características. A defesa, marca da equipe, restringiu o poderoso ataque maranhense a apenas 32% de arremessos de quadra, com impacto ainda maior nos arremessos de três – 10%. As campineiras tiraram o ritmo do Sampaio, que se safou devido a dois fatores: o absurdo domínio nas tábuas (62 rebotes contra 42 de Campinas), que geraram muitas segundas chances (80 arremessos do Sampaio contra 64 de Campinas), e pela presença da craque Tainá Paixão. Com o jogo apertado, e sem bons rendimentos de suas companheiras, ela chamou o jogo para si (tal qual fez pela seleção no Sul-Americano), terminando com 28 pontos, 7 rebotes e 3 assistências.

Pesou contra Campinas, como já dito, a contusão de Letícia, que desde o terceiro quarto movimentava-se com dificuldade. Sem reposição de pivô, ela permaneceu em quadra. Ademais, o time sentiu os efeitos da forte defesa e intensidade e pareceu cansado no quarto final – sem contar o calor de São Luís, fator em si importante.

A diferença de 6 pontos foi construída toda no último quarto, vencido pelo Sampaio por 19 x 13. Uma pena para Campinas, com uma estratégia tão bem montada, bem executada e que por pouco não conquistou a vitória. Mais sentido ainda se olharmos para o jogo 2 da Final, nova vitória do Sampaio, por larga margem, 80 x 57, disputado na segunda-feira. O intervalo de dois dias entre os jogos mostrou que Campinas precisaria subir uma montanha para voltar para casa (e para o jogo 3) com uma vitória na mala; as notícias chegaram rápido sobre as contusões de Letícia, guerreira no jogo inaugural, e desfalque dali em diante.

Sem suas duas pivôs, o técnico Alemão recorreu à jovem Adrielly (20 anos), que fez um bom trabalho enquanto permaneceu em quadra. O time paulista repetiu a estratégia de jogo, mas desta vez o Sampaio estava mais ligado, principalmente na defesa. Mesmo pouco inspirado no ataque, o time da casa abriu 6 pontos no intervalo, graças ao bloqueio imposto ao ataque de Campinas.

Parecia pequena a diferença, dada a ineficiência de Campinas em pontuar (a essa altura, o time cuidava muito bem da bola e impedia a aceleração do Sampaio – apenas 4 turnovers no primeiro tempo). O Vera Cruz ainda conseguiu encostar na volta do intervalo e no meio do terceiro período, o placar mostrava um time desfalcado em empate com seu estrelado rival, sem nenhum desfalque. Dali em diante, porém, o Sampaio encaixou seu jogo e passou a pontuar em profusão.

Lee Lisboa, zerada até então nas Finais, converteu sua tradicional bola de três; Gabi Guimarães repetiu seu aproveitamento exuberante (77%, com 7/9); Érika atingiu seu duplo-duplo (12 pontos e 17 rebotes); e O’neill brilhou, com 18 pontos, 5 assistências e 4 roubos. Nem sequer a atuação tímida de Tainá e os 24 erros impediram a segunda vitória do Sampaio na Final da LBF.

Difícil imaginar algo que o Campinas não tenha tentado, principalmente desfalcado em uma posição chave no duelo. É crucial reduzir a perda nos rebotes (no segundo jogo, 58 para o Sampaio contra 30 de Campinas), mas o elenco carece de mais opções para essa função (Iza Sangalli e Manu têm se esforçado na marcação de Érika e Gabi). Porém, talvez o grande fator de mudança seja no ataque campineiro. Em momentos do segundo jogo, a equipe simplesmente parava de pontuar e em uma dessas sequências, ao final do terceiro quarto, o Sampaio abriu.

A tarefa do Vera Cruz é hercúlea. Para vencer a LBF, é necessário vencer as três partidas restantes, sendo duas em casa e o eventual jogo-desempate novamente sob o calor de São Luís. Todas as fichas pesam a favor do Sampaio, na iminência de faturar seu terceiro título (o segundo sobre o Campinas). Saberemos no próximo sábado, dia 20, às 11h de Brasília, quem sai vitorioso: se o Vera Cruz Campinas adia a decisão e prolonga a edição atual da LBF; ou se, confirmando as expectativas, o Sampaio celebra o título na casa das adversárias.


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