Eurobasket 2023 definido: grupos e duelos

Lucas PachecoFevereiro 16, 20238min0

Eurobasket 2023 definido: grupos e duelos

Lucas PachecoFevereiro 16, 20238min0
O Eurobasket já tem todas as suas selecções apuradas e Lucas Pacheco olha para o que as "sortes" ditaram para o torneio de basquetebol

A interrupção nas competições continentais de clubes, ocorrida no início deste mês, teve uma ótima razão: a disputa das últimas duas rodadas das qualificatórias para o Eurobasket, torneio europeu de seleções. A janela Fiba reuniu 36 seleções para definir quem avançaria à principal competição da Europa.

O Eurobasket, etapa obrigatória rumo às Olimpíadas de Paris, será co-sediado na Eslovênia e em Israel, de 15 a 25 de junho, com as anfitriãs previamente classificadas. Restavam 14 vagas abertas, agora devidamente ocupadas por Bélgica, Alemanha, França, Espanha, Hungria, Turquia, Sérvia, Montenegro, Grécia, Grã-Bretanha, Itália, Eslováquia, Tchéquia e Letônia. Em relação à edição de 2021, houve cinco alterações nas equipes, com Bósnia, Croácia, Suécia, Belarus e Rússia ficando pelo caminho. As duas últimas seleções sequer disputaram as qualificatórias, por conta das sanções impostas pela Fiba.

Afinal, como foram as últimas rodadas?

Grupo A

Forte, o grupo tinha a Bélgica como favorita, com Bósnia-Herzegovina e Alemanha em busca da segunda vaga. As belgas superaram a derrota na estreia e conquistaram cinco vitórias consecutivas, inclusive nas duas partidas finais. Sem surpresas, a geração comandada pela pivô Emma Meesseman soube controlar saídas pontuais no núcleo vitorioso (como as irmãs Mestdagh) e a reposição com uma nova leva de jogadoras, cada vez mais integrada às veteranas.

Na luta pela outra vaga, a Bósnia manteve-se na luta enquanto a pivô naturalizada Jonquel Jones esteve em quadra. Sob sua liderança, a seleção venceu a Bélgica na abertura; sem Jonquel, ausente nas quatro rodadas seguintes, o time despencou e acumulou derrotas – com larga vantagem contra as seleções classificadas e perdendo até mesmo para o saco de pancadas do grupo, Macedônia do Norte. Além de Jonquel, a segunda melhor jogadora do país (Marica Gajic) segue fora de quadra; sem a dupla, a Bósnia despenca de potência (presente em Mundial e Olimpíada) para figurante.

Quem herdou a segunda vaga, obtida graças aos placares elásticos das rodadas finais, foi a Alemanha, dirigida pelo técnico Walter Hopkins (ex-New York Liberty). As alemãs bateram na trave nos torneios anteriores, mas enfim a alquimia entre as mais experientes e as mais jovens surtiu efeito. Não à toa, a classificação veio no melhor momento da carreira de Leonie Fiebich (23 anos). Em grande fase em seu clube, Fiebich estendeu seu apogeu à seleção: na partida final, ela anotou 30 pontos, 7 rebotes e 4 assistências. A seleção chegará ao Eurobasket com expectativas, porém sem pressão, agregando gerações e com um padrão tático consolidado. Se Satou Sabally jogar, a seleção sobe alguns degraus e pode surpreender.

Grupo B

Com campanha muito similar à da Bélgica, a França estreou nas qualificatórias com derrota para a Ucrânia, seguida de cinco vitórias e a classificação sem grande dificuldade. As francesas encorpam uma equipe jovem, que perdeu as referências no garrafão e busca alternativas para os próximos anos. Houve, ainda mudança no comando técnico, com Jean Aime Toupane experimentando um estilo menos rígido e mais atlético. Aos poucos, a situação dessa potência na modalidade parece se estabilizar e a equipe surge, desde já, como uma das principais favoritas ao título continental. Veremos se, em 2023, a sina do vice-campeonato chega ao fim (cinco pratas nas últimas cinco edições).

Ucrânia e Lituânia disputaram a segunda colocação do início ao fim, sendo decisiva paraa eliminação ucraniana a derrota sofrida para as lituanas. Não será desta vez que veremos a joia Juste Jocyte (ala lituana de 17 anos) no principal palco europeu e, por outro lado, tampouco a explosiva ala ucraniana Alina Iagupova (médias de 25,5 pontos, 5,5 rebotes e 5,5 assistências por jogo) estará presente. A Ucrânia, ao vencer o clássico no jogo final por 71 x 65, assegurou o segundo lugar do grupo, sem saldo suficiente para se colocar como uma das quatro melhores segundas colocadas.

Grupo C

A Espanha navegou com facilidade no grupo e manteve-se invicta, com 6 vitórias. Miguel Mendez teve o privilégio de experimentar diversas novatas e até mesmo de homenagear jogadoras mais velhas que tiveram poucas oportunidades na seleção. Outro conjunto que realiza com sucesso a troca de suas referências, sem perder qualidade e colocando-se como favorita ao título do Eurobasket.

A Hungria cumpriu o esperado, com duas derrotas para as espanholas e 4 vitórias largas sobre Romênia e Islândia. A disparidade dentro do grupo beneficiou as húngaras no critério de desempate, uma vez que carregou o amplo saldo. No grupo B, por exemplo, Ucrânia disputava a segunda posição contra uma seleção forte como a lituana, enquanto as húngaras não tinham com que se preocupar. Resta analisar as chances no Eurobasket; um quadro coeso, sem se ressente de uma pontuadora dinâmica. Para piorar, a pivô Bernardett Hatar segue fora de quadra – sem seu retorno, as chances húngaras diminuem consideravelmente.

Grupo D

A Polônia foi outra seleção a sofrer com o equilíbrio de seu grupo e desclassificar-se por conta do saldo de pontos. As polonesas cumpriram com êxito as duas rodadas finais, com vitória sobre a até então invicta Turquia (restringindo os toques da pivô naturalizada turca Teaira McCowan), por 76 x 72, e sobre as eslovenas, fora de casa, por 65 x 58. Tal qual o clube Polkowice na Euroliga, a seleção executou um basquete coletivo com muita defesa e movimentação de bola; sem talentos individuais acima da média, a seleção venceu a partir do coletivo, distribuindo os pontos.

Não foi suficiente, entretanto. A Turquia, na primeira posição do grupo com 5 vitórias e 1 derrota, avançou, assim como a Eslovênia, apesar do terceiro lugar no grupo. Uma das anfitriãs do Eurobasket, previamente classificada, a Eslovênia luta contra o tempo para adquirir um padrão tático capaz de elevar o nível da equipe. Nas qualificatórias, nem a presença de Eva Lisec e Teja Oblak catapultaram o desempenho. Jogando em casa, com apoio da torcida, as chances aumentam, embora a impressão não tenha sido positiva.

Grupos E e F

Absolutamente tudo nestes grupos ocorreu conforme esperado. No grupo E, a Sérvia confirmou seu amplo favoritismo e classificou-se invicta. A aposentadoria de Sonja Vasic e Jelena Brooks da seleção não atrapalhou o padrão tático proposto pela técnica Marina Maljkovic; ao contrário, deu oportunidade para outras jogadoras despontarem (Jovana Nogic teve exibição de gala na penúltima rodada contra a Croácia, com 21 pontos e 10 rebotes). As sérvias defenderão o título e buscarão o bi-campeonato seguido do Eurobasket.

No F, a disputa era menos acirrada e Montenegro não teve nenhum empecilho rumo à liderança e à classificação para mais um Eurobasket.

Grupo G

Todos torcíamos pela vaga de Portugal, que abriu a janela com vitória sobre a invicta Grécia por 66 x 60. Maria Bettencourt Correia fez quase metade dos pontos totais da seleção (32) e, ajudada por uma defesa sufocante, levou Portugal ao último jogo, confronto direto contra a Grã-Bretanha. Quem vencesse praticamente carimbaria a vaga e as portuguesas iniciaram muito bem a partida. Após vencer o primeiro quarto e levar o placar equilibrado até metade do segundo, o ânimo despencou quando a diferença aumentou.

A Grã-Bretanha, com mais armas ofensivas e talentos individuais, achou maneiras de pontuar e faturou a vaga com a vitória por 78 x 48. Outra seleção classificada pelo saldo, compensando a inesperada derrota sofrida perante a Estônia, ainda nas rodadas iniciais. Faltou pouco para a sonhada vaga portuguesa.

Grupo H

Mais um grupo sem surpresas: a Itália terminou com 6 vitórias e, devido à grande disparidade com as duas seleções restantes (Luxemburgo e Suíça), a Eslováquia também avançou para o Eurobasket por conta do saldo de pontos. Um pouco de sorte não faz mal a ninguém…

Grupos I e J

Além da tradição, a Tchéquia conta com uma boa seleção, entrosada. A disputa no grupo I reduzia-se aos dois duelos contra a Holanda. Ao chegar a rodada final, as tchecas somavam uma vitória contra as holandesas, bastando repetir o resultado para avançar. Sem a pivô Emese Hof, principal pontuadora, a Holanda não teve força e amargará mais uma ausência no Eurobasket.

Não se pode falar que o grupo J era fraco. A Suécia vinha crescendo no âmbito internacional, desempenho não repetido nas qualificatórias. Ainda que tenha quebrado o recorde de público na última rodade, a seleção somou 4 derrotas e a desclassificação. A Letônia cumpriu trajetória oposta: após ficar de fora da última edição, as letãs passaram com tranquilidade pelo grupo e com 4 vitórias, avançaram de forma invicta.

Israel já estava classificado, como sede, e ainda assim demonstrou evolução ao derrotar as suecas em duas oportunidades.


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