Destino final: Eurobasket – o que falta, quem já está lá e as estrelas

Lucas PachecoDezembro 1, 20226min0

Destino final: Eurobasket – o que falta, quem já está lá e as estrelas

Lucas PachecoDezembro 1, 20226min0
Estamos a 8 meses do Eurobasket 2023 e várias selecções já confirmaram o apuramento e Lucas Pacheco conta quem ainda está por se apurar

Os torneios de clubes europeus sofreram uma pausa na semana passada, por conta das qualificatórias para o Eurobasket feminino. A competição contará com 16 seleções e será sediada na Eslovênia e em Israel durante o mês de junho de 2023. Porém, antes do grande evento, é necessário conquistar a classificação – a interrupção das ligas locais e continentais deu lugar para duas rodadas das qualificatórias.

A Europa é o continente com maior volume de seleções participantes, o que obriga à divisão das 36 candidatas em 10 grupos. Com as duas primeiras rodadas disputadas em novembro de 2021, chegara a hora de novos confrontos. Dentro de cada grupo, as seleções enfrentam-se em turno e returno, com as partidas finais (e decisivas) agendadas para fevereiro de 2023.

Classificadas com antecipação

Para Espanha, Itália e Letônia, a última semana foi de festa. Sem derrotas em seus grupos, as três seleções juntaram-se às anfitriãs e carimbaram vaga no Eurobasket. A Espanha passa por renovação em seu plantel e, após ficar fora do Mundial, demonstrou todo o potencial da geração que assume a seleção.

A classificação veio após a segunda vitória sobre a principal concorrente no grupo C, a Hungria. Se em novembro de 2021, o triunfo foi apertado, por apenas 4 pontos (62 x 66), nesta semana o técnico Miguel Mendez conseguiu maior entrosamento de seu grupo e contou com atuação exuberante da pivô Astou Ndour-Fall: 21 pontos (72%), 6 rebotes, 2 roubos e 3 tocos. A pivô exerceu a função da experiência na vitória por 77 x 66, dando suporte a um núcleo jovem, como a armadora Maite Cazorla, a ala Maria Conde e as ala-pivô Raquel Carrera. Com mais tempo de treino, a seleção espanhola tem todas as condições de retomar seu lugar no topo do continente.

A Itália precisou de menos esforço, uma vez que o grupo H é menos equilibrado. A campanha invicta assegurou um lugar no Eurobasket, deixando Eslováquia, Luxemburgo e Suiça na disputa pelo segundo lugar do grupo. Esperava-se mais dificuldade para a Letônia no grupo J, com Israel e Suécia; porém, a aposentadoria da seleção das irmãs Eldebrink pesou contra as escandinavas. A armadora Klara Lundquist desempenhou bem, porém insuficiente para desafiar as letãs.

Restam, assim, 7 grupos indefinidos, cujas seleções campeãs obtem a vaga. Além das 4 melhores segundas colocadas.

Allez les bleus

A França passou por mudança no comando técnico após a Olimpíada, troca que repercutiu nas duas primeiras rodadas das qualificatórias. Talvez o resultado mais surpreendente das qualificatórias até aqui tenha sido a derrota francesa para a Ucrânia, logo na estreia, por 90 x 71. O resultado gerou burburinho e desconfiança em relação ao técnico Jean Aime Toupane.

Nesta última semana, a seleção francesa comprovou sua força e deu o troco em grande estilo, com direito a placar centenário. A vitória por 109 x 88 evidenciou a potência francesa, capaz de renovar sua seleção continuamente. Sem Sandrine Gruda, sem Endime Myiem, sem Gabby Williams; com as novatas Dominique Malonga (17 anos), Janelle Salaun (21 anos), Pauline Astier (20 anos) somando-se a um núcleo jovem, porém experiente – Marine Fauthoux, Alexia Chartereau, Marine Johannes.

É impressionante a máquina francesa de formar jogadoras e Toupane, com a proposta de renovação, conseguiu dar importante passo rumo ao entrosamento e à formação de uma seleção coesa. A classificação ainda não veio, mas está logo ali; na próxima janela de seleções, em fevereiro, a França deve confirmar seu favoritismo e avançar para o Eurobasket.

Estrangeiras nativas

Não é de hoje que as seleções recorrem a naturalizações para se fortalecer, com a parcimônia da FIBA. Jonquel Jones elevou uma seleção mediana às principais competições mundiais e sua ausência nos dois últimos jogos foi enormemente sentida pela Bósnia-Herzegovina. Em um grupo forte, com Bélgica, Alemanha e Macedônia do Norte, a Bósnia sofreu duas derrotas acachapantes: 58 x 97 para as alemãs e 60 x 100 para as belgas. A campanha invicta com Jonquel no elenco evaporou e a seleção caiu para a terceira posição do grupo A.

Engana-se, entretanto, quem pensa que a federação bósnia sentou e lamentou a ausência de sua estrela. Para o lugar de Jonquel, chegou outra norte-americana naturalizada, a ala-pivô Courtney Hurt. Apesar do bom desempenho individual (16 pontos e 6,5 rebotes de média nas duas partidas), nada que chegue perto da ex-MVP da WNBA.

Outra seleção favorecida pela leniência da federação internacional é a Turquia, cujos planteis tradicionalmente contam com uma ou duas norte-americanas naturalizadas. Na escolha recente, a Turquia acertou em cheio: a pivô Teaira McCowan obteve médias surreais de 27 pontos e 13 rebotes na última semana, nas vitórias sobre a Albânia (140 x 44) e na apertada vitória sobre a Eslovênia (80 x 74). Com o reforço de McCowan, a Turquia praticamente selou sua vaga para o Eurobasket.

Jovens estrelas

Ao falar da França, citamos a pivô de 17 anos Dominique Malonga, na sua primeira convocação para a seleção adulta. Ela nãoa é a única estrela precoce do continente e, a bem da verdade, quase todas as seleções contam com jovens talentosas. A seleção russa acabou banidas das competições internacionais, o que nos tirou a possibilidade de ver a ala-pivô Kozu.

Companheira de Malonga no francês Lyon, a lituana Juste Jocyte já assumiu a titularidade da seleção com 17 anos. A Lituânia briga com a Ucrânia pelo segundo lugar do grupo B e conta com Jocyte para garantir a classificação na segunda posição. Nos torneios de base, ela sempre brilhou e espera-se que continue sua ascensão no adulto. O aperitivo da última semana deixou a todos com gosto de ‘quero mais’.

Por fim, a esperança é a última que morre

No grupo G, a Grécia segue invicta e deve conquistar a vaga na próxima janela. Na luta pelo segundo lugar do grupo, briga de foice entre Portugal, Grã-Bretanha e Estônia. Para as portuguesas, a derrota na prorrogação para as bretãs (69 x 76) doeu demais, uma vez que obriga a duas vitórias em fevereiro. O problema são as adversárias: primeiro, contra as invictas gregas e na última rodada, novo confronto contra a Grã-Bretanha, fora de casa.

É vencer ambos os jogos ou dizer adeus ao Eurobasket. A boa notícia é o desempenho da seleção, que vem evoluindo e disputando de igual para igual contra seleções mais tradicionais.


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