Draft WNBA 2023: quem são as atletas mais valiosas

Lucas PachecoAbril 7, 20239min0

Draft WNBA 2023: quem são as atletas mais valiosas

Lucas PachecoAbril 7, 20239min0
Lucas Pacheco diz quem são as atletas a ter debaixo de olho no próximo draft WNBA, com vários destaques a merecerem menção

O torneio nacional universitário de basquete feminino coroou a universidade de Louisiana State, campeã após despachar Iowa, da estrela em ascensão Caitlin Clark, na finalíssima. Angel Reese liderou sua equipe e deve ser uma escolha de loteria no draft WNBA em 2024. Quem se habilitou para o draft deste ano foi a armadora Alexis Morris, companheira de Reese e tão fundamental no inédito título quanto a pivô.

Morris esgotou sua carreira universitária no auge e sua trajetória exemplifica a tendência atual de prolongar a estadia nas universidades. A possibilidade de acordos financeiros com as atletas-estudantes, condições logísticas melhores, possibilidade de incrementar aspectos individuais do jogo, além da oferta de 1 ano extra por conta da pandemia: fatores que mudaram a dinâmica da passagem do nível universitário para o profissional.

A classe deste ano disponível para o draft, agendado para a próxima segunda-feira, 10 de abril, sofreu diversas baixas e enfraqueceu o evento. Sobraram duas jogadoras acima da média na classe, a dominante pivô egressa de South Carolina, Aliyah Boston, e a ala/forward de Maryland, Diamond Miller. Quase consensual, nas previsões do draft, as respectivas escolhas 1 e 2; daí em diante, as incertezas, características de qualquer draft, intensificaram-se.

Cada uma das 12 franquias da WNBA buscará qualidades específicas, enquadráveis no contexto tático e técnico de cada elenco. Como estamos na iminência do draft, irei brincar com as escolhas, elencando abaixo a primeira rodada (12 primeiras escolhas). 5 franquias não possuem escolha nessa rodada e a WNBA passa por uma entre-safra, com uma geração de ídolas aposentadas. Por essa razão, na edição de 2023, há claras favoritas ao título, enquanto as demais 8, 9 franquias buscam se organizar para o futuro. Das 7 equipes detentoras de escolha, apenas Washington chegou à pós-temporada em 2022 com sonho de título.

Há muitas lacunas a preencher na maioria dos elencos e esta temporada será um teste de fogo para aquelas ingressantes com sonho de construir uma carreira profissional longeva. Dito isso, por mais que tenha procurado ajustes específicos, a minha ordem seguiu a lógica da melhor jogadora disponível. A seguir, descrevo um pouco de cada escolha.

Foto: NCAA

1) Indiana Fever

Finalmente a sorte sorriu para Indiana, que obteve a primeira escolha de forma inédita na sua história. Um elenco novo, com técnica nova, cujos pilares são segundo-anistas, e que poderia ir em qualquer direção caso Aliyah Boston não estivesse disponível. Após confirmar sua presença, a pivô cavou seu lugar em Indiana e torna-se peça-chave na reconstrução da franquia.

Boston foi tão dominante no universitário que atraía de 3 a 4 defensoras em toda posse de bola. Sem espaço para trabalhar, ela desenvolveu ainda mais aspectos secundários em seu arsenal, como o passe e a visão de quadra. Com o espaçamento da WNBA, Boston enfim poderá demonstrar seu potencial, liderando uma equipe rumo a um futuro mais iluminado. A pivô é uma defensora de elite e tem todos os atributos para suceder a recém-aposentada Sylvia Fowles como a pivô mais dominante da WNBA por um bom tempo.

2) Minnesota Lynx

Cheryl Reeve pertence a rol das melhores técnicas da história da liga, mas vem falhando nos últimos anos em construir um plantel coeso. Em 2023, ela saiu da função de GM e focará no comando técnico; embora seja difícil imaginar o Lynx brigando por título, ela contará com uma ala extremamente atlética e talentosa para o futuro: Diamond Miller.

Miller brilhou na passagem pela universidade de Maryland, seja em papel secundário, seja como líder. Sua pontuação cresceu e, se voltar a um aproveitamento de três próximo aos 35%, terá vida longa em Minnesota. Reeve valora a defesa individual, área em que Miller brilha. Escolha indubitável: apesar do elenco precisar urgentemente de uma armadora de ofício, a lacuna deve ser preenchida no volumoso draft de 2024.

Foto: NCAA

3) Dallas Wings

O Dallas é o time do futuro há uns bons 5 anos, ao menos. Difícil dizer se as previsões enfim se concretizarão, uma vez que os problemas na gestão (GM e presidência) permanecem. A franquia trouxe uma técnica nova que terá a árdua missão de concatenar talentos individuais incontestáveis com um padrão tático coletivo eficiente. Torna ainda mais nebulosos os palpites o fato de Dallas ter 3 escolhas apenas na primeira rodada – bem como as dúvidas suscitadas se tentarão uma troca.

Para um plantel em busca de consolidação, eu escolheria a melhor jogadora all around disponível. Haley Jones surgiu em Stanford como uma ala-pivô extremamente inteligente e e, seu segundo ano foi a estrela do time campeão da NCAA. Aos poucos, entretanto, ela se deslocou cada vez mais para a armação, criando dúvidas quanto à tradução de suas habilidades para um jogo mais físico e mais atlético. Jones não desenvolveu chute de longa distância e sua defesa no perímetro deixa pulgas atrás da orelha.

Não se enganem: Jones tem um QI de basquete (muito) acima da média e pode exercer funções em quadra raras para seu tamanho. Em um elenco desequilibrado (boas atacantes não defendem bem, boas defensoras não são pontuadoras de elite), Jones pode preencher as lacunas coletivas e ir, aos poucos, se desenvolvendo e se afirmando na WNBA, tal qual fez em Stanford.

4) Washington Mystics

Um elenco cascudo que carece de profundidade. A saúde de Elena Delle Donne será decisiva nas pretensões da franquia; enquanto isso, a proposta de muita defesa, intensidade e movimentação coletiva conduzem à escolha da ala/ala-armadora de Tennessee, Jordan Horston. Mesmo em um contexto de muitas mudanças, Horston cresceu durante a universidade e possui atributos atléticos não-ensináveis.

Como em todas as escolhas desta classe, a partir da posição 3, as expectativas caminham junto com os receios. Horston precisará expandir seu range para além da média-distância, assim como se deparará com atacantes mais móveis – nada que a explosiva ala não possa fazer. Sua capacidade de atuar no pick-and-roll e produzir lances livres devido à agressividade são incontestes e incomparáveis nesta classe. Nada mal para quem deverá ocupar de coadjuvante em um elenco rodado e bem orquestrado.

5) Dallas Wings

Se o time mantiver a escolha, nada mais atrativo que selecionar a maior pontuadora da temporada universitária. Maddy Siegrist tem bom chute, posiciona-se muito bem e não desperdiça a bola. Sua defesa será testada, assim como ela precisará inovar na seleção de arremessos. Vale a aposta.

6) Atlanta Dream

Outra franquia com a cabeça em 2024 e que deve usar a temporada de 2023 para encorpar o elenco e produzir peças ao redor de Rhyne Howard e Allisha Gray, sem perspectiva de vitória imediata. Basicamente em todas as posições o time precisa de reforço e, dentre opções de risco, eu confiaria na defesa da canadense Laeticia Amihere, capaz de defender todas as posições em quadra.

O time forja sua identidade pela pegada e pela defesa, assim como a universidade de South Carolina, de onde Amihere provem. Mesmo que o lado ofensivo pese contrário, a temporada será de rodagem e testes; e levemos em conta que, até hoje, Amihere sempre se deparou contra defesas focadas no garrafão. Ela pode atacar linhas de infiltração com extrema facilidade, ajudada pela gravidade de Howard e Gray.

7) Indiana Fever

Já que o time precisa de coesão, que tal adicionar outra estrela de South Carolina a um elenco com Destanni Henderson e (provavelmente) Aliyah Boston? O bonde pode trazer identidade a um grupo ainda desconexo e Zia Cooke vem de sua melhor temporada universitária. Ela tem os atributos para disputar um lugar no elenco e não podemos desconsiderar o entrosamento fora de quadra.

8) Atlanta Dream

O prospecto brasileiro Stephanie Soares gera muita dúvida, em função de ter gastado 3 anos em uma liga universitária bem inferior. Por outro lado, o espaçamento gerado, sua inteligência e altruísmo alvoroçam alguns analistas. Tamanho não se ensina e Stephanie sabe usar sua altura para bloquear arremessos. Enquanto se recupera de lesão, que deve afastá-la das quadras, neste ano, o Atlanta pode apostar essa ficha no futuro, para uma posição carente no elenco.

Foto: NCAA

9) Seattle Storm

Alexis Morris conduziu LSU ao título da NCAA, demonstrando ótimo controle de bola (handler), excelente jogo de pick-and-roll, e consistência. Para um Seattle que deve girar em torno da ala Jewell Loyd, e que sonha com escolhas altas no draft seguinte, Morris é a melhor armadora disponível nesta altura.

10) Los Angeles Sparks

Ashley Joens tem como marca registrada a excelência nos chutes de três. Seu desempenho universitário manteve-se constante e em uma posição carente (wing), para um elenco na etapa 1 da reconstrução, Joens pode sonhar com um lugar na liga.

11) Dallas Wings

A essa altura, caso não ache uma troca, o elenco estará quase completo e a jogadora escolhida precisará suar para cavar um lugar definitivo. Eu optaria por uma ala capaz de assumir a pontuação quando Arike Ogunbowale descansasse e iria com Keishana Washington, da universidade de Drexel.

12) Minnesota Lynx

Como dito na escolha 2, o Lynx precisa de uma armadora e Grace Berger possui similaridades com o padrão desejado pela exigente Reeve. Depois de um ano na universidade de Indiana em que atuou como armadora principal, Berger demonstrou capacidade de liderar e organizar um time de elite. Ao lado de pontuadoras como Kayla McBride e Napheesa Collier, Berger não terá responsabilidade ofensiva e sua eficiência na média distância pode florescer no contexto certo.


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